terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Alagoas

O Popular

Opinião

Histórias de Alagoas

Estado do Nordeste brasileiro de pequena extensão territorial (27.652 km2), com mais de cem municípios, além de densamente povoado, a origem de Alagoas data da expedição do italiano Américo Vespúcio, que aportou inicialmente no cabo de Santo Agostinho, no litoral pernambucano. Seus primeiros núcleos de povoamento foram Porto Calvo, a então cidade de Alagoas, Penedo e Atalaia. Seus colonizadores foram os franceses e holandeses, aqueles comercializando o pau-brasil e estes, sob o domínio de Maurício de Nassau, introduziram a cana-de-açúcar ao longo das zonas da Mata, Sertaneja e nas proximidades do litoral.

Alagoas, banhado ao Leste pelas águas do Atlântico, tem atualmente 3.037.103 habitantes, enquanto a capital alagoana, Maceió, de clima quente, está com 936.314 e a Grande Maceió, com mais de 2 milhões de habitantes. As praias dos verdes mares bravios, fomentadoras do turismo, vão do litoral Norte ao litoral Sul do Estado. A capital, que não é planejada, a exemplo da maioria das capitais no País (exceção de Goiânia, Palmas, Brasília, Belo Horizonte e Teresina), tem a cidade alta (bairro do Farol) e a cidade baixa, esta localizando a zona portuária, comércio, indústrias e populosos bairros, entre os quais Jatiúca, Ponta Verde, Pajuçara e Jaraguá. O atual prefeito, Cícero de Almeida, é radialista.

Quem não conhece sua história, sobretudo a juventude, registre-se que Alagoas, a começar pelo Brasil-colônia, é marcada por acontecimentos heroicos, políticos, trágicos, injustiças, traições, além de se destacar na economia: produção de açúcar, álcool, fumo, algodão, pescado, sal-gema e grandes hidrelétricas. Também na vida cultural.

Os precursores da luta abolicionista foram os guerreiros negros liderados por Zumbi, que se instalaram na histórica Serra da Barriga, em União dos Palmares, formando um exército de 20 mil homens. Até suas mulheres eram guerreiras. O aeroporto de Maceió tem o nome do herói negro.

No campo político, os marechais Manuel Deodoro da Fonseca e Floriano Vieira Peixoto projetaram Alagoas no Brasil. Deodoro, que proclamou a República, foi seu primeiro presidente constitucional. Todavia, fechou o Congresso por golpe de Estado e depois renunciou. Floriano Peixoto assumiu o governo na condição de vice-presidente eleito, consolidou a República e organizou as finanças do País.

Também se destacaram os alagoanos visconde de Sinimbu, no Império, e o general Góis Monteiro, no governo do presidente Getúlio Vargas. Fernando Collor foi afastado por impeachment e hoje é senador.

Abrimos aqui um parêntese para registrar que o ex-governador Ronaldo Lessa, fazendo justiça à memória de Floriano Peixoto e Deodoro da Fonseca, determinou a construção dos monumentos de ambos na movimentada Avenida da Paz.

Os irmãos Góis Monteiro (Ismar, Edgar, Silvestre Péricles e Pedro Aurélio) formaram uma oligarquia. Depois vieram, entre outros, Arnon de Mello, Guilherme Palmeira, hoje ministro do Tribunal de Contas da União; Ronaldo Lessa e agora Teotônio Vilela Filho. Seu pai se notabilizou como o Senhor Diretas.

O primeiro bispo do Brasil, d. Pêro Fernandes Sardinha, ao retornar a Portugal, naufragou no navio em que viajava, no litoral alagoano, próximo à foz do rio Coruripe. Salvando-se com os demais clérigos, foram devorados pelos índios Caetés. A tragédia serviu de tema ao primeiro livro do escritor Graciliano Ramos.

Injustiçado na adolescência, juntamente com seus pais e irmãos, Virgulino Ferreira da Silva (Lampião ) se tornou guerrilheiro do sertão nordestino. Recrutou 120 pessoas, inclusive mulheres (uma delas Maria Bonita). Devoto do padre Cícero Romão, de Juazeiro do Norte, recebeu dele o título de capitão. Ao se refugiar em Alagoas, foi morto com seu grupo em Vão dos Angicos (SE) numa emboscada da polícia alagoana.

E o que não dizer ainda da história do traidor Domingos Calabar, que se aliou aos invasores holandeses? Foi enforcado e seus restos mortais jazem na igreja de Porto Calvo.

Ao rever em janeiro o Estado natal, com familiares, mergulhamos nos capítulos que se tornaram memoráveis na história do País e, em especial, de Alagoas.

Armando Acioli é jornalista

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