quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Íris: discurso distoa da prática

Diário da Manhã

As crianças abandonadas de Iris e os prêmios fajutos para Goiânia

Tive a satisfação de ler, no Diário da Manhã, edição de quarta-feira, 6, um artigo do frade dominicano e filósofo Marcos Sassatelli, que hoje é vigário episcopal do Vicariato Oeste da Arquidiocese de Goiânia. Um belo artigo, bem fundamentado, expressando a indignação de todos nós que moramos em Goiânia com a omissão da prefeitura na assistência às crianças de rua da nossa cidade.

Frei Sassatelli profere bons conselhos ao prefeito Iris Rezende e, escudado na sua inquestionável autoridade moral, o repreende pela afirmação recente de que nós, em Goiânia, não temos crianças nas ruas . Temos, sim, lamenta o religioso. E temos muitas crianças nessa triste condição. E então convida Iris a andar pelos bairros da periferia para conhecer a realidade social que massacra as nossas crianças desassistidas.

Tenho me batido nas páginas do DM em defesa de uma melhor assistência da prefeitura às crianças e adolescentes em situação de carência em Goiânia. Igualmente o Ministério Público do Estado de Goiás e agora a Igreja Católica. Na gestão Iris, a desastrosa extinção da Sociedade Cidadão 2000 arruinou com os programas sociais da prefeitura. As políticas de atendimento foram desativadas e os projetos voltados para as crianças de rua, por exemplo, passaram a andar em marcha lenta, quando não extintas ou submetidas a um inaceitável foco coercitivo.

Mas o que dirão do artigo de frei Sassatelli os comunicólogos da prefeitura? Eles não admitem uma única palavra de crítica ao prefeito que paga os seus régios salários. Por trás de tudo, enxergam obsessivamente a figura do senador Marconi Perillo, que, segundo eles, estimula ataques a Iris nos jornais por medo de enfrentar o prefeito nas eleições deste ano. E ainda por cima vendem a tese autoritária e arrogante de que quem critica Iris, está, na verdade, torcendo contra Goiânia.

São falácias que, mesmo repetidas mil vezes, jamais se transformarão em verdade. Se existe alguém que não precisa temer Iris nas urnas, esse alguém é Marconi Perillo, que, em 1998, derrotou o maior líder do PMDB nas urnas e inaugurou uma era de arejamento democrático na política de Goiás. Marconi não venceu somente Iris. Logo em seguida, em 2002, ganhou também de Maguito Vilela, o segundo grande líder peemedebista do nosso Estado. Para fechar as contas, em 2006, elegeu-se senador com a maior votação da história de Goiás.

Quanto a dizer que criticar Iris é torcer contra Goiânia, não existe prova maior de petulância e atraso. Iris não é Deus e tem cometido erros graves como prefeito, o maior dos quais, pelo seu custo humano, é o abandono a que relegou os programas sociais da prefeitura. Fui eleito vereador para, entre outras coisas, fiscalizar a prefeitura e denunciar as irregularidades, mesmo que isso desagrade profundamente os comunicólogos do Paço Municipal. E é o que vou continuar fazendo.

Os comunicólogos de Iris são os mesmos que bolaram o plano genial de comprar prêmios fajutos para a prefeitura, empregando talvez o mesmo dinheiro que poderia ser investido nas políticas de assistência aos menores abandonados. Iris, se não foi ele mesmo o pai da criança, deveria demitir quem teve a infeliz ideia de fabricar títulos para dar a Goiânia o que todo mundo sabe que ela tem de sobra: presença e imagem como uma cidade onde a qualidade de vida é boa, muito embora uma grande soma de desafios como o caso das crianças de ruas permaneça à espera de solução.

Desafio a prefeitura e a tal Organização Pelas Américas a provar que houve algum tipo de critério na escolha de Goiânia como a cidade com melhor qualidade de vida do Brasil. É mentira cabeluda essa história de que foram cruzados dados da ONU, do IBGE e não sei de mais quem, mesmo porque encomendei uma verificação nesses bancos de dados e nada foi encontrado que pudesse fundamentar o título a não ser o fato infeliz de que a prefeitura da nossa capital é patrocinadora do evento em que se autopremia, no qual, aliás, dona Iris Araújo também recebeu uma certificação como deputada que mais defende os direitos da mulher.

Seria conveniente que os sábios da comunicação do Paço Municipal lessem os fóruns da internet em que são discutidos os prêmios concedidos pela Organização Pelas Américas. Muitos dos comentários lamentam que uma cidade como Goiânia, que eles consideram de primeiro mundo, recorra a expedientes suspeitos que só contribuem para manchar a imagem da cidade perante o Brasil. Vários deles consideram a premiação péssima para a divulgação de Goiânia no resto do Brasil.

Repito para o prefeito Iris o conselho que frei Marcos Sassatelli mandou a ele pelas páginas do DM: para fazer a administração que Goiânia precisa, basta ter o coração aberto, saber escutar e se deixar educar pelo povo . Eu acrescento mais dois itens: um pouquinho de humildade e freio na irresponsabilidade dos seus comunicólogos.

Pedro Azulão Jr. é vereador

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