quarta-feira, 17 de março de 2010

Proteção ao Cerrado!

O Popular

CIDADES

Plano prevê proteção ao Cerrado
Ministro do meio ambiente anunciou projeto para reduzir desmatamento no bioma

Patrícia Drummond

Punição para os municípios que mais desmatam o Cerrado e prazo – até 2013 – para que as grandes indústrias deixem de utilizar o carvão vegetal de florestas nativas, optando por áreas reflorestadas. Estas são apenas duas das medidas propostas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para a implementação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), cujo teor integral foi anunciado ontem, em Brasília (DF), pelo ministro Carlos Minc.

Conforme publicado pelo POPULAR ainda em junho do ano passado, no caderno especial Cerrado, o patrimônio que resiste, a devastação, nesse bioma, avança em ritmo acelerado, como mostraram alertas do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com o MMA. O último alerta – inédito à época da publicação – apontava que, entre 2002 e 2008, o desmatamento consumiu 23,44 mil quilômetros quadrados do Cerrado. No período de 2003 a 2007, analisado no penúltimo alerta, a devastação atingiu 18,9 mil quilômetros quadrados.

Os maiores desmatadores são Mato Grosso, Bahia, Goiás, Tocantins e Minas Gerais, nesta ordem. Os cinco Estados respondem por 74% da área desmatada nos últimos sete anos. Em Goiás, foram 2,53 mil quilômetros quadrados desmatados, sendo que as cidades campeãs na agressão ao meio ambiente foram Iaciara, Nova Crixás e São Miguel do Araguaia, segundo o Lapig.

Expectativa

O anúncio de um plano de políticas públicas para conter a devastação do Cerrado vem ao encontro das expectativas de pesquisadores e especialistas da área (veja reportagem nesta página). Com as medidas propostas, o governo federal pretende reduzir em 40%, até 2012, o desmatamento no bioma – cujas principais causas são a expansão desordenada da pecuária e da agricultura e a produção de carvão vegetal oriundo de mata nativa e destinado à indústria siderúrgica.

“Pretendemos implantar monitoramento semelhante ao que ocorre na Amazônia, bem como o controle, fiscalização, repressão aos crimes ambientais, incentivos a atividades sustentáveis e criação de áreas protegidas na região”, declarou Carlos Minc, na divulgação do PPCerrado. De acordo com ele, até o fim da semana será encaminhada à Casa Civil a minuta do decreto. Minc ressaltou a apresentção em Copenhague do compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento no Cerrado em 40%, até 2020.

Pesquisadores aprovam medidas anunciadas

Patrícia Drummond

Para pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) que atuam na área ambiental, as medidas propostas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) no Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), são bem-vindas e contemplam o que consideram importante para a preservação do que resta do bioma. Mas fazem uma ressalva: esperam que o Plano seja, mesmo, levado a sério e não passe de marketing político em ano eleitoral.

“Por enquanto, o governo acena que está levando a sério o Cerrado, já que, depois das discussões iniciais, no ano passado, para a consulta pública, as coisas não foram esquecidas nem ficaram engavetadas”, destaca o pesquisador Manuel Ferreira, do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig), da UFG, que estuda os ciclos do carbono no bioma.

Segundo ele, o PPCerrado levou em consideração tudo o que vem sendo estudado e proposto nas pesquisas realizadas nos últimos seis anos, como a questão das bacias hidrográficas, a manutenção da fauna e da flora, a expansão sem planejamento das pastagens e da cana-de-açúcar e a utilização do carvão vegetal de florestas nativas. “Resta saber se essas serão preocupações do próximo governo”, argumenta Manuel Ferreira.

A professora do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (Iesa) da UFG, Sandra de Fátima Oliveira, pesquisadora na área de Educação Ambiental, também elogia o PPCerrado proposto pelo MMA. Ela aponta, entre alguns itens que considera importantes, o monitoramento e o controle ambiental no bioma; a elaboração de um zoneamento ecológico econômico nos Estados que integram o Cerrado; o fomento às atividades produtivas sustentáveis, a recuperação de áreas degradadas; e a parceria com os Estados.

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