segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Diário da Manhã

Opinião

Na calada da noite, o aumento das tarifas da região metropolitana
08/02/2010

Richard Nixon

É com um misto de indignação e preocupação que me deparo com a notícia de que a partir do último sábado os usuários do transporte coletivo de sete cidades da região metropolitana de Goiânia estão pagando mais caro pela tarifa de ônibus.

O que já pesava nos bolsos dos menos favorecidos socialmente, agora, então, ficou ainda mais caro. De agora em diante, as milhares de pessoas que precisam se locomover para o trabalho, escolas, hospitais, igreja, para o centro de Goiânia, vão desembolsar R$ 1 real a mais para chegar ao seu destino. Sim, porque a tarifa de R$ 1,25 subiu para R$ 2,25 .

Se os governantes de plantão e os empresários da Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC) já fizeram as contas, os mais de milhares usuários de Goianira, Brazabrantes, Santo Antônio de Goiás, Bonfinópolis, Senador Canedo, Aparecida de Goiânia e Trindade terão, cada um deles, que retirar de sua renda, às vezes bem minguada, no mínimo, mais R$ 48 reais por mês, dinheiro que irá fazer falta, sem sombra de dúvida, em sua mesa, na escola de seus filhos, na compra dos remédios, sem falar no lazer e no vestuário.

Ou seja, de um salário mínimo de R$ 515 , descontadas as despesas com transporte, o que restará para levar a vida mal dará para as necessidades básicas de um ser humano. Agora, imaginem daquele que tem uma família de quatro ou cinco pessoas.

Bastaria aos governantes com assento na CDTC que se colocassem no lugar dos trabalhadores que usam os ônibus abarrotados e mal conservados, trafegando por estradas nem sempre bem conservadas, especialmente nesse período de chuvas, para perceber que a tarifa de R$ 1,25 já era bem suficiente para investir nas linhas e nos veículos de todas as 16 cidades da região metropolitana de Goiânia. Mesmo porque, em minha opinião, o subsídio teria que ser até maior, para beneficiar as pessoas que ganham pouco em relação às suas necessidades primordiais de mobilidade urbana.

A boa vontade do então governador Marconi Perillo (que reduziu o preço das passagens do Eixo Anhanguera, o maior corredor de transporte coletivo da cidade) foi um marco na vida de tantos moradores de Goiânia e suas cidades vizinhas. Lembro-me bem de ver a felicidade estampada na rosto daqueles que poderiam economizar no transporte coletivo para comprar mais pão e leite para suas famílias.

Não são as palavras vazias que podemos ver sempre na propaganda dos governos que fazem o bom governo. São as atitudes que demonstram preocupação com o social, com os mais simples, com os mais necessitados, com os menos aquinhoados pela vida. Exatamente como notamos na decisão de Marconi reduzindo o preço das tarifas do Eixo Anhanguera.

Por isso, manifesto minha indignação. E minha preocupação é maior ainda, porque não vejo um lampejo sequer da CMTC ou da Prefeitura no sentido de explicar aos já humilhados usuários do transporte coletivo da região metropolitana o porquê dessa nova investida em seus bolsos.

Aos que tudo têm, mais ainda lhes será dado. Aos que nada têm, o pouco que têm lhes será tomado.Para ser essa a filosofia da Prefeitura. Onde estão todos os que decidem sobre o aumento de tarifas? Por que não usam as verbas destinadas (e vultosas) à publicidade para manter a ajuda aos agora ex-beneficiários do subsídios nas tarifas de ônibus?

É lamentável a postura desses que decidem a vida de milhares de pessoas, sem ao menos lhes dar explicações. E pobre daquele que vai tomar o ônibus sem contar com o dinheiro necessário nos bolsos. Provavelmente, além da execração de não ter o suficiente para a passagem, passará ainda pelo vexame de ter que descer do ônibus, sem completar a viagem.

A ordem é cobrar mais caro pela passagem, mesmo daqueles desavisados porque não tiveram acesso a informações sobre o aumento.

É intrigante que as tarifas do transporte coletivo da região metropolitana tenham sido unificadas antes mesmo da concessão da Metrobus ter sido decidida. Ainda está nas mãos do Estado, o que acontece há mais de 20 anos. O contrato expira em 31 de dezembro próximo. Se a decisão é política e não técnica, dependendo da boa vontade do prefeito e do governador, fico profundamente preocupado só em pensar que o contrato não será renovado. Aí é que o pobre do usuário pode colocar as barbas de molho.

Podem anotar: no máximo em um mês, virá outro golpe: as tarifas serão unificadas na calada da noite, passando o usuário do Eixo Anhanguera de Goiânia a pagar os mesmos R$ 2,25 das linhas privadas. Será o caos para milhares e milhares de pessoas. Agora, só nos resta trabalhar para que os vereadores, deputados, lideranças, junto com o povo, impeçam que a decisão seja essa. Aos governantes, cabe a preservação do bem-estar das pessoas, cabe a garantia de conquista da cidadania, cabe assegurar condições para que a população da região metropolitana possa se locomover sem ônus exagerados. Mas não é o que está acontecendo.

Richard Nixon é vereador

Nenhum comentário:

Postar um comentário