quarta-feira, 17 de março de 2010

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O Popular

CIDADES


Pressionada, CMTC anuncia mudanças
Implantação de corredores exclusivos, proibição de estacionamento e de conversão à esquerda em algumas avenidas serão tomadas a partir de hoje

Marília Assunção

Acuada diante da insatisfação popular traduzida em dois protestos recentes e queixas generalizadas dos passageiros (leia abaixo), a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) reagiu ontem com uma série de medidas emergenciais que também vão atingir o trânsito de Goiânia. Em conjunto com as Agências Municipais de Trânsito e de Obras (AMT e Amob), a empresa anunciou a implantação de corredores exclusivos para os ônibus e a proibição de estacionamento nas avenidas T-7, T-9 e 85.

Para implantar os corredores exclusivos, haverá, ainda, o fechamento das ilhas centrais para impedir as conversões à esquerda e retirada dos semáforos de três tempos.

As medidas são as primeiras a ocorrer na infraestrutura dos chamados eixos principais do sistema de transporte de Goiânia após a licitação (em 2008). Segundo garante o presidente da CMTC, Marcos Massad, elas vão “dar velocidade”, além de não ser a única alteração de imediato.

Hoje, ele garante que haverá mais ônibus em pelo menos três das linhas que vinham sofrendo com maior demora, superlotação e, consequentemente, insatisfação – as linhas 019, 020 e 021. Na 019, o número de viagens a mais nos horários de pico já está definido. “Serão quatro viagens a mais e nas outras vamos avaliar melhor a demanda”, informou Massad.

Ontem à tarde Marcos Massad admitiu mais uma vez que fará uma revisão nas alterações promovidas em 27 linhas, em vigor desde fevereiro. Pela manhã, havia ocorrido o segundo protesto no Terminal da Praça da Bíblia por causa dessas mudanças que, segundo os usuários, fez reduzir o número de ônibus nas linhas e assim aumentar a demora.

Mas um dos promotores de Justiça que acompanham a questão, Érico de Pina, não vê a falta de ônibus como um problema resultante das alterações. “A falta de ônibus vem de antes e se agravou com as mudanças, com a falta de fiscalização pela CMTC”, avalia ele.

MP decide se entrará com ação

Marília Assunção

Os promotores da área de Defesa do Consumidor do Ministério Público (MP) estadual Érico de Pina e Murilo de Morais e Miranda devem se reunir na sexta-feira com a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC). Segundo Érico, será a última reunião antes de o MP decidir por ajuizar ação contra a CMTC.

Entre os vários questionamentos dos promotores, está a falta de consulta e de divulgação prévia à população de usuários do sistema sobre as alterações nas 27 linhas que tiveram impacto sobre a rotina de aproximadamente 65 mil passageiros. Isto, apesar de a CMTC ter garantido no mês passado que o indicativo dos ajustes operacionais surgiu após pesquisas no sistema depois da licitação. Na ocasião, a companhia sustentou que fez levantamentos com passageiros dentro de terminais, verificando as demandas dos bairros, além de pesquisas sobe e desce e de origem e destino.

“Ou falta ônibus ou há incompetência para gerir. Ou as empresas operam com qualidade e eficiência ou largam o sistema”, reclama Érico, que pretende exigir que o presidente da CMTC apresente os autos de infração aplicados e as multas pagas pelas empresas.

O presidente da Agência Municipal de Trânsito Transportes e Mobilidade (AMT), Miguel Tiago, disse que o fechamento das ilhas pode não ser concluído em março, “embora seja intenção”, disse, reconhecendo que os órgãos municipais tinham prorrogado duas vezes – desde outubro –, a implantação dos corredores de ônibus, exigida pelo MP.

O prazo mais recente termina neste mês, quando a licitação completa dois anos. Além da CMTC e da AMT, a Agência Municipal de Obras (Amob) estará envolvida nas alterações.

Quanto ao rebaixamento de calçadas para estacionamento – o que afeta os pedestres –, Miguel Tiago pede a colaboração dos comerciantes para que o rebaixamento só ocorra nos casos permitidos – no quais a construção foi feita recuada. “Se os comerciantes não cooperarem, vão prejudicar o conjunto da sociedade”, afirmou.

Revoltados com demora, passageiros param terminal por três horas

Camila Blumenschein

Uma manifestação realizada por centenas de usuários do transporte coletivo de Goiânia ontem pela manhã, no Terminal da Praça da Bíblia, causou confusão, congestionamentos no trânsito da região e impossibilitou que centenas de pessoas saíssem do local. Inconformados com a demora de mais de uma hora dos ônibus da linha 019 - que liga o Terminal da Praça da Bíblia ao Terminal do Cruzeiro - passageiros invadiram a pista e entraram na frente dos ônibus, impedindo que os veículos entrassem e saíssem do terminal. Os manifestantes também formaram uma barreira do lado de fora do terminal, impedindo que os veículos circulassem, interditando o trânsito e formando uma grande fila de ônibus na Avenida Anhanguera.

A manifestação começou às 7h30, e por volta das 8h20 o terminal estava completamente paralisado. Revoltados, os passageiros bateram nos veículos parados, danificando a lataria e o vidro de um deles. Vários passageiros estavam exaltados e gritavam pedindo a melhoria do serviço e ameaçando quebrar os ônibus.

O diretor de operações da Metrobus, Luciano Leão, foi até o local e tentou negociar com os manifestantes. Ele assumiu que o problema é grave e que a empresa responsável pelas linhas alimentadoras, no caso a CMTC, não possui ônibus suficientes circulando na cidade. “É preciso tirar os veículos das garagens. A manifestação é válida, mas ficarmos aqui parados não vai resolver nada”, declarou, em uma tentativa frustrada de fazer com que as pessoas se retirassem da frente dos ônibus.

A secretária Jeiziely Cristina da Silva, de 19 anos, que esperava pelo ônibus da linha 019, disse que a demora é rotineira. “Todos os dias é a mesma coisa. Os ônibus demoram quase duas horas e quando eles chegam não cabe todo mundo. Isso compromete as nossas vidas”, reclamou. A manifestação durou três horas.

Várias brigas e discussões tiveram de ser contidas pela Polícia Militar (PM), muitas delas entre os próprios manifestantes. Algumas pessoas tentaram liderar a manifestação, mas foram impedidas pela multidão. O diretor técnico da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Denício Trindade, foi até o terminal e admitiu que há uma falha em relação às linhas alimentadoras. Ele prometeu montar uma comissão para discutir uma solução para os problemas do atraso dos ônibus e a superlotação. “Vamos nos reunir com os representantes das empresas para tentar uma solução rápida, mas acredito que é preciso fazer uma reforma no Terminal da Praça da Bíblia e adequar o sistema viário”, destacou. Ao tentar sair do terminal, Denício precisou ser escoltado pela PM.

Manifestantes declararam que se o problema não for resolvido em 24 horas, outras manifestações serão realizadas. Às 10h40, policiais do Batalhão de Choque da PM chegaram ao terminal para liberar os ônibus. Armados com cassetetes, os policiais afastaram a multidão, que acabou desbloqueando o caminho. Centenas de pessoas que esperavam, muitas dentro dos ônibus, conseguiram seguir seus destinos, mas a superlotação tomou conta do terminal.

Outra manifestação foi realizada no Terminal da Praça da Bíblia em 24 de fevereiro deste ano. O motivo foi a demora na chegada dos ônibus das linhas para Senador Canedo e bairros da região.

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