Cidades
Integração não agrada passageiros
Criado para desafogar terminais à beira da superlotação, o cartão de integração temporal não caiu no agrado dos usuários do transporte público por conta da burocracia. Apenas 3,6% das 800 mil pessoas que utilizam o serviço todos os dias estão cadastradas no sistema - que oferece aos passageiros a chance de utilizar duas linhas, pagando apenas uma passagem (tarifa de R$ 2,25), em qualquer ponto fora dos 20 terminais da região metropolitana de Goiânia.
O serviço foi lançado em outubro de 2009, com a meta de atingir pelo menos metade dos usuários do sistema - ou 400 mil pessoas - em pouco mais de quatro meses. A ideia era fazer com que 97 mil passageiros - principalmente, dos terminais da Praça da Bíblia e da Praça A, cuja estrutura não comporta mais a demanda de cerca de 70 mil usuários ao dia - não circulassem pelas plataformas. Cinco meses depois, porém, apenas 29.539 aderiram ao sistema.
A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) e o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (Setransp) reconhecem que a falta de informações e de divulgação do cartão são os principais problemas para a adesão mínima. Os usuários do sistema afirmam que a dificuldade para a não adesão ao sistema está no excesso de documentos exigidos e no dinheiro gasto para o acesso.
Hoje, o interessado precisa preencher um cadastro com os dados pessoais, adquirido em terminais do sistema metropolitana de transporte, e depois levá-lo com cópia da identidade e duas fotos 3x4 a uma agência dos Correios. Embora o serviço de confecção seja gratuito, as exigências de fotos e fotocópias, além da ida dos Correio, geram ao usuário gastos de cerca de R$ 15. "Isso me desmotivou a fazer o cartão", diz o funcionário público Wanderlan de Oliveira, de 36 anos.
Se não bastassem as exigências, o usuário tem de esperar cerca de 15 dias até que o cartão seja entregue no endereço de sua escolha para fazer as integrações fora dos terminais. Em capitais que utilizam o sistema semelhante ao de Goiânia, como Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP), a emissão de cartões demora 2 horas.
Encontrar nos terminais da região metropolitana os formulários para aderir ao sistema também é uma missão quase impossível. A reportagem do POPULAR visitou três terminais no fim da tarde de ontem e em nenhum encontrou as folhas. Nos terminais Isidória, Praça da Bíblia e da Praça A os funcionários informavam que os últimos formulários chegaram aos balcões das plataformas há um mês e informavam a possibilidade de se usar a internet para inscrição.
Reclamação
Parte dos usuários consultados diz que a adesão ao sistema até diminuiria o tempo de viagem, mas que a tarefa é muito complicada. A diarista Maria de Fátima Conceição, de 39 anos, sai do Condomínio Aldeia do Vale, rumo ao Terminal da Praça da Bíblia para pegar a linha 263 e chegar em casa, no Conjunto Itatiaia. "Com o cartão nas mãos, eu poderia sair do trabalho, descer na 5ª Avenida e pegar o 263, sem passar pela terminal. Mas eu nunca achei um formulário."
Já a empregada doméstica Josilene Irene de Moura calcula redução de cerca de 50 minutos no seu trajeto diário de 2h20 do seu trabalho, no Condomínio Portal do Sol, rumo à sua casa, no Conjunto Estrela d’Alva. "Eu poderia descer no Centro e não ter de passar pelo Terminal Padre Pelágio. Até tentei fazer o cartão. Mas acabei desistindo porque eles exigem muitas coisas. Não tenho tempo nem acesso à internet", reclama.
O carteiro Lauro César de Oliveira, de 29 anos, diz que nunca soube da existência de um cartão que encurtasse a sua viagem diária de 55 minutos do Padre Pelágio até o Setor Vila Nova. "Não sabia que poderia fazer a integração fora do terminal. Nunca fui informado", reclamava.
Mesmo quem tem o cartão não está satisfeito. A funcionária pública Kawanne Samia Barros, de 27, diz que cartão não funciona para a sua rota diária, do Parque Amazônia para o Conjunto Caiçara, pela linha 020. "Tenho de passar pelos terminais Isidória e Praça da Bíblia. O cartão só me serve aos fins de semana, quando consigo pular apenas um dos terminais", explica.
O Ministério Público (MP) estadual diz que as reivindicações dos usuários sobre o sistema são comuns e foram apresentados aos órgãos responsáveis. "A ideia é aumentar o número de viagens de duas para três. Assim, quem pega três ônibus poderá ser contemplado", diz o promotor de Defesa do Consumidor Érico de Paiva.
Comentários do João
O tranporte coletivo de Goiânia, principalmente, nos horários de pico, é de uma crueldade para com o povo, que só um governo cego não consegue enxergar a humilhação pela qual faz passar milhares de seres humanos, diariamente tratados como gado e carregados como mercadoria barata pela cidade. Quando as pessoas vão ao trabalho e já chegam cansadas; ou quando querem ir para casa, exaustas, depois de um dia de trabalho, ainda precisam sofrer todo tipo de problemas: demora dos ônibus, falta de sitpass, motoristas nervosos e mal preparados, ônibus lotados, músicas idiotas no sistema de som e até os chatos que resolvem "pregar" dentro dos terminais e dos veículos. É muito para qualquer cabeça, por isso, as pessoas estão cada vez mais irritadiças.
O prefeito de Goiânia, Íris Rezende Machado, está investindo pesado para mostrar que a cidade é a melhor do mundo em tudo, mas sequer cumpriu a promessa de resolver o problema do tranporte coletivo em 6 meses e, agora, para piorar, quando chove, são várias as ruas e avenidas alagadas. Até a trincheira da antiga Praça do Ratinho, vira um lago, impossibilitando o tráfego e atrasando ainda mais os já demorados ônibus que circulam na região.
É, o eleitor de Goiânia vai mesmo pensar mil vezes antes de votar em quem o faz padecer com esse caótico transporte coletivo.
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