CIDADES
Aeroporto terá 2 anos de sobrevida
Infraero anunciou retomada de obras, mas já pensa em nova ampliação para 2014
Carla Borges
Enquanto o embate sobre a licitação para a construção do novo aeroporto de Goiânia se arrasta na Justiça, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e o Exército Brasileiro vão acertar o plano de trabalho da obra. Ontem, depois de um protesto realizado no período da manhã pelo trade turístico do Estado no Aeroporto Santa Genoveva (veja reportagem nesta página), a direção da empresa prometeu retomar as obras, paralisadas em agosto de 2007 por decisão da Justiça Federal. A previsão é de que o novo aeroporto fique pronto em 2012.
Caso o novo cronograma seja cumprido, a obra será entregue em 2012 já próximo da saturação: a própria Infraero admite que terá de fazer uma ampliação dois anos depois, para que o aeroporto suporte a demanda até 2020.
Em entrevista ao POPULAR, o superintendente do aeroporto de Goiânia, Jucélio Alves de Oliveira, informou que a Infraero trabalha em três frentes: a contratação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da Universidade de São Paulo (USP) para perícia nas obras, a parceria com o Exército e a construção do Módulo Operacional Provisório (MOP), que mais do que dobrará a capacidade da sala de embarque e deve entrar em funcionamento até o fim de junho, segundo a empresa.
A Infraero trabalha com duas perspectivas: a execução do projeto de ampliação da pista, do pátio e do terminal de passageiros, já iniciada, e sua ampliação futura, para atender a demanda de passageiros até 2020. “No planejamento de retomada já estamos prevendo a próxima ampliação”, afirma Jucélio.
Perícia
A exemplo do que foi feito com o aeroporto de Vitória (ES), a Infraero está tentando contratar, com dispensa de licitação, o IPT para a realização de uma ampla perícia, que deverá apontar o que já foi executado da obra e o nível de comprometimento eventual devido ao longo período de paralisação. Anunciado em 2004, o empreendimento só começou de fato dois anos mais tarde e, desde 2007, os serviços estão parados (veja quadro).
A intenção da estatal é de expedir a ordem de serviço até o dia 30 deste mês. O cronograma apresentado pelo instituto é de oito meses para o levantamento completo e a elaboração de laudos. Os dados do trabalho de campo necessários à continuidade dos procedimentos de execução da obra pelo Exército, no entanto, devem ficar prontos em dois ou três meses.
O Exército deve assumir a execução dos sistemas de pátios e pista. Essas obras, aliás, já foram iniciadas e tiveram cerca de 30% executados. A parte do terminal deve ser alvo de outra licitação pública.
A contratação da perícia do IPT atende a três objetivos: dirimir dúvidas nos processos que tramitam na Justiça, apresentar ao Tribunal de Contas da União (TCU) e embasar o projeto de continuidade da obra. Jucélio lembra que a participação do Exército em obras emergenciais em aeroportos foi autorizada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, em portaria publicada em outubro de 2009.
O Exército já apresentou seu plano de trabalho, mas a Infraero solicitou algumas adequações. A previsão é de realização de nova reunião, ainda esta semana, entre os dois órgãos para acertar detalhes do planejamento e finalizar os documentos para a assinatura do convênio, que, de acordo com a Infraero, deve acontecer ainda neste mês.
Módulo
A Infraero expediu, na última sexta-feira, a ordem de serviço para a empresa DMDL, vencedora da concorrência, realizar o projeto executivo para instalação do Módulo Operacional Provisório (MOP), que dobrará a capacidade da sala de embarque do aeroporto, que passará a ter 1,2 mil metros quadrados. O superintendente do aeroporto explica que a empresa terá 40 dias entre a execução do projeto e a aprovação da Infraero e mais 60 para executar a obra.
O MOP é uma instalação complementar, climatizada, com longarinas, sistema de vigilância por televisão, raio X e tratamento acústico. A construção do módulo é outra que está com cronograma totalmente atrasado. Em outubro, a Infraero disse que a construção do módulo estaria pronto em abril.
A Infraero também está trabalhando no projeto de ampliação do estacionamento do aeroporto, que deve ter as atuais 440 vagas ampliadas em mais 300, com custo de R$ 450 mil para execução.
Grupo de manifestantes invade terminal
Camila Blumenschein
Manifestantes do movimento Aeroporto Já, todos vestidos de preto, ocuparam o terminal de passageiros do Aeroporto Santa Genoveva ontem pela manhã, em protesto contra a paralisação das obras de ampliação, que ocorreu em 2007. A campanha foi lançada ontem pela Fundação Goiânia Convention Visitors Bureau, representante do trade turístico da capital, que escolheu o dia 2 de março por esta ser a data em que é comemorado o Dia Nacional do Turismo.
O objetivo do movimento, segundo o presidente da Goiânia Convention, Nazir El Haje Neto, é chamar a atenção da comunidade e das autoridades sobre a importância do aeroporto de Goiânia para fortalecer o turismo de negócios. “A campanha só se concluirá quando as obras forem retomadas”, declarou.
De acordo com Nazir, Goiânia está vivenciando uma queda dramática na promoção do turismo. “Não só o turismo está sendo prejudicado com a precariedade do aeroporto, mas toda a população, que a todo momento se mostra insatisfeita”, disse.
O movimento iniciou ontem a realização de um abaixo-assinado em prol da causa, que será encaminhado ao governo federal. Segundo informações do trade turístico de Goiânia, há 8 anos a cidade sediava cerca de 15 grandes congressos nacionais, injetando em média 1 milhão de dólares por evento na economia, lotando hotéis e movimentando bares, restaurantes e o comércio da cidade e mesmo com todo esse potencial, a capital não foi escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo em 2014. Hoje, segundo os organizadores do Aeropoto Já, não são realizados mais do que seis congressos por ano, tudo por causa do terminal.
A empresária de hotelaria de Goiânia, Silvana da Cunha Castro Mendonça, conta que a insatisfação com o aeroporto é muito grande entre os hóspedes que vêm de fora e se hospedam em seu hotel. “O que eu mais ouço são reclamações, de quem vem de fora e acha o aeroporto uma vergonha. Além disso, sempre perdemos muitos eventos porque o terminal não comporta a chegada de muita gente”, ressalta.
A presidente do Sindicato dos Guias Turísticos de Goiás, Sueli Assis da Cunha, ressalta que a situação do aeroporto é um problema grave para o setor, já que o quantitativo de turistas tem diminuído. “Tanto os turistas brasileiros quanto os internacionais reclamam da falta de espaço, do tumulto que sempre ocorre no traslado entre o avião e as esteiras e também da aparência desagradável do local”, acentua.
As más condições da pista de pouso e decolagem, a falta de estacionamento, o preço mais caro das passagens aéreas pagas pelos goianos, já que é preciso ira a cidades como Brasília para chegar a outros Estados, são outros problemas do aeroporto, apontados pelos manifestantes.
O terminal de passageiros também é alvo de protestos dos donos de estabelecimentos comerciais instalados no local. Empresários da área de alimentação explicam que o pequeno número de mesas e cadeiras afugenta os passageiros na hora do lanche.
Os manifestantes fizeram um grande círculo no saguão do aeroporto pedindo a retomada das obras do novo terminal. O secretário municipal de Turismo, Euler de Morais, declarou do alto de uma cadeira que a campanha tem o intuito de sensibilizar as autoridades sobre o problema.
COMENTÁRIOS DO JOÃO
Não faz muito tempo, a ministra Dilma Rousseff, para agradar aos aliados goianos de Lula, disse que o ex-governador Marconi Perillo tinha superdimensionado as obras de ampliação do aeroporto Santa Genoveva. Agora, o próprio superintendente do aeroporto de Goiânia, Jucélio Alves de Oliveira, diz que a obra, mesmo quando terminada, talvez em 2011, com a entrada de um novo governo; atenderá a demanda, com certa comodidade, só até 2014, sendo necessária uma nova ampliação.
Que a ministra Dilma não conheçe o Brasil real, quase todo mundo sabe, mas ela querer omitir ou mascarar a incompetência do Governo Federal , jogando a culpa no atual senador Marconi Perillo, já é falta de bom senso.
O Tribunal de Contas da União é um órgão independente e não aceita ingerência política, ainda mais da oposição ao governo de plantão. O embargo das obras se deu por relatório do TCU que constatou superfaturamento, falha que não depende da dimensão das obras, mas da idoneidade dos gestores. Porém, resolver problemas técnicos ou de corrupção, deveria ser uma prioridade do governo, para que as obras não ficassem paradas e deteriorassem, aumentando os custos e proporcionando ainda mais corrupção.
No entanto, o governo Lula prefere fazer festa em cima de pequenos investimentos e deixa o aeroporto Santa Genoveva e a Ferrovia Norte-Sul às moscas.
A manifestação da Fundação Goiânia Convention Visitors Bureau, precisa ser reforçada por todos aqueles que amam Goiânia e não querem se envergonhar de uma de suas principais portas de entrada.
O que causa admiração é que o secretário municipal de Turismo, obviamente, aliado automático de Lula e de Íris Rezende, que se diz candidato da frente lulista; ainda tenha a cara-de-pau de usar o evento politicamente, como se a Prefeitura de Goiânia não tivesse nada a ver com o atraso das obras, já que é aliada do governo federal e deveria exigir o término das obras.

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