quarta-feira, 17 de março de 2010

O outro lado

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Décio Caetano

“Esse vídeo é uma retaliação porque denunciamos a extorsão”

Malu Longo

O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (Setransp), Décio Caetano Filho, convocou uma entrevista coletiva na tarde de ontem para falar sobre o vídeo divulgado pelo advogado Júlio César Queiroz e Rabelo. Décio diz que foi filmado pelo advogado quando recebia, em espécie, R$ 150 mil que havia emprestado a Júlio. “Éramos amigos, ele alegou que estava em dificuldades e eu fiz um empréstimo pessoal a ele”, disse Décio. “Já sabíamos desse vídeo, mas não nos calamos e denunciamos a tentativa de extorsão que nos fizeram”. A seguir, a entrevista:

O que o senhor diz sobre o vídeo divulgado?

Esse vídeo é mais uma retaliação ao Setransp, porque na semana passada denunciamos ao Ministério Público (MP) a tentativa de extorsão por parte da Sociatus Advocacia, empresa que prestou assessoria jurídica ao sindicato por quase 20 anos. O vídeo é mais uma retaliação ao Setransp por não aceitar a extorsão. Estou aqui em meu nome, não do Setransp, e digo que o vídeo não causou nenhuma surpresa.

Por quê?

Sabíamos dessa gravação desde o dia 4 de março, quando ele foi mostrado ao advogado José Cléber, de Brasília (DF), que defende o Setransp. O vídeo faz parte, inclusive, da denúncia que apresentamos ao MP. Mesmo sabendo do vídeo, o Setransp não se curvou. É o preço que estamos pagando por não pagar os R$ 8 milhões que eles pediram.

Quem mostrou o vídeo?

Quem mostrou foi o advogado Ney Moura, que foi apontado como procurador do escritório Sociatus quando eles comunicaram a rescisão do contrato com o Setransp. Eles deram prazo até 28 de março para negociar e indicaram que todas as negociações deveriam ser feitas com Ney Moura.

Em que circunstância o vídeo, onde o senhor aparece pegando dinheiro, foi feita?

Esse vídeo é uma versão mentirosa, caluniosa, falsa e traiçoeira. Eu tinha uma amizade de quase 20 anos com o Júlio César, desde antes de ele começar a assessorar o Setransp. Tínhamos uma amizade pessoal, frequentei casamentos de parentes dele. A partir de julho do ano passado, ele começou a alegar dificuldades financeiras e pediu a revisão dos valores pagos por seus honorários. No final de dezembro, ele fez um apelo dramático e me pediu um empréstimo. Havia o contrato no valor de 1 milhão (R$ 1.262.778,00) para ser fechado, relativo à assessoria para captação de R$ 240 milhões no mercado financeiro, que seriam pagos em sete parcelas. Esse processo, diga-se, foi totalmente correto. Então, eu emprestei a ele R$ 150 mil. Foi um empréstimo pessoal, de pessoa física para pessoa física.

Por que ele pagou em espécie?

Porque recebeu em dinheiro. Ficou acertado que logo que ele recebesse a primeira das sete parcelas do contrato, no valor de R$ 169 mil, ele me pagaria. O contrato foi assinado no dia 8 de janeiro, entre o Setransp e a Sociatus. A primeira parcela foi paga no dia 12 de janeiro, mediante depósito na conta da Sociatus (mostra cópia do depósito). No dia 20, ele pagou o empréstimo e fez a fatídica gravação.

Onde foi feita a gravação?

No escritório dele. Em hipótese nenhuma houve lavagem de dinheiro. Por que eles não divulgaram o vídeo antes? Por que só vieram com essa gravação depois que o Setransp denunciou a tentativa de extorsão praticada por eles ao Ministério Público?

O senhor pretende recorrer à Justiça?

Vou buscar os meios jurídicos de reparação. Ainda não tive tempo de cuidar disso, mas é o que farei. Afetaram minha imagem, minha reputação, minha família. Além disso, quem perde é a cidade, porque os R$ 240 milhões que estamos buscando na Comissão de Valores Mobiliários é para a terceira etapa de investimentos das concessionárias na melhora do transporte. A primeira foi a de aquisição de ônibus; a segunda, de investimento em tecnologia.

Essa negociação na bolsa de valores ficou prejudicada?

Sim, eles mandaram e-mails para a bolsa fazendo denúncias na semana passada. Essa é uma operação complexa, o Setransp foi auditado por grandes empresas de auditoria, que conferiram as contas. Todo esse processo ficou prejudicado.

E quanto às denúncias de irregularidades na licitação do transporte coletivo?

Eu gostaria de me ater, aqui, a esse caso do vídeo. Sobre a licitação, o presidente do Setransp, Edmundo Pinheiro, dará uma entrevista para esclarecer todos os aspectos.

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