terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tribuna do Planalto
Sábado, 20 de Fevereiro de 2010

Política

Diretório do PMDB se posiciona contra administração petista

Marco Antonio Oliveira
Da Tribuna de Anápolis

Nas últimas semanas, o ex-prefeito Adhemar Santillo (PMDB) e o atual, Antônio Gomide (PT), não têm escondido que a harmonia está longe de ser o sentimento predominante entre os partidos. O PMDB, que na esfera nacional é o considerado o principal aliado do PT e que em Goiás trabalha para consolidar essa união, em Anápolis assumiu o caráter oposicionista em relação à administração petista.

Para Adhemar, o governante tem de entender que, às vezes, uma crítica fundamentada tem mais valor para o administrador público que ouvir apenas aquilo que lhe interessa. O ex-prefeito disse que está à disposição de Antônio Gomide caso queira conversar. “Com esse posicionamento somos mais úteis que aqueles que estão próximos por bajulação. Não estamos radicalizando, mas, se ele quiser acertar os ponteiros, basta me convidar”, sinaliza.

Apesar do embargo, as lideranças dão como certa a possibilidade apoiarem o mesmo candidato ao governo do Estado. No entanto, para estar junto ao PT, Adhemar exige que um candidato do PMDB encabece a chapa, de preferência Iris Rezende. Ou seja, se depender de Adhemar, o PMDB anapolino não fará campanha para o deputado Rubens Otoni (PT). “Se o candidato for de outro partido não vamos seguir cegamente a decisão do Diretório Regional. Vamos procurar o que for melhor”, diz.

Além do possível racha na disputa pelo governo goiano, o Diretório do PMDB em Anápolis também pode ir contra a decisão nacional do partido em apoiar a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). De acordo com Adhemar Santillo, isso acontecerá caso a “parte boa do PMDB” decida por não apoiar a candidata do presidente Lula. “Caso os nomes históricos do PMDB, Pedro Simon, Roberto Requião, Orestes Quércia, Luiz Henrique, não apóiem a candidata do presidente, não tem como nós apoiarmos. Teremos que nos reunir para decidir com quem ficar”, emendou.

O prefeito de Anápolis não comentou o posicionamento de Adhemar. Na quinta, sexta e sábado (18, 19 e 20), Gomide foi a Brasília participar do IV Encontro Nacional do PT. Na ocasião, o chefe do Executivo, um dos coordenadores da campanha da ministra Dilma à presidência, se reuniu com outras lideranças petistas engajadas no propósito de consolidar a postulação da correligionária.

Petista aponta “polêmica inexistente”

O chefe de gabinete do prefeito, Céser Donisete (PT), se incumbiu de colocar panos quentes na discussão entre o ex-prefeito e o atual. Para ele, essa conversa é uma “polêmica inexistente”, que não terá importância para o cenário político. “Os dois vereadores do PMDB anapolino apóiam o governo de Antônio Gomide. Vamos caminhar juntos, mesmo que o Diretório não nos apoie”, disse o petista.

Céser disse que o objetivo do partido é conseguir unir, em Goiás, toda a base que apoia a candidatura da ministra Dilma. “Nós defendemos que o Rubens (Otoni) seja o candidato da aliança e não apenas do PT. Acreditamos que o nome dele consegue juntar, mas se tiver alguém que junte mais nós não teremos essa vaidade”.

O cientista político Wilson Ferreira, professor PUC-Goiás, avalia que qualquer forma de crítica à administração pública é benéfica à cidade e ao eleitor. Ele acredita que o fato de o ex-prefeito criticar a atual administração faz parte de estratégia para recuperar o espaço político perdido pelos Santillos em Goiás, sobretudo em Anápolis. “A democracia em sentido único vira ditadura, mas essa discussão em Anápolis significa a repartição do bolo político”, analisa.

O professor salienta que o embate travado entre Gomide e Adhemar Santillo não vai influenciar no Estado. Para ele, a discussão apenas evidencia que não existe a instituição dos partidos políticos, e destaca que as legendas são frentes comandadas por lideranças regionais na disputa por predomínio em termos de espaço político. No caso de Anápolis, esse predomínio teria saído da influência predominante dos Santillo e agora se encontraria nas mãos dos Otoni Gomide.

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