POLÍTICA
PMDB quer convencer Meirelles a reavaliar disputa pelo governo
Argumento de lideranças do partido é de que presidente do BC seria capaz de unir base de Lula no Estado
Fabiana Pulcineli
Coube à deputada federal Iris de Araújo, mulher do prefeito de Goiânia, Iris Rezende, a tarefa de levar ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o recado de que PMDB o apoia se ele reconsiderar a disputa ao governo estadual.
Num momento em que o prefeito afasta cada vez mais as chances de se candidatar, a deputada foi ao apartamento de Meirelles em Goiânia e justificou que o presidente do BC conseguiria unir a base do presidente Lula no primeiro turno.
Iris de Araújo não foi encontrada pela reportagem para falar sobre o assunto.
Segundo relatos de aliados do prefeito, Meirelles confirmou que a tendência é se desincompatibilizar no final deste mês, mas sem garantia de disputar o governo ou mesmo o Senado. O presidente do BC disse ao POPULAR, no fim da tarde, quando já seguia para São Paulo, que sua passagem por Goiânia foi rápida e que ele está apenas ouvindo, sem ter ainda uma decisão.
“Do meu ponto de vista, por enquanto não há nenhuma novidade. Não formei juízo de valor sobre a situação política em Goiás”, afirmou, evitando responder se admitia reavaliar a decisão, anunciada no mês passado, de descartar a disputa ao governo.
Meirelles teve conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sábado, antes do petista embarcar para Israel, e acertou um novo encontro para a próxima semana, depois que o presidente do BC voltar do México. Segundo disse a aliados, nesta última conversa será decidido se Meirelles deixa ou não o Banco Central e, se sim, em qual candidatura investiria.
A iniciativa de se encontrar com o presidente do BC partiu de Iris de Araújo depois que o prefeito conversou com o governador Alcides Rodrigues (PP), no sábado, e ouviu o pepista reafirmar que a frente governista terá candidato. Como havia sugerido na semana passada, Iris Rezende disse a aliados que as portas estão abertas para Meirelles caso ele queira disputar.
O prefeito, que foi acusado de afastar o presidente do BC da candidatura ao governo por pressioná-lo a tomar decisão rapidamente, considera arriscado deixar a Prefeitura para disputar sem o apoio do governo e de partidos da base lulista.
Ele cobra inclusive maior compromisso do PT, que seria demonstrada pelo esforço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em convencer Alcides a apoiá-lo.
No sábado, Iris Rezende conversou com os deputados estaduais José Nelto, Samuel Belchior e Romilton Moraes após encontro com Alcides. Ele mostrou pesquisa que o coloca com 4,5 pontos porcentuais à frente do senador Marconi Perillo (PSDB) e disse que a diferença é pequena em cenário de divisão da base.
José Nelto, que antes apostava na candidatura de Iris mesmo com as declarações do prefeito sinalizando recuo, também esteve com Meirelles na manhã de ontem e disse que representava o prefeito ao dizer que, se o presidente do BC quiser, será o candidato ao governo. O deputado saiu da reunião apostando que Meirelles “volta ao páreo”.
Segundo Nelto, Meirelles falou pouco e disse que consultaria o presidente Lula antes de se definir. O prefeito e o governador também devem ter conversas separadas com o presidente sobre a sucessão no Estado.
Desincompatibilização
A saída do banco já é dada como certa nos corredores do BC. Meirelles teria como objetivo principal ocupar a vaga de vice na chapa da presidenciável Dilma Rousseff (PT), ministra da Casa Civil. O plano B seria a candidatura ao Senado, com perspectivas de assumir um cargo no governo federal caso Dilma vença. Agora, sem Iris na disputa ao governo, Meirelles teria de repensar a entrada na briga pelo Senado, já que a chapa majoritária perderia forças.
Os peemedebistas agora se apressam em acelerar as conversas para convencer Meirelles a tomar uma decisão antes do fim do mês, já que Iris Rezende precisaria renunciar ao cargo até 3 de abril. Um grupo fala inclusive em marcar audiência com ele em Brasília para discutir o assunto.
O presidente do BC teria procurado também o governador, mas o encontro não foi confirmado. Alcides tem dito a aliados que acredita que a candidatura de Meirelles ao governo não está descartada.
O pepista, porém, ainda não dá sinais de que poderia apoiar o peemedebista. Por enquanto, ele apenas insiste na frente governista, formada por PP, DEM, PR e PSB. Nos bastidores, no entanto, a aliança com Meirelles no primeiro turno é considerada viável, diferentemente do cenário com Iris Rezende.
Ministro faz defesa de petista
FP
Brasília – Em um momento de embate com seu partido, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, afirmou ontem que a candidatura de Marina Silva (PV) à Presidência como oposição à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, é um “equívoco histórico e vai funcionar como uma forma de isolamento”.
“Seria positivo que a candidatura do PV fizesse criticas às insuficiências do atual governo na área da sustentabilidade, mas se constituir como candidatura de oposição, acho um equivoco histórico, vai gerar um isolamento, perda de densidade. Vai ser um retrocesso”, disse.
As divergências do ministro com o PV foram potencializadas na semana passada, após Ferreira ter solicitado uma licença de um ano. A saída foi anunciada após a cúpula do partido ter pedido que ele deixasse o Ministério da Cultura até o final do mês por considerá-lo engajado na candidatura da ministra da Casa Civil.
O ministro criticou ainda a postura do partido nos últimos anos. “O partido perdeu seus referenciais políticos, está com escoliose para a direita”, disse.
O PV também foi criticado por simpatizantes pela recente aproximação da candidata com o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, interpretada como uma guinada neoliberal de Marina.
Diante do pedido de licença de Juca, integrantes do PV vao discutir a possibilidade de expulsá-lo do partido. “É rugido de leão desdentado. Não há possibilidade. Eu suspendi a minha filiação, isso é um direito constitucional”, disse o ministro. (FP)
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