Entorno
ELEIÇÕES 2010
Entorno volta a ser alvo dos adversários de Marconi
O Entorno do Distrito Federal está se tornando o território escolhido para a grande batalha entre o senador Marconi Perillo (PSDB) e as forças políticas que tentam uma terceira via. Como o PMDB já demarcou o território, tendo o prefeito Iris Rezende como o provável candidato ao governo ou, numa hipótese remota, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, lideranças ligadas ao governador Alcides Rodrigues (PP) investem todo o potencial político e prestígio nas cidades do Entorno. Segundo as pesquisas, o território é dominado pelo tucano que, até agora, reina absoluto nas intenções de votos para o governo de Goiás.
Com a série de denúncias atingindo o coração do governo de José Roberto Arruda (sem partido), os adversários de Marconi Perillo avaliam que o tucano, sem a generosidade do DF, não terá como fazer um contraponto às investidas do grupo ligado aos governos federal (leia-se, presidente Lula) e Alcides. “Nosso objetivo é isolar Marconi aproveitando o desastre político que se abateu sobre o DEM do DF, que era a principal via de abastecimento do prestígio de Marconi na região, e reverter a nosso favor”, conta uma liderança ligada ao governador Alcides e aos interesses políticos do PT no Entorno.
Os sinais dessa estratégia são claros, começando pela peregrinação do secretário de Infraestrutura, Sérgio Caiado (PP) e pelos áulicos do deputado federal Ronaldo Caiado desafeto público de Marconi. Soma-se a este pelotão, a investida discreta do ex-governador e pré-candidato ao governo do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC), na seara tucana. “Em Luziânia, é tida como certa, uma aliança entre Roriz e o prefeito Célio Silveira (PSDB) visando a reeleição do deputado federal Marcelo Melo (PMDB)”, contou um vereador ligado ao prefeito. Se realmente acontecer esta aliança, pode se extrair duas leituras: ou Marconi realmente está sendo canibalizado pelo principal aliado na região e perdendo forças, ou Roriz e ele fizeram um acordo de cavalheiros (se é que existe isso em política), mantendo Luziânia fora da arena de luta.
Talvez essa lógica esteja ligada ao fato de que Joaquim Roriz foi fundamental na reeleição de Célio Silveira, quando detonou a candidatura do amigo e aliado de primeira hora, Edmar Braz, favorecendo o tucano. Como Roriz é aliado de Iris Rezende, até o momento o principal adversário de Marconi, tudo indica que, para não deixar Célio Silveira numa saia justa, ou seja, apoiar o senador e ir contra Roriz ou o inverso, a solução talvez seja deixar o barco correr para ver em que margem vai ancorar.
Sandro Mabel marca território para se credenciar como candidato da terceira via
No rastro de Sérgio Caiado, portanto, mais uma pedra no sapato de Marconi, quem desembarcou na sexta-feira, 22, em Águas Lindas, comandada pelo prefeito pepista Geraldo Messias, foi o deputado Sandro Mabel (PR). O pano de fundo foi a realização de vistoria nas obras da BR-070, que estão sendo executadas pelo governo federal na cidade.
Mabel estava acompanhado do superintendente Regional do Dnit, Alfredo Neto, e dos diretores da empresa que executa as obras no município. Alfredo e Mabel anunciaram a construção de duas passarelas: uma na altura do Jardim Guairá, outra no Setor Pérola. Ao todo, serão construídas cinco passarelas ao longo da BR que corta a cidade ao meio. As passarelas anunciadas por Mabel deverão ser entregues no final de março.
As andanças do deputado Sandro Mabel pelo Entorno não são “apenas para ver o andamento de obras”. Trata-se de uma bem orquestrada estratégia para mostrar aos escudeiros de Marconi que “ele não reina sozinho no pedaço”, frase ouvida por um dos aliados de Mabel. O deputado também quer ter mais visibilidade para mostrar ao governador Alcides Rodrigues que ele tem todas as credenciais para encabeçar a terceira via. O raciocínio do Palácio das Esmeraldas é simples: tendo um candidato apoiado pelo governador Alcides, a polarização entre Marconi e Iris pode ser quebrada, já que o governo de Goiás vai investir muito nos municípios, principalmente nos prefeitos aliados.
O grito de Messias — O prefeito Geraldo Messias, dentro do clima político de desabafo, soltou a voz contra os adversários que “não admitem ter sido derrotados pelo povo”. A indignação de Messias é motivada pelas críticas que os adversários têm feito, dizendo que as obras que estão sendo realizadas no município são do governo federal ou do Estado, em parceria com o Distrito Federal. “Se não tiver prefeito, vereadores e deputados envolvidos na busca destes recursos, estas obras não seriam realizadas nunca. Passamos o ano todo negociando dívidas deixadas pelos nossos adversários, pagando fornecedores e reconstruindo o caos que esta administração herdou”.
Messias disse também que um de seus maiores compromissos “é o resgate da auto-estima do povo de Águas Lindas que já tinha perdido as esperanças de ter uma cidade com uma gestão honesta e voltada para os interesses do município”.
O prefeito disse que fez o dever de casa e conseguiu, até agora, investimentos na duplicação da BR-070 que somam mais R$ 100 milhões e mais R$ 140 milhões que serão investidos em ifraestrutura de água, esgoto e asfalto em 70% da cidade. Messias também fez uma comparação do primeiro governo do presidente Lula, “onde todos achavam que ele seria um péssimo presidente, e agora, sete anos depois quando atinge a marca de quase 90% de aprovação”.
Em seu discurso, Mabel lembrou de sua luta pela duplicação da BR-070 “que ficou mais de sete anos presa aos entraves burocráticos para sair do papel”. Outro que teceu elogios ao deputado foi o vereador Rogemberg Barbosa, principal parceiro político de Mabel no município. Ele agradeceu o empenho na execução da obra e repetiu a frase de Alcides, quando ele esteve recentemente em Águas Lindas: “Sandro Mabel é uma boa idéia para Goiás”.
Roriz precisa explicar orçamento bilionário que entregou a Durval Barbosa na Codeplan
Antes de partir para a campanha de 2010, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) passará os próximos dias cuidando de sua blindagem quanto ao escândalo que envolveu o governo do DF. Beneficiário do instituto da delação premiada, pivô da investigação da Polícia Federal e responsável pelas filmagens que chocaram a opinião pública, o ex-secretário Durval Barbosa é vinculado diretamente a Roriz. Foi no governo anterior (e não no de José Roberto Arruda) que Barbosa teve maior influência nos cofres do DF.
Roriz precisará explicar, por exemplo, por que manteve Durval Barbosa, mesmo sabendo que sua gestão na Codeplan era alvo de mais de 30 processos. Durante o governo Roriz, Barbosa administrou R$ 1,79 bilhão em contratos sobre os quais pairam suspeitas de dispensa ilegal de licitação e superfaturamento. A história fica mais complicada para o ex-governador quando se sabe que, já na administração de Arruda, os repasses para as empresas vinculadas à Codeplan sofreram redução de 70%. Esse cálculo foi publicado pelo “Correio Braziliense”, na quarta-feira, 23.
PESQUISA
Maioria da população do DF prefere que Arruda continue no governo
Mesmo em meio a uma crise política sem precedentes na história de Brasília, o governador José Roberto Arruda ainda mantém a aprovação de seu governo em torno de 50%, conforme pesquisa do Instituto Exata, divulgada esta semana.
De acordo com o blog da jornalista Paola Lima, o instituto ouviu 2.684 eleitores, entre os dias 17 e 20 de dezembro. Quando perguntados se o governador deveria concluir a administração, deram as seguintes respostas:
Deve concluir o governo - 49,3%
Deve sair imediatamente - 45,9%
Não souberam responder - 4,8%
Na descrição das respostas por cidade, mais de 80% dos entrevistados das áreas rurais de Planaltina (como Mestre D´Armas, Vale do Amanhecer, Arapoanga e Vila Pacheco), da Estrutural e de Brazlândia defenderam a continuidade do governo Arruda. Já nos Gama, Ceilândia e Lago Sul, os entrevistados prefeririam que o governador saísse imediatamente (mais de 65% dos votos). Em Sobradinho I e II, foi alto o índice de indecisos — cerca de 20% dos ouvidos nas entrevistas. A margem de erro da pesquisa é de 3,2%
Outro detalhe que chamou a atenção foi o de o brasiliense não ter vergonha de morar no Distrito Federal, apesar de todas as denúncias que enlamearam o cenário político da capital. Em Ceilândia, o índice de moradores felizes com o DF chega a 95%. No Plano Piloto, a média é de 90%. Os resultados fazem parte de uma extensa pesquisa encomendada pelo PT-DF ao Instituto Dados, que será divulgada nesta quarta-feira. Realizada em um final de semana com 1,5 mil entrevistados, a pesquisa fez um apanhado do sentimento da população com relação à crise.
“Fiquei feliz com o resultado em Ceilândia. Há 30 anos as pessoas tinham vergonha de dizer que moravam lá, hoje são as que mais se orgulham do DF”, diz o presidente do PT, Chico Vigilante. Sudoeste e Sobradinho foram as cidades com maior índice de insatisfação: 30% dos entrevistados disseram ter vergonha de viver no DF.
FORMOSA
Bruno Opa, o incinerador de problemas
O prefeito de Formosa, Pedro Ivo (PP), é da nova safra de gestores públicos que fogem à regra dos políticos tradicionais: moderno, sem ostentar vaidade ou ditar regras, mas costurando alianças com a sociedade. “Não fui eleito só para administrar uma parcela do município ou só as pessoas que votam em mim. A responsabilidade transcende os interesses de meu grupo”.
Para o secretário de Promoção e Igualdade Racial, Edmilson Bispo dos Santos, Pedro Ivo administra o município sem discriminar qualquer estrato social, mesmo os que o criticam, ou vêem com indiferença “os avanços conquistados neste primeiro ano de mandato”.
Um exemplo de como Pedro Ivo modernizou a gestão pode ser auferido nas diversas secretarias que compõem a administração municipal. Todos os secretários são orientados para que os cidadãos tenham seus pedidos atendidos sem dissimulação ou mentiras, conta Edmilson. Entre os auxiliares de Pedro Ivo o secretário de Negócios Jurídicos, Bruno Jorge Opa, vem se destacando como um dos mais articulados e “incinerador de problemas”, como o definiu o amigo.
Entre as várias missões delegadas ao secretário Bruno, a mais complicada foi resolver os problemas fundiários do município. “O desafio de recadastrar os moradores do bairro Bosque 2, uma área pertencente à União, foi o mais complicado, do ponto de vista jurídico. A área pertencia ao governo federal e o prefeito Pedro Ivo teve de negociar politicamente para podermos legalizar a posse dos moradores. Esse processo é complicado e demanda várias consultas nos órgãos federais, principalmente, fiscalizadores”, relata Bruno. O Parque do Lago, uma área com 500 lotes, está sendo regularizada pela prefeitura.
A Lagoa do Santos é outra área que a prefeitura está formalizando a documentação. “Estamos com quase 80% das negociações concluídas para a regulamentação do bairro, ”A orientação do prefeito é para que Formosa não tenha invasões, pois estas áreas dificilmente podem receber benefícios públicos já que são ilegais”. Bruno observa que se a área ou assentamento estiver ilegal, “não tem como o poder público levar qualquer tipo de infraestrutura. Também seria como emitir uma senha para novas invasões, criando-se um círculo vicioso”, adverte.
A preocupação do prefeito Pedro Ivo e de seu secretário jurídico, procede. O Brasil tem um déficit habitacional calculado em 7,5 milhões de famílias, algo em torno de 28 milhões de pessoas morando precariamente sem o mínimo de conforto. Isto sem contar a falta de saneamento básico como água tratada e rede de esgoto, sem contar sequer com energia. De acordo com o Ministério das Cidades, são três as categorias de excluídos: A primeira é formada por milhões de famílias que sonham com a casa própria, mas não têm renda ou acesso a financiamento para comprá-la. Pagam aluguel ou vivem de favor na casa de parentes.
O segundo grupo são os moradores das favelas. Muitos até têm casa, de tijolo e cimento, mas vivem precariamente, sem água encanada, luz e rede de esgoto. A terceira categoria, em situação mais dramática, é constituída por cerca de 1,3 milhão de famílias que vivem amontoadas em lugares indignos, como barracos de lona ou madeira, carroças e grutas. São estes os problemas que o prefeito Pedro Ivo e seu secretário de Negócios Jurídicos, Bruno Opa lutam para que Formosa consiga erradicar.
CRÉDITO POPULAR
Negócio Legal fecha o ano com R$ 1 milhão em empréstimos
Última remessa do benefício dado pelo programa Negócio Legal fecha o ano com R$ 1 milhão em empréstimos. Em 2009 foram distribuídos 15,7 milhões para 2 mil contratos firmados. Programa será empliado em 2010. A Secretaria de Trabalho entregou, na terça-feira, 22, mais 142 cartas de crédito do programa Negócio Legal. Foi a última remessa de empréstimos do ano. O valor do benefício chegou a R$ 1.081.291, divido em parcelas que vão de R$ 100 a R$ 10 mil para pessoas físicas, R$ 22 mil para pessoa jurídica e R$ 50 mil para cooperativas. Em 2009, o programa distribuiu R$ 15,7 milhões para 2.084 contratos firmados.
O Negócio Legal é uma linha de financiamento subsidiada pelo Fundo de Geração de Emprego e Renda (Funger), do GDF. A concessão é feita de forma fácil e rápida, com juros de 0,76% para investimentos e 0,86% para capital de giro. Isso representa 6% de juros ao ano para aqueles que procuram a Setrab em busca de ajuda para montar ou ampliar o próprio negócio.
De acordo com secretário de Trabalho, Rodrigo Delmasso, o programa favorece a formalização dos micro e pequenos empresários e ainda ajuda a criar novos postos de trabalho com carteira assinada. Segundo ele, para cada empréstimo há pelo menos três famílias (com três pessoas) envolvidas direta e indiretamente. Por isso, os cálculos da Setrab são de que pelo menos 18,7 mil pessoas foram beneficiadas.
É o caso de Maria das Graças Nobrega, 52. Há dois anos ela pegou o primeiro empréstimo com o Negócio Legal, no valor de R$ 5 mil. De lá para cá, viu a empresa de enxovais crescer, saindo do quintal de casa para uma pequena sala comercial na cidade onde mora, em Santa Maria. “O negócio triplicou e ainda pude arrumar uma ocupação para a família. Ainda tenho fé de que podemos crescer mais”, contou ela, que renovou o empréstimo, agora de R$ 10 mil.
Para obter o financiamento a pessoa tem de residir no DF há mais de três anos, ter experiência na atividade executada há mais de seis meses, não ter restrição no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) e apresentar avalista com renda superior a três vezes o valor da parcela. Segundo Delmasso, o programa será ampliado em 2010 e passará a se chamar Banco do Povo. A expectativa é de que o número de pessoas beneficiadas diretamente passe de 18,7 mil para 50 mil. Além disso, a Setrab espera aumentar o número de servidores que trabalham no projeto. Em 2009, os 2.084 contratos foram feitos por apenas 15 agentes em dois postos no DF — um em Taguatinga e outro no Plano Piloto. A quantidade de agentes deve subir para 65 e o número de postos chegará a 18.
ELEIÇÕES 2010
Entorno volta a ser alvo dos adversários de Marconi
O Entorno do Distrito Federal está se tornando o território escolhido para a grande batalha entre o senador Marconi Perillo (PSDB) e as forças políticas que tentam uma terceira via. Como o PMDB já demarcou o território, tendo o prefeito Iris Rezende como o provável candidato ao governo ou, numa hipótese remota, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, lideranças ligadas ao governador Alcides Rodrigues (PP) investem todo o potencial político e prestígio nas cidades do Entorno. Segundo as pesquisas, o território é dominado pelo tucano que, até agora, reina absoluto nas intenções de votos para o governo de Goiás.
Com a série de denúncias atingindo o coração do governo de José Roberto Arruda (sem partido), os adversários de Marconi Perillo avaliam que o tucano, sem a generosidade do DF, não terá como fazer um contraponto às investidas do grupo ligado aos governos federal (leia-se, presidente Lula) e Alcides. “Nosso objetivo é isolar Marconi aproveitando o desastre político que se abateu sobre o DEM do DF, que era a principal via de abastecimento do prestígio de Marconi na região, e reverter a nosso favor”, conta uma liderança ligada ao governador Alcides e aos interesses políticos do PT no Entorno.
Os sinais dessa estratégia são claros, começando pela peregrinação do secretário de Infraestrutura, Sérgio Caiado (PP) e pelos áulicos do deputado federal Ronaldo Caiado desafeto público de Marconi. Soma-se a este pelotão, a investida discreta do ex-governador e pré-candidato ao governo do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC), na seara tucana. “Em Luziânia, é tida como certa, uma aliança entre Roriz e o prefeito Célio Silveira (PSDB) visando a reeleição do deputado federal Marcelo Melo (PMDB)”, contou um vereador ligado ao prefeito. Se realmente acontecer esta aliança, pode se extrair duas leituras: ou Marconi realmente está sendo canibalizado pelo principal aliado na região e perdendo forças, ou Roriz e ele fizeram um acordo de cavalheiros (se é que existe isso em política), mantendo Luziânia fora da arena de luta.
Talvez essa lógica esteja ligada ao fato de que Joaquim Roriz foi fundamental na reeleição de Célio Silveira, quando detonou a candidatura do amigo e aliado de primeira hora, Edmar Braz, favorecendo o tucano. Como Roriz é aliado de Iris Rezende, até o momento o principal adversário de Marconi, tudo indica que, para não deixar Célio Silveira numa saia justa, ou seja, apoiar o senador e ir contra Roriz ou o inverso, a solução talvez seja deixar o barco correr para ver em que margem vai ancorar.
Sandro Mabel marca território para se credenciar como candidato da terceira via
No rastro de Sérgio Caiado, portanto, mais uma pedra no sapato de Marconi, quem desembarcou na sexta-feira, 22, em Águas Lindas, comandada pelo prefeito pepista Geraldo Messias, foi o deputado Sandro Mabel (PR). O pano de fundo foi a realização de vistoria nas obras da BR-070, que estão sendo executadas pelo governo federal na cidade.
Mabel estava acompanhado do superintendente Regional do Dnit, Alfredo Neto, e dos diretores da empresa que executa as obras no município. Alfredo e Mabel anunciaram a construção de duas passarelas: uma na altura do Jardim Guairá, outra no Setor Pérola. Ao todo, serão construídas cinco passarelas ao longo da BR que corta a cidade ao meio. As passarelas anunciadas por Mabel deverão ser entregues no final de março.
As andanças do deputado Sandro Mabel pelo Entorno não são “apenas para ver o andamento de obras”. Trata-se de uma bem orquestrada estratégia para mostrar aos escudeiros de Marconi que “ele não reina sozinho no pedaço”, frase ouvida por um dos aliados de Mabel. O deputado também quer ter mais visibilidade para mostrar ao governador Alcides Rodrigues que ele tem todas as credenciais para encabeçar a terceira via. O raciocínio do Palácio das Esmeraldas é simples: tendo um candidato apoiado pelo governador Alcides, a polarização entre Marconi e Iris pode ser quebrada, já que o governo de Goiás vai investir muito nos municípios, principalmente nos prefeitos aliados.
O grito de Messias — O prefeito Geraldo Messias, dentro do clima político de desabafo, soltou a voz contra os adversários que “não admitem ter sido derrotados pelo povo”. A indignação de Messias é motivada pelas críticas que os adversários têm feito, dizendo que as obras que estão sendo realizadas no município são do governo federal ou do Estado, em parceria com o Distrito Federal. “Se não tiver prefeito, vereadores e deputados envolvidos na busca destes recursos, estas obras não seriam realizadas nunca. Passamos o ano todo negociando dívidas deixadas pelos nossos adversários, pagando fornecedores e reconstruindo o caos que esta administração herdou”.
Messias disse também que um de seus maiores compromissos “é o resgate da auto-estima do povo de Águas Lindas que já tinha perdido as esperanças de ter uma cidade com uma gestão honesta e voltada para os interesses do município”.
O prefeito disse que fez o dever de casa e conseguiu, até agora, investimentos na duplicação da BR-070 que somam mais R$ 100 milhões e mais R$ 140 milhões que serão investidos em ifraestrutura de água, esgoto e asfalto em 70% da cidade. Messias também fez uma comparação do primeiro governo do presidente Lula, “onde todos achavam que ele seria um péssimo presidente, e agora, sete anos depois quando atinge a marca de quase 90% de aprovação”.
Em seu discurso, Mabel lembrou de sua luta pela duplicação da BR-070 “que ficou mais de sete anos presa aos entraves burocráticos para sair do papel”. Outro que teceu elogios ao deputado foi o vereador Rogemberg Barbosa, principal parceiro político de Mabel no município. Ele agradeceu o empenho na execução da obra e repetiu a frase de Alcides, quando ele esteve recentemente em Águas Lindas: “Sandro Mabel é uma boa idéia para Goiás”.
Roriz precisa explicar orçamento bilionário que entregou a Durval Barbosa na Codeplan
Antes de partir para a campanha de 2010, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) passará os próximos dias cuidando de sua blindagem quanto ao escândalo que envolveu o governo do DF. Beneficiário do instituto da delação premiada, pivô da investigação da Polícia Federal e responsável pelas filmagens que chocaram a opinião pública, o ex-secretário Durval Barbosa é vinculado diretamente a Roriz. Foi no governo anterior (e não no de José Roberto Arruda) que Barbosa teve maior influência nos cofres do DF.
Roriz precisará explicar, por exemplo, por que manteve Durval Barbosa, mesmo sabendo que sua gestão na Codeplan era alvo de mais de 30 processos. Durante o governo Roriz, Barbosa administrou R$ 1,79 bilhão em contratos sobre os quais pairam suspeitas de dispensa ilegal de licitação e superfaturamento. A história fica mais complicada para o ex-governador quando se sabe que, já na administração de Arruda, os repasses para as empresas vinculadas à Codeplan sofreram redução de 70%. Esse cálculo foi publicado pelo “Correio Braziliense”, na quarta-feira, 23.
PESQUISA
Maioria da população do DF prefere que Arruda continue no governo
Mesmo em meio a uma crise política sem precedentes na história de Brasília, o governador José Roberto Arruda ainda mantém a aprovação de seu governo em torno de 50%, conforme pesquisa do Instituto Exata, divulgada esta semana.
De acordo com o blog da jornalista Paola Lima, o instituto ouviu 2.684 eleitores, entre os dias 17 e 20 de dezembro. Quando perguntados se o governador deveria concluir a administração, deram as seguintes respostas:
Deve concluir o governo - 49,3%
Deve sair imediatamente - 45,9%
Não souberam responder - 4,8%
Na descrição das respostas por cidade, mais de 80% dos entrevistados das áreas rurais de Planaltina (como Mestre D´Armas, Vale do Amanhecer, Arapoanga e Vila Pacheco), da Estrutural e de Brazlândia defenderam a continuidade do governo Arruda. Já nos Gama, Ceilândia e Lago Sul, os entrevistados prefeririam que o governador saísse imediatamente (mais de 65% dos votos). Em Sobradinho I e II, foi alto o índice de indecisos — cerca de 20% dos ouvidos nas entrevistas. A margem de erro da pesquisa é de 3,2%
Outro detalhe que chamou a atenção foi o de o brasiliense não ter vergonha de morar no Distrito Federal, apesar de todas as denúncias que enlamearam o cenário político da capital. Em Ceilândia, o índice de moradores felizes com o DF chega a 95%. No Plano Piloto, a média é de 90%. Os resultados fazem parte de uma extensa pesquisa encomendada pelo PT-DF ao Instituto Dados, que será divulgada nesta quarta-feira. Realizada em um final de semana com 1,5 mil entrevistados, a pesquisa fez um apanhado do sentimento da população com relação à crise.
“Fiquei feliz com o resultado em Ceilândia. Há 30 anos as pessoas tinham vergonha de dizer que moravam lá, hoje são as que mais se orgulham do DF”, diz o presidente do PT, Chico Vigilante. Sudoeste e Sobradinho foram as cidades com maior índice de insatisfação: 30% dos entrevistados disseram ter vergonha de viver no DF.
FORMOSA
Bruno Opa, o incinerador de problemas
O prefeito de Formosa, Pedro Ivo (PP), é da nova safra de gestores públicos que fogem à regra dos políticos tradicionais: moderno, sem ostentar vaidade ou ditar regras, mas costurando alianças com a sociedade. “Não fui eleito só para administrar uma parcela do município ou só as pessoas que votam em mim. A responsabilidade transcende os interesses de meu grupo”.
Para o secretário de Promoção e Igualdade Racial, Edmilson Bispo dos Santos, Pedro Ivo administra o município sem discriminar qualquer estrato social, mesmo os que o criticam, ou vêem com indiferença “os avanços conquistados neste primeiro ano de mandato”.
Um exemplo de como Pedro Ivo modernizou a gestão pode ser auferido nas diversas secretarias que compõem a administração municipal. Todos os secretários são orientados para que os cidadãos tenham seus pedidos atendidos sem dissimulação ou mentiras, conta Edmilson. Entre os auxiliares de Pedro Ivo o secretário de Negócios Jurídicos, Bruno Jorge Opa, vem se destacando como um dos mais articulados e “incinerador de problemas”, como o definiu o amigo.
Entre as várias missões delegadas ao secretário Bruno, a mais complicada foi resolver os problemas fundiários do município. “O desafio de recadastrar os moradores do bairro Bosque 2, uma área pertencente à União, foi o mais complicado, do ponto de vista jurídico. A área pertencia ao governo federal e o prefeito Pedro Ivo teve de negociar politicamente para podermos legalizar a posse dos moradores. Esse processo é complicado e demanda várias consultas nos órgãos federais, principalmente, fiscalizadores”, relata Bruno. O Parque do Lago, uma área com 500 lotes, está sendo regularizada pela prefeitura.
A Lagoa do Santos é outra área que a prefeitura está formalizando a documentação. “Estamos com quase 80% das negociações concluídas para a regulamentação do bairro, ”A orientação do prefeito é para que Formosa não tenha invasões, pois estas áreas dificilmente podem receber benefícios públicos já que são ilegais”. Bruno observa que se a área ou assentamento estiver ilegal, “não tem como o poder público levar qualquer tipo de infraestrutura. Também seria como emitir uma senha para novas invasões, criando-se um círculo vicioso”, adverte.
A preocupação do prefeito Pedro Ivo e de seu secretário jurídico, procede. O Brasil tem um déficit habitacional calculado em 7,5 milhões de famílias, algo em torno de 28 milhões de pessoas morando precariamente sem o mínimo de conforto. Isto sem contar a falta de saneamento básico como água tratada e rede de esgoto, sem contar sequer com energia. De acordo com o Ministério das Cidades, são três as categorias de excluídos: A primeira é formada por milhões de famílias que sonham com a casa própria, mas não têm renda ou acesso a financiamento para comprá-la. Pagam aluguel ou vivem de favor na casa de parentes.
O segundo grupo são os moradores das favelas. Muitos até têm casa, de tijolo e cimento, mas vivem precariamente, sem água encanada, luz e rede de esgoto. A terceira categoria, em situação mais dramática, é constituída por cerca de 1,3 milhão de famílias que vivem amontoadas em lugares indignos, como barracos de lona ou madeira, carroças e grutas. São estes os problemas que o prefeito Pedro Ivo e seu secretário de Negócios Jurídicos, Bruno Opa lutam para que Formosa consiga erradicar.
CRÉDITO POPULAR
Negócio Legal fecha o ano com R$ 1 milhão em empréstimos
Última remessa do benefício dado pelo programa Negócio Legal fecha o ano com R$ 1 milhão em empréstimos. Em 2009 foram distribuídos 15,7 milhões para 2 mil contratos firmados. Programa será empliado em 2010. A Secretaria de Trabalho entregou, na terça-feira, 22, mais 142 cartas de crédito do programa Negócio Legal. Foi a última remessa de empréstimos do ano. O valor do benefício chegou a R$ 1.081.291, divido em parcelas que vão de R$ 100 a R$ 10 mil para pessoas físicas, R$ 22 mil para pessoa jurídica e R$ 50 mil para cooperativas. Em 2009, o programa distribuiu R$ 15,7 milhões para 2.084 contratos firmados.
O Negócio Legal é uma linha de financiamento subsidiada pelo Fundo de Geração de Emprego e Renda (Funger), do GDF. A concessão é feita de forma fácil e rápida, com juros de 0,76% para investimentos e 0,86% para capital de giro. Isso representa 6% de juros ao ano para aqueles que procuram a Setrab em busca de ajuda para montar ou ampliar o próprio negócio.
De acordo com secretário de Trabalho, Rodrigo Delmasso, o programa favorece a formalização dos micro e pequenos empresários e ainda ajuda a criar novos postos de trabalho com carteira assinada. Segundo ele, para cada empréstimo há pelo menos três famílias (com três pessoas) envolvidas direta e indiretamente. Por isso, os cálculos da Setrab são de que pelo menos 18,7 mil pessoas foram beneficiadas.
É o caso de Maria das Graças Nobrega, 52. Há dois anos ela pegou o primeiro empréstimo com o Negócio Legal, no valor de R$ 5 mil. De lá para cá, viu a empresa de enxovais crescer, saindo do quintal de casa para uma pequena sala comercial na cidade onde mora, em Santa Maria. “O negócio triplicou e ainda pude arrumar uma ocupação para a família. Ainda tenho fé de que podemos crescer mais”, contou ela, que renovou o empréstimo, agora de R$ 10 mil.
Para obter o financiamento a pessoa tem de residir no DF há mais de três anos, ter experiência na atividade executada há mais de seis meses, não ter restrição no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) e apresentar avalista com renda superior a três vezes o valor da parcela. Segundo Delmasso, o programa será ampliado em 2010 e passará a se chamar Banco do Povo. A expectativa é de que o número de pessoas beneficiadas diretamente passe de 18,7 mil para 50 mil. Além disso, a Setrab espera aumentar o número de servidores que trabalham no projeto. Em 2009, os 2.084 contratos foram feitos por apenas 15 agentes em dois postos no DF — um em Taguatinga e outro no Plano Piloto. A quantidade de agentes deve subir para 65 e o número de postos chegará a 18.
Jornal Opção
Editorial
Quadro quase definido
Se depender do presidente Lula, o prefeito Iris Rezende e o governador Alcides Rodrigues vão subir no mesmo palanque no primeiro turno. Marconi tenta escapar ao insulamento político
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, é, como legítimo herdeiro de Tancredo Neves, um político pragmático. Apesar de seu rosto algo angelical, sabe jogar tão duro quanto o governador de São Paulo, José Serra. O jovem tucano quer ter presença nacional, mas sabe que a vida política começa nos Estados. Na província, segundo pesquisa do Datafolha, o pré-candidato de Aécio a governador, Antonio Anastasia (PSDB), aparece em terceiro lugar, atrás 21 pontos de Hélio Costa (PMDB) e nove pontos de Fernando Pimentel (PT). Anastasia é o técnico que todos responsabilizam pelo sucesso do governo Aécio, mas, como político, não funciona. Pode-se dizer que Anastasia é a Dilma Rousseff, o poste, de Aécio. Ao retornar a Minas, depois do périplo nacional, Aécio mandou um recado aos opositores locais. Está de volta para tentar eleger o governador e pelo menos um dos senadores, ele próprio ou algum aliado. Sem o governador e mais um senador, o PSDB mineiro perderia força no cenário nacional. De que adianta ser vice de José Serra, com este eleito ou derrotado, sem sustentação provincial? Os jogos locais são, para a maioria dos políticos, mais importantes que a mais visível eleição para a Presidência da República.
O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), é um articulador tão hábil quanto Tancredo Neves e, no geral, superior a Aécio Neves. Um dos motivos de sua derrota para o governo em 1998 tem a ver com o fato de ter deixado a hegemonia da política local para outro líder, Maguito Vilela, e ter se dedicado à política nacional, como senador e ministro. Hoje, num cenário muito mais favorável, por conta de sua competente e modernizante administração na prefeitura, Iris está muito mais atento. O prefeito tem o que mostrar localmente e exibe sua faceta de hábil articulador político. Ao se unir ao presidente Lula da Silva e conquistar a filiação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles — que também era cobiçado pelo PP do governador Alcides Rodrigues —, Iris sinalizou uma abertura política bem ampla. Indicou aos políticos de Goiás que quer participar da construção de uma frente política com o objetivo de reconquistar o poder e, sobretudo, de tentar impedir ao volta do senador Marconi Perillo ao governo.
Filiado ao PP, Meirelles dificilmente obteria o apoio do PMDB de Iris, Maguito Vilela e Adib Elias. Porque o PMDB, mesmo estando fora do poder, é o maior partido do Estado e tem líderes históricos. Se não disputar o governo, o partido ficará menor e se tornará caudatário. Filiado ao PMDB, Meirelles, mesmo que não seja candidato a governador, pode ser um instrumento poderoso para possibilitar a formatação de uma frente política com o objetivo de tentar decidir o pleito no primeiro turno.
Meirelles, mesmo não tendo se filiado ao PP, dialoga com o governador Alcides com frequência e contribui para a negociação da Celg com a Eletrobrás. É um aliado administrativo de Alcides e, em 2010, poderá se tornar um aliado político, como candidato a governador ou mesmo como candidato a senador. Meirelles é, por assim dizer, a ponte entre o PMDB de Iris e o PP de Alcides. Não só. É também uma ponte de Lula na tentativa de construir uma frente política com o objetivo de resolver a parada no primeiro turno. Se quiser disputar o governo, se demonstrar que tem vontade e energia, Meirelles será candidato. É o que Iris tem lhe dito, de modo convicto. O próprio Meirelles tem elogiado, publicamente, a “conduta exemplar” e a “lealdade” de Iris. O que o prefeito tem sugerido, e com razão, é que o nome do candidato seja antecipado, para criar expectativa eleitoral, sobretudo em termos de definição. O objetivo é motivar a militância e, é claro, o eleitorado. Porque já há um candidato definido, Marconi Perillo, que, enraizado em todo o Estado, é muito forte politicamente. Sem o contraponto, o tucano tende a se fortalecer ainda mais.
Nas suas entrevistas, Meirelles tem frisado que o presidente Lula tem pedido que fique no Banco Central até 2010. Se fosse um político nato, Meirelles diria “não” imediatamente. Como não é, está indeciso e parece não se preocupar em ficar sem mandato entre 2011 e 2014 — o que é impensável para qualquer outro político de proa. Numa entrevista ao jornal “O Globo” no domingo, 20, frisou que pode iniciar o ano de 2010 na iniciativa privada. Aliados do círculo íntimo confidenciam que, apesar de ter dito isto, Meirelles tem mesmo interesse em continuar na vida pública. Como sabe que Iris está motivado, e que está praticamente empatado com Marconi Perillo, dificilmente deixará de apoiar o prefeito para o governo. Portanto, as chances de disputar o Senado não são remotas. Disputando o Senado e tentando atrair o PP de Alcides para um composição com o PMDB, Meirelles estaria ajudando tanto seu partido quanto o projeto do presidente Lula, que é enfraquecer o PSDB nos Estados e, ao mesmo tempo, eleger Dilma para presidente.
Hoje, o candidato a governador do PMDB é o prefeito Iris. Sem nenhuma contestação. Retirá-lo da disputa pode ser uma aposta numa incógnita, é trocar o certo pelo duvidoso. Mais: Meirelles e Lula podem contribuir para atrair o PP para um apoio a Iris já no primeiro turno. Parece absurdo, mas não é.
Há evidências de que é possível uma composição ampla já no primeiro turno, com o objetivo de organizar as forças principalmente tendo em vista a eleição presidencial, porque acredita-se, entre os lulistas e petistas, que Serra e Dilma vão para um embate duríssimo no segundo turno. Um Iris eleito no primeiro turno, com o apoio de uma frente ampla, será importante na campanha de Dilma. Assim como as decisões noutros Estados. Lula quer isto: eleitos no palanque de Dilma dizendo que, se ela for eleita presidente, poderão governar com mais facilidade. É simples assim, mas não parece, por conta dos discursos que complicam o quadro.
A possibilidade de uma aliança entre Iris e Alcides já no primeiro turno, mesmo que o candidato seja Iris, e não Meirelles, não significa que tudo está definido. Não está. O governador Alcides Rodrigues, os deputados Sandro Mabel e Ronaldo Caiado, o ex-deputado Barbosa Neto, o presidente do PP, Sérgio Caiado, e o secretários Ernesto Roller (Segurança Pública) e Jorcelino Braga (Fazenda) planejam e trabalham para lançar um candidato do que chamam de “primeira via” e “via preferencial”. Não é papo nem jogo. O grupo organizou encontros recentes, deu demonstração de que pode unir prefeitos e líderes locais e quer mesmo lançar candidato a governador. Tem nomes e estrutura. Convém não subestimar o candidato que terá o apoio do governador.
O fato de a frente cujo líder é o governador Alcides não ter lançado um nome, até o momento, significa não exatamente que não tenha candidato ao governo. Mas sim que está examinando o quadro político e a possibilidade de uma aliança mais ampla, inclusive com o PMDB de Iris. Ao mesmo tempo, a frente liderada por Alcides demonstra que está se afastando definitivamente do senador Marconi Perillo e, mais, que está trabalhando para minar o apoio do tucano dentro da própria base aliada.
O quadro, portanto, está se definindo. De um lado, Marconi, com PSDB, PTB e PPS, de outro Iris (ou Meirelles), com o apoio de PMDB, PT, PDT e, se a costura de Lula der certo, PP, PR e PSB. A dúvida é o DEM, que, se depender do deputado Ronaldo Caiado, fica contra Marconi e compõe a frente. O fato é que está se processando uma tentativa de isolamento de Marconi. Por isso o tucano trabalha, de modo incessante, no interior e na capital, para manter o apoio de setores significativos de PP, DEM e PR. Dotado de uma energia física impressionante e articulador do primeiro time, o senador tenta escapar ao insulamento político. Como o habilidoso Aécio, Marconi sabe que a força na Corte depende da vitalidade na Província.
Quadro quase definido
Se depender do presidente Lula, o prefeito Iris Rezende e o governador Alcides Rodrigues vão subir no mesmo palanque no primeiro turno. Marconi tenta escapar ao insulamento político
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, é, como legítimo herdeiro de Tancredo Neves, um político pragmático. Apesar de seu rosto algo angelical, sabe jogar tão duro quanto o governador de São Paulo, José Serra. O jovem tucano quer ter presença nacional, mas sabe que a vida política começa nos Estados. Na província, segundo pesquisa do Datafolha, o pré-candidato de Aécio a governador, Antonio Anastasia (PSDB), aparece em terceiro lugar, atrás 21 pontos de Hélio Costa (PMDB) e nove pontos de Fernando Pimentel (PT). Anastasia é o técnico que todos responsabilizam pelo sucesso do governo Aécio, mas, como político, não funciona. Pode-se dizer que Anastasia é a Dilma Rousseff, o poste, de Aécio. Ao retornar a Minas, depois do périplo nacional, Aécio mandou um recado aos opositores locais. Está de volta para tentar eleger o governador e pelo menos um dos senadores, ele próprio ou algum aliado. Sem o governador e mais um senador, o PSDB mineiro perderia força no cenário nacional. De que adianta ser vice de José Serra, com este eleito ou derrotado, sem sustentação provincial? Os jogos locais são, para a maioria dos políticos, mais importantes que a mais visível eleição para a Presidência da República.
O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), é um articulador tão hábil quanto Tancredo Neves e, no geral, superior a Aécio Neves. Um dos motivos de sua derrota para o governo em 1998 tem a ver com o fato de ter deixado a hegemonia da política local para outro líder, Maguito Vilela, e ter se dedicado à política nacional, como senador e ministro. Hoje, num cenário muito mais favorável, por conta de sua competente e modernizante administração na prefeitura, Iris está muito mais atento. O prefeito tem o que mostrar localmente e exibe sua faceta de hábil articulador político. Ao se unir ao presidente Lula da Silva e conquistar a filiação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles — que também era cobiçado pelo PP do governador Alcides Rodrigues —, Iris sinalizou uma abertura política bem ampla. Indicou aos políticos de Goiás que quer participar da construção de uma frente política com o objetivo de reconquistar o poder e, sobretudo, de tentar impedir ao volta do senador Marconi Perillo ao governo.
Filiado ao PP, Meirelles dificilmente obteria o apoio do PMDB de Iris, Maguito Vilela e Adib Elias. Porque o PMDB, mesmo estando fora do poder, é o maior partido do Estado e tem líderes históricos. Se não disputar o governo, o partido ficará menor e se tornará caudatário. Filiado ao PMDB, Meirelles, mesmo que não seja candidato a governador, pode ser um instrumento poderoso para possibilitar a formatação de uma frente política com o objetivo de tentar decidir o pleito no primeiro turno.
Meirelles, mesmo não tendo se filiado ao PP, dialoga com o governador Alcides com frequência e contribui para a negociação da Celg com a Eletrobrás. É um aliado administrativo de Alcides e, em 2010, poderá se tornar um aliado político, como candidato a governador ou mesmo como candidato a senador. Meirelles é, por assim dizer, a ponte entre o PMDB de Iris e o PP de Alcides. Não só. É também uma ponte de Lula na tentativa de construir uma frente política com o objetivo de resolver a parada no primeiro turno. Se quiser disputar o governo, se demonstrar que tem vontade e energia, Meirelles será candidato. É o que Iris tem lhe dito, de modo convicto. O próprio Meirelles tem elogiado, publicamente, a “conduta exemplar” e a “lealdade” de Iris. O que o prefeito tem sugerido, e com razão, é que o nome do candidato seja antecipado, para criar expectativa eleitoral, sobretudo em termos de definição. O objetivo é motivar a militância e, é claro, o eleitorado. Porque já há um candidato definido, Marconi Perillo, que, enraizado em todo o Estado, é muito forte politicamente. Sem o contraponto, o tucano tende a se fortalecer ainda mais.
Nas suas entrevistas, Meirelles tem frisado que o presidente Lula tem pedido que fique no Banco Central até 2010. Se fosse um político nato, Meirelles diria “não” imediatamente. Como não é, está indeciso e parece não se preocupar em ficar sem mandato entre 2011 e 2014 — o que é impensável para qualquer outro político de proa. Numa entrevista ao jornal “O Globo” no domingo, 20, frisou que pode iniciar o ano de 2010 na iniciativa privada. Aliados do círculo íntimo confidenciam que, apesar de ter dito isto, Meirelles tem mesmo interesse em continuar na vida pública. Como sabe que Iris está motivado, e que está praticamente empatado com Marconi Perillo, dificilmente deixará de apoiar o prefeito para o governo. Portanto, as chances de disputar o Senado não são remotas. Disputando o Senado e tentando atrair o PP de Alcides para um composição com o PMDB, Meirelles estaria ajudando tanto seu partido quanto o projeto do presidente Lula, que é enfraquecer o PSDB nos Estados e, ao mesmo tempo, eleger Dilma para presidente.
Hoje, o candidato a governador do PMDB é o prefeito Iris. Sem nenhuma contestação. Retirá-lo da disputa pode ser uma aposta numa incógnita, é trocar o certo pelo duvidoso. Mais: Meirelles e Lula podem contribuir para atrair o PP para um apoio a Iris já no primeiro turno. Parece absurdo, mas não é.
Há evidências de que é possível uma composição ampla já no primeiro turno, com o objetivo de organizar as forças principalmente tendo em vista a eleição presidencial, porque acredita-se, entre os lulistas e petistas, que Serra e Dilma vão para um embate duríssimo no segundo turno. Um Iris eleito no primeiro turno, com o apoio de uma frente ampla, será importante na campanha de Dilma. Assim como as decisões noutros Estados. Lula quer isto: eleitos no palanque de Dilma dizendo que, se ela for eleita presidente, poderão governar com mais facilidade. É simples assim, mas não parece, por conta dos discursos que complicam o quadro.
A possibilidade de uma aliança entre Iris e Alcides já no primeiro turno, mesmo que o candidato seja Iris, e não Meirelles, não significa que tudo está definido. Não está. O governador Alcides Rodrigues, os deputados Sandro Mabel e Ronaldo Caiado, o ex-deputado Barbosa Neto, o presidente do PP, Sérgio Caiado, e o secretários Ernesto Roller (Segurança Pública) e Jorcelino Braga (Fazenda) planejam e trabalham para lançar um candidato do que chamam de “primeira via” e “via preferencial”. Não é papo nem jogo. O grupo organizou encontros recentes, deu demonstração de que pode unir prefeitos e líderes locais e quer mesmo lançar candidato a governador. Tem nomes e estrutura. Convém não subestimar o candidato que terá o apoio do governador.
O fato de a frente cujo líder é o governador Alcides não ter lançado um nome, até o momento, significa não exatamente que não tenha candidato ao governo. Mas sim que está examinando o quadro político e a possibilidade de uma aliança mais ampla, inclusive com o PMDB de Iris. Ao mesmo tempo, a frente liderada por Alcides demonstra que está se afastando definitivamente do senador Marconi Perillo e, mais, que está trabalhando para minar o apoio do tucano dentro da própria base aliada.
O quadro, portanto, está se definindo. De um lado, Marconi, com PSDB, PTB e PPS, de outro Iris (ou Meirelles), com o apoio de PMDB, PT, PDT e, se a costura de Lula der certo, PP, PR e PSB. A dúvida é o DEM, que, se depender do deputado Ronaldo Caiado, fica contra Marconi e compõe a frente. O fato é que está se processando uma tentativa de isolamento de Marconi. Por isso o tucano trabalha, de modo incessante, no interior e na capital, para manter o apoio de setores significativos de PP, DEM e PR. Dotado de uma energia física impressionante e articulador do primeiro time, o senador tenta escapar ao insulamento político. Como o habilidoso Aécio, Marconi sabe que a força na Corte depende da vitalidade na Província.
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