quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Trair e coçar...

O Popular

Alcides diz que apoio a Dilma não afasta DEM de aliança no Estado
Governador Acredita que acordo local “não interfere em nada” Na sucessão para a presidência 
 
Fabiana Pulcineli

O governador Alcides Rodrigues (PP) afirmou ontem que seu apoio declarado à candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República não afasta o DEM da aliança para a disputa ao governo do Estado. Oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o DEM já fechou aliança em nível nacional com o PSDB, que deve ter o governador José Serra (SP) como presidenciável.

Na semana passada, Alcides disse que, diante da ajuda de Lula a Goiás e ao bom trabalho desenvolvido no País, “nada mais lógico” do que apoiar a candidatura da petista. A declaração deixou dúvidas sobre o posicionamento do deputado federal Ronaldo Caiado, líder do DEM na Câmara e uma das principais vozes da oposição ao governo federal, que participa da articulação da chamada nova frente.

Alcides disse ontem, em entrevista durante visita do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que a aliança em nível estadual não tem relação com os apoios da disputa presidencial. “Cada região tem uma particularidade. É uma disputa local que não interfere em nada a disputa em nível federal”, afirmou.

O governador voltou a dizer que é preciso reconhecer as mãos que o governo Lula estendeu a Goiás. “O governo federal tem nos ajudado muito em todas as áreas.

Temos de ser grato. Agora, cada Estado tem uma particularidade. Tivemos em Goiás inúmeras prefeituras que foram disputadas com o PT na cabeça-de-chapa e o DEM de vice ou o contrário. Tivemos coligações as mais diversas.”

Alcides disse também não ter pressa na definição do nome da frente governista. As próprias lideranças políticas que articulam a aliança defendem rapidez no anúncio do candidato para iniciar a pré-campanha. O grupo tem como cotados os nomes do próprio Caiado, do deputado federal Sandro Mabel (PR), e dos secretários pepistas Jorcelino Braga (Fazenda) e Ernesto Roller (Segurança Pública). Os nomes dos secretários ganharam força nos últimos dias.

O governador repetiu que, a exemplo da sua vitória na disputa de 2006, as eleições em Goiás têm se definido nos últimos dias de campanha. “Tenho dito sempre que não pode ser nem antes nem depois. Porque pode prejudicar o projeto. É como uma fruta. Eu uso como exemplo, bastante simples, uma fruta: não pode ser colhida antes porque está verde. E nem depois de madura porque passou de hora para ser consumida. Então tudo tem tempo, tem a hora”, afirmou para justificar a demora na definição do nome. Alcides não diz, no entanto, quando seria o momento certo de anunciar o candidato.

“Se formos analisar as últimas eleições em Goiás, ela é decidida no decorrer do processo eleitoral. Candidaturas vistas como sem chance nenhuma foram vitoriosas. Isso não só nos últimos dois, três pleitos, mas nas últimas quatro disputas. Todos que estavam à frente das eleições não lograram êxito. E parece que essa missão ainda não foi absorvida, principalmente pela opinião pública”, disse.

O ministro veio a Goiânia receber a Comenda da Ordem do Mérito, no grau Grã Cruz. A homenagem, mais importante oferecida pelo governo estadual, foi aprovada em 2008, mas Stephanes não pôde vir à época. Ele contou que vem a Goiás há cerca de 40 anos, onde frequentava pescarias com amigos. Após o encontro com o governador, no 10º andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, o ministro, que é peemedebista, seguiu para o Paço Municipal, onde visitou o prefeito Iris Rezende (PMDB).

Pepista mostra dúvida sobre Iris e Meirelles

Bruno Rocha Lima e Fabiana Pulcineli

Ao ser questionado pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, sobre o quadro sucessório em Goiás, o governador Alcides Rodrigues (PP) levantou dúvidas sobre as candidaturas tanto do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, como do prefeito de Goiânia, Iris Rezende, ambos peemedebistas.

Depois de ouvir o governador reafirmar apoio à ministra Dilma Rousseff em entrevista, Stephanes se aproximou de Alcides para perguntar como estava o cenário em Goiás. O pepista respondeu que a tendência é haver três candidaturas – PSDB, PMDB/PT e a frente governista (PP, DEM, PR e PSB). E seguiu o diálogo:

– E Henrique Meirelles, não sai mesmo, né?

– Olha, o Meirelles é muito introspectivo. Tem hora que ele fala e a gente pensa que quer ser candidato. Outra hora parece que não quer disputar.

– E o Iris Rezende?

– Ele tem quase mais três anos de Prefeitura. Não sei se vai arriscar deixar o cargo para ser candidato.

– E aí o PMDB tem mais algum outro nome?

– Hoje falam nos dois, de Meirelles e Iris. Olha, se o Meirelles tivesse se filiado ao PP, seria o próximo governador de Goiás. Falo isso baseado em pesquisas, levantamentos, que fizemos.

– É, parece que ficou definido que Meirelles vai se decidir mesmo em abril.

Após a conversa, o ministro afirmou, durante visita ao prefeito e ao ser questionado sobre o candidato do PMDB em Goiás, que “por enquanto, só tem de ser Iris Rezende”.

Stephanes chegou ao Palácio Pedro Ludovico às 16h10 e teve conversa de meia hora com Alcides e auxiliares. O governador apresentou reivindicações, como redução do número de vacinações contra a febre aftosa (leia na página 14).

Na visita de cortesia a Iris no Paço, que durou cerca de 40 minutos, os dois discutiram de forma um pouco mais reservada a sucessão estadual. O prefeito relatou a Stephanes que havia combinado de dar um tempo para que Meirelles decidisse sobre seu futuro político e afirmou que nos próximos dias os dois terão conversa definitiva. O prefeito demonstrou que não acredita hoje na disposição do presidente do BC em disputar e disse que não tem receio de entrar no pleito.

Ao final da reunião, o ministro desconversou quando questionado sobre o diálogo que manteve com Iris e Alcides acerca da sucessão. “Apenas perguntei ao governador quantos candidatos haveria e ele me disse que possivelmente três.”
O ministro aproveitou a visita para garantir que vai desafetar área da Embrapa – vinculada ao ministério – às margens da BR-153 para que seja feita a ampliação da pista do Aeroporto Santa Genoveva. O objetivo da intervenção, que aumentaria a pista em um quilômetro, é capacitar o aeroporto a receber aviões de maior porte.
Stephanes pediu que seja enviado o projeto. A ampliação seria feita independente da construção do novo terminal, cuja obra está paralisada desde 2007. (Bruno Rocha Lima e Fabiana Pulcineli)

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