quinta-feira, 11 de março de 2010

O Popular

Cidades

Pista da GO-164 cedeu após rompimento do bueiro metálico: desvio de 150 quilômetros
Seis bueiros romperam desde 2004
Caso mais recente foi na GO-164, que teve pista interrompida durante chuva na 2ª-feira

Carla Borges

Falhas na manutenção, no dimensionamento dos projetos, excesso de desmatamento e de chuvas estão entre as possíveis causas de comprometimento de bueiros metálicos que, em seis anos, levaram à interdição de seis rodovias em Goiás, causando prejuízos, transtornos e até mortes. O último caso ocorreu na tarde de terça-feira, na GO-164, entre São Luís de Montes Belos e Sanclerlândia, no Mato Grosso Goiano. Com a interdição, os motoristas estão precisando fazer desvios de até 150 quilômetros.

Especialistas ouvidos pelo POPULAR apontaram uma série de fatores que podem estar entre as causas que provocaram danos em bueiros de metal, também chamados ármicos. “Pode ser falta de manutenção e também subdimensionamento do sistema de drenagem”, avalia a engenheira civil Lilian Ribeiro de Rezende, professora da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Destacando que a causa específica de cada problema só pode ser apontada por vistoria técnica, a professora pondera que as condições climáticas e o desmatamento excessivo de encostas e fundos de vale também devem ter contribuído. “O engenheiro faz projeções de vazão, estimativas que às vezes podem dar errado”, observa. “O clima também contribui”, alerta.

A também engenheira civil Gláucia da Fonseca Ferreira tem opinião semelhante. “Às vezes, a obra é dimensionada para um local que depois é totalmente modificado, por desmatamento promovido pelos fazendeiros ou por alteração do perfil da região”, explica. Um exemplo dessa segunda situação é a região de Goianésia, onde várias usinas de álcool foram ou estão sendo instaladas, o que aumenta consideravelmente o fluxo de veículos, inclusive pesados, em rodovias que foram planejadas para receber um contingente bem menor.

Investimento

O gerente de Operações e Manutenção da Agetop, José Gonzaga de Souza, descarta que haja problemas em relação ao tipo de bueiro usado nas rodovias que foram rompidas pela água da chuva. O gerente da Agetop acredita que os problemas nas seis rodovias interditadas em seis anos foram todos provocados por excesso de chuvas em pontos isolados.

Ontem, o governador Alcides Rodrigues esteve no Ministério do Planejamento para solicitar recursos para obras viárias em Goiás. “Solicitamos mais 250 milhões de reais para a duplicação da BR-060, que liga Goiânia até a cidade de Jataí”, afirmou.



Lago de Serra da Mesa ameaça 1,2 mil casas

Rogério Simas

Cerca de 1,2 mil casas estão ameaçadas pelo Lago de Serra da Mesa, que atingiu o maior nível desde que foi inaugurado, há 14 anos. A estimativa é de Furnas, empresa responsável pelo reservatório. O problema é mais grave em Niquelândia, Uruaçu, Campinaçu e Santa Rita do Novo destino, qu e já teve casas alagadas.

Uma das residências afetadas é a do empresário Lauri Pooz, que está aproximadamente dois metros encoberta pela água. O empresário diz que perdeu cerca de 200 mil reais e que a água subisse tão rápido. Por muitos anos a cota da represa esteve muito abaixo do esperado e ninguém acreditava que realmente pudesse chegar próximo a cota máxima.

“Tinhamos a consciência dos riscos, mas não acreditávamos que o nível de água da represa subisse tão rápido,” aponta.

Em nota, por meio de sua assessoria, Furnas informou que está notificando as pessoas que ocupam de maneira irregular os terrenos destinados ao reservatório e as áreas de preservações permanentes (APP), da usina hidrelétrica de Serra da Mesa.

A orientação é para que as pessoas que possuam casas dentro dos locais de inundação abandonem seus imóveis, pois estas são áreas de preservação permanente (APPs), no entorno do reservatório, e são de grande importância ecológica, pois têm como função preservar os recursos hídricos, a estabilidade geológica e a biodiversidade.

A região é protegida por leis federais e resoluções do conselho nacional do meio ambiente (Conama), que estabeleceram normas de segurança e preservação.

Na história

Problema já causou mortes

O Popular

A interdição da GO-164 foi o caso mais recente de grandes danos em rodovias em pontos em que cursos d’água são drenados por bueiros metálicos. Entre fevereiro e março de 2001, a GO-060, entre Goiânia e Trindade, chegou a ser interditada três vezes por causa de alagamentos.

Em 2005 ocorreram os problemas mais graves. O pior deles teve contornos de tragédia e aconteceu na GO-213, a dois quilômetros de Caldas Novas, quando um bueiro cedeu, levando parte da estrada, matando quatro pessoas. Em março de 2005, outras duas rodovias foram interditadas por rompimento de bueiros: a GO-020, perto do Autódromo de Goiânia, e a GO-241, entre Formoso e Campinaçu. Em janeiro de 2007, cinco famílias ficaram desabrigadas e várias tiveram prejuízos em consequência do rompimento de um bueiro na GO-330, em Pires do Rio.

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