sexta-feira, 12 de março de 2010

Saúde na UTI

CONTEXTO
O jornal de Anáplos















Nilton Pereira 

Sistema falido

O sistema de saúde pública no Brasil, embora muitos não admitam, está caminhando para a falência total. O grau de insatisfação da sociedade chega ao limite, e quase ninguém está contente com o que vem presenciando. Basta dar uma olhada em volta para se ter a certeza disso. Praticamente nos sete dias da semana e nas quatro semanas dos meses, assim como nos doze meses do ano, o que se vê, o que se ouve, é reclamação de pessoas que buscaram e não obtiveram atendimento. Ou, se tiveram, foram obrigadas a esperar por tempo demasiado. Os que tiveram a sorte de serem atendidos, reclamam da qualidade desse mesmo atendimento.

Por certo esse não é um problema vivido por quem está no topo da pirâmide social, que pode pagar médico, hospital e clínicas particulares. Que pode contratar ambulância com UTI e ficar em apartamentos de luxo nos hospitais particulares. Esses pouquíssimos privilegiados, certamente não sabem, e não avaliam, o drama vivido pela esmagadora maioria da população.

Procurar culpados por essa situação é a coisa mais fácil. Encontrar os culpados por esta situação é que é o problema. Ninguém assume. Os governos, de uma maneira geral, apresentam números frios, estatísticas com milhares, milhões de atendimentos, afirmando que “já foi pior” e que “nunca na história desse País, o povo foi tão bem atendido”. Donos de hospitais, clínicas e similares reclamam que os governos não lhes pagam como deveriam. Na outra ponta da corda, está o povo, desamparado, desprotegido, jogado às traças. O médico queixa-se de que recebe pouco pelos procedimentos. O cidadão, que não tem nada com isso, nunca é ouvido para se saber, principalmente, se ele concorda com os descontos previdenciários em seu contracheque mensal. O certo é que, mesmo vivendo em comunidades onde o número de médicos e outros profissionais da saúde seria, teoricamente, ideal, o povo perece, morre à míngua.

A situação no Brasil está tomando rumos descontroláveis, quando o assunto é atendimento na saúde pública. Muitos hospitais (inclusive em Anápolis) estão se recusando a atender pacientes do Sistema Único de Saúde. Outro sintoma grave que se nota, é a falta de especialistas em determinadas áreas, como pediatria, situação que acendeu a “luz amarela” do Ministério da Saúde. Os poucos pediatras que existem, não atendem a toda a demanda e, ainda, passaram a escolher a quem e a que atenderem. Isto, sem contar a falta de medicamentos nas farmácias básicas, a falta de leitos e a má qualidade dos estabelecimentos hospitalares.

Esta semana a imprensa mostrou a situação do Hospital de Urgências, recém entregue à população de Aparecida de Goiânia, que foi interditado por conta da existência de nível escandaloso de infecções. E, infelizmente, o hospital em referência não seria o único em Goiás ou no Brasil com tamanha falha. Haveria outros, muitos outros, em igual, ou pior situação. Diante desse quadro, o que restaria à população? Apelar para quem? E, fica outra pergunta: será que, um dia, aparecerá um governo competente para dar jeito nessa situação?

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