terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
CPI do déficit deve ser instalada hoje
Charles Daniel
O senador Marconi Perillo (PSDB) promoveu ontem almoço com sua base de apoio da Assembleia para articular a instalação da CPI que deverá investigar o suposto déficit de R$ 100 milhões mensais que o senador teria deixado para o sucessor, Alcides Rodrigues (PP). O requerimento conta com assinaturas necessárias – 14 – para a instalação, que deve ocorrer hoje. Marconi não deu entrevista, e indicou o líder da bancada na Casa, deputado Jardel Sebba, para ser o interlocutor. Segundo Sebba, o senador e a bancada querem que a sociedade goiana fique sabendo o que realmente aconteceu.
Por um lado, o secretário da Fazenda do Estado (Sefaz), Jorcelino Braga, disse que o governo pagou mais de R$ 1,5 bilhão de dívidas do governo anterior e, por outro, Marconi nega a existência do déficit. Jardel argumentou que não há nada melhor do que uma CPI para esclarecer os fatos. Jardel afirmou que a Governadoria pediu para diversos deputados votarem contra a CPI e, por isso, acredita que estejam receosos com a criação da comissão.
O líder da bancada do PSDB afirmou que defende o rompimento do partido com o PP. “Se for votar, meu voto é pelo rompimento, mas se a maioria decidir que não, vou continuar dando respaldo ao governador Alcides.”
Sobre a decisão do governo de reformular a equipe, exonerando os servidores indicados pelo PSDB, argumentou que o partido ganhou cargos porque ajudou na eleição de Alcides e informou que o assunto ainda será conversado. Jardel não considera que haja clima de guerra entre PP e PSDB, mas estão chateados, porque os tucanos foram trocados por peemedebistas. O tucano disse que ficou triste porque o PMDB, que antes criticava o governador, agora tem interação com Alcides.
Já o presidente regional do PSDB, deputado federal Leonardo Vilela, acredita que o rompimento é irrelevante, porque não mudará o quadro político e, por outro lado, demitir e nomear é uma prerrogativa do governador, portanto, nada cabe ao PSDB senão lamentar.
“Nós lamentamos porque essas pessoas sempre vestiram a camisa do governo, trabalharam dia e noite pela eleição de Alcides, ocupam cargos no governo com responsabilidade, trabalham de verdade, são competentes e dão contribuição ao Estado”, desabafou.
O deputado disse que o partido vai lutar até o dia 30 de junho para trazer o PR e o DEM para a coligação. Ele acredita que é possível porque há simpatizantes de Marconi nas duas siglas. Estiveram presentes os deputados estaduais democratas Hélio de Sousa e Nilo Rezende, Frei Valdair (PTB), presidente da Assembleia, Helder Valin (PSDB), Tiãozinho Costa (PTdoB), Honor Cruvinel (PSDB), Fábio Sousa (PSDB), entre outros.
Dívida cresceu 250% em 5 anos, diz relatório
O último relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) apresentado ontem que analisou as contas da Celg entre 2003 e 2008 revelou que houve salto de 250% no endividamento da empresa, no período analisado. A dívida total, incluindo o passivo, saiu de cerca de R$ 2,3 bilhões em 2003 para R$ 5,7 bilhões no final de 2008.
O relatório foi apresentado em reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Celg pela analista do TCE Edna Araújo Andrade. A contratação de empréstimos para pagamento em curto prazo foi um dos principais motivos para o aumento. Entre 2004 e 2008 foram contratados R$ 2,4 bilhões em empréstimos.
“A empresa, de 2003 a 2008, aumentou seu endividamento e apresentou resultado econômico negativo, reduzindo a capacidade de autofinanciamento.” Conforme o relatório, em 2006, houve aumento dos prejuízos acumulados e redução do patrimônio líquido, que caiu de R$ 1,23 bilhão para R$ 966 milhões. Edna informou que foi o ano em que o endividamento mais cresceu.
A estatal também contratou empréstimos em 26 instituições financeiras somente em 2006, disse. Na justificativa da estatal, os empréstimos teriam sido para pagar fornecedores, impostos e comprar energia.
A analista informou ainda que, em 2003, 2004 e 2005, a empresa teve lucro. Em 2007, houve crescimento de 9,77% no mercado, conforme aponta o relatório, mas com prejuízo de R$ 176 milhões. Em 2008, os relatórios indicaram prejuízo de R$ 244 milhões. Conforme disse Edna, a situação financeira piorou de forma acentuada, houve dificuldades para honrar compromissos a curto prazo e redução da capacidade de autofinanciamento.
Ontem, a CPI aprovou o requerimento do relator, Humberto Aidar (PT), que prorroga o prazo para a entrega do relatório final por até 20 dias após a data limite de 3 de março. (C.D.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário