quinta-feira, 5 de agosto de 2010

José Éliton: a boa surpresa!


Política


É preciso seriedade na política

Aos 37 anos, casado (Fabrina) e pai de dois filhos (José Neto e Fernando), o conceituado advogado especialista em Direito Eleitoral, José Eliton Figuerêdo Júnior (DEM) deu uma guinada de 180 graus em sua vida profissional. Ele abriu mão de uma carreira já consolidada, com 14 anos de experiência na área, para se dedicar integralmente à política. Candidato a vice-governador na chapa liderada pelo senador Marconi Perillo (PSDB), José Eliton disse que advocacia agora é apenas para conselhos aos amigos. “É impossível compatibilizar a carreira de advogado com a política. Não tem como raciocinar as duas coisas ao mesmo tempo. Estou na campanha em tempo integral”, afirmou durante entrevista na manhã de ontem na sede do jornal O HOJE. E José Eliton se mostra animado com sua primeira experiência na frente das câmeras – antes participou de campanhas apenas nos bastidores, como coordenador e advogado das coligações. Diz, inclusive, que não tem medo de falar não ao eleitor. “Falar não, não é difícil. A pessoa compreende quando o não é sincero, é correto, quando não pode fazer. O mais lamentável na política é empurrar com a barriga, enrolar. Política tem de ser tratada com seriedade.”

(Charles Daniel, Divino Olávio e Warlem Sabino)

O HOJE – Qual o papel de vice na campanha e qual será seu papel num eventual governo de Marconi Perillo?

José Eliton Figuerêdo Júnior – Na campanha, o papel é absolutamente claro. Estamos fazendo uma campanha em parte casada, até porque precisamos ter uma identidade visual com Marconi, e outra parte separada. É um modo mais eficiente de fazer com que a mensagem chegue a todos os goianos para que eles possam analisar nosso projeto. Nós temos diversos instrumentos. A partir do dia 17 temos a mídia eletrônica. E também através da atuação, tanto do candidato a governador quanto do vice. Do ponto de vista interno temos colaborado com o projeto de governo. Esta experiência com o eleitor nos faz sentir e observar as demandas da sociedade. E vamos inserir no nosso projeto de governo pontos relevantes para os próximos quatro anos. No governo temos de ter consciência do papel do vice. Obviamente é um papel de discrição, mas de relevância, não queremos ficar omissos aos grandes debates. Do ponto de vista administrativo, vamos fazer concretizar as propostas que estão sendo debatidas agora. Do ponto de vista político, quero ser o elemento de ligação entre os diversos partidos que compõem o arco da aliança com o governo, para que haja alinhamento de ideias para que todos os partidos possam ser respeitados e que suas ideias cheguem ao governador.

O HOJE – Qual a mensagem que o senhor tenta fazer chegar ao eleitor?

José Eliton – Nosso plano de governo está sendo construído, mas temos dois pontos basilares. O primeiro é a eficiência no serviço público. O cidadão quer que o serviço público chegue com qualidade a ele. Temos hoje, infelizmente, deficiência na prestação do serviço. A educação, por exemplo: temos escolas que são referência, mas temos outras que são absolutamente desastradas. Se você pegar no interior, em determinados rincões, a educação não é prestada com qualidade. E como podemos mudar isso? Primeiro, avaliação da estrutura física destes colégios. Segundo, qualificação dos professores. É bem verdade que nos últimos anos, se olharmos o primeiro e o segundo governo do Marconi, tivemos uma qualificação um pouco melhor, mas ainda precisa de constantes cursos de treinamento para professores, modernização na forma didática de transmitir conhecimento aos alunos, dar aos estudantes oportunidades de acesso a novas mídias.

A oportunidade é o segundo pilar básico de nossa proposta à sociedade. Geração de oportunidades. É oportunidade ao jovem, ao adulto, ao cidadão de modo geral, de modo que ele possa ascender na vida. Em determinadas regiões do Estado existem demandas extremas de geração de emprego. Por exemplo, sou do nordeste goiano. Nunca tivemos um projeto global e eficiente de desenvolvimento da região. É hora de propiciarmos isso.

O HOJE – O acerto do DEM com o PSDB se arrastou até o final do prazo estipulado para formação das coligações. O que representa para o PSDB a chegada do DEM?

José Eliton – Quanto ao posicionamento ideológico, a aliança em âmbito nacional está sendo repetida em Goiás. Do ponto de vista de ganho político, o Democratas hoje tem duas figuras emblemáticas. Uma é o senador Demóstenes Torres e a outra é o deputado federal Ronaldo Caiado. Demóstenes encorpa a campanha porque tem grande visibilidade, atuação parlamentar absolutamente eficiente e reconhecida por todos os goianos. Junto com a senadora Lúcia Vânia (PSDB), engrandecem a coligação. Tivemos também a anuência do presidente da sigla (Caiado), que, apesar de estar em campanha solo, deixou o partido decidir de forma histórica, principalmente do ponto de vista de seu líder com os liderados. Sem falar no tempo de televisão que agregou para o partido do senador Marconi. O DEM também quer que suas ideias sejam aplicadas no governo de Goiás. Em 2006, na campanha de Demóstenes, a nossa bandeira principal era a escola em tempo integral. O senador Marconi também tem este pensamento e o incorporou ao projeto de governo. Queremos implantar efetivamente as escolas em tempo integral. Não sabemos se vamos implantar esta política em todas as escolas de Goiás nos próximos quatro anos, mas vamos fazer o máximo.

O HOJE – O fato de o nome do senhor não ser conhecido não atrapalha em suas viagens, ao fazer campanha sem o Marconi?

José Eliton – Nunca participei de campanha como candidato, mas sempre participei nos bastidores. Tenho visão sobre política. Em 98, nós ajudamos a coordenar a campanha de Marconi no nordeste goiano. Político tem de mudar um pouco a forma do contato com as pessoas. Acabou aquela coisa de tapinha nas costas, fala melosa. Isso funcionava há 50 anos. Hoje, as pessoas querem respeito, serem ouvidas, discutir olho no olho, falar não quando é não, dizer sim, quando é sim. Esta relação franca e aberta é que está construindo esse caminho. Sou absolutamente feliz, pois na coligação que estou inserido tenho tido uma receptividade muito boa. Todos estão me ajudando e estou aprendendo muito. Quero ser um elemento de absoluta união e contribuir efetivamente com o governo.

O HOJE – O mais difícil na campanha é falar não para as pessoas?

José Eliton – Falar não, não é difícil. A pessoa compreende quando o não é sincero, é correto, quando não pode fazer. O mais lamentável na política é empurrar com a barriga, enrolar. Isso é ruim. Milagre ninguém faz. Tem de acabar com estas histórias de que vou acabar com isso, vou resolver isso. Tem de fazer o que pode ser feito. Política tem de ser tratada com seriedade. Quando a pessoa ouve uma proposta real, factível, ela sabe, no íntimo dela, que aquilo pode ser construído.

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