sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Tribuna do Planalto - 30 de janeiro de 2010

Tribuna do Planalto

Marconi no ataque. Alcides, também

Bruno Hermano

Ações protagonizadas por tucanos e pepistas nos últimos dias demonstraram que a campanha eleitoral deste ano será muito quente. A longa troca de farpas entre tucano


Política

s e pepistas iniciada logo no primeiro ano do governo Alcides Rodrigues (PP) teve novos capítulos e se acirrou ainda mais. Em nova estratégia que parece levar em conta que a melhor defesa é mesmo o ataque, no debate a respeito da dívida herdada pelo atual governo o PSDB foi para a briga. Depois que o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, disse que o senador Marconi Perillo (PSDB) é “mentiroso” e teve sua declaração endossada pelo governador, os tucanos encararam e partiram para o contra-ataque.

A resposta ao secretário foi dada por deputados federais e estaduais do PSDB, que saíram em defesa do senador rebatendo a acusação. Utilizando o Twitter, Marconi Perillo respondeu de forma sutil. Sua principal reação foi formal: protocolou ação na Justiça exigindo explicações por ter sido chamado de mentiroso. Agindo assim, o senador não entrou no debate direto com Jorcelino Braga e centrou seu contra-ataque no governador Alcides Rodrigues. Para isso, incentivou a bancada tucana na Assembleia Legislativa a articular a criação de uma CPI para apurar o déficit nas contas do Estado.

Denúncia no Estadão

Na quinta-feira, 28, o jornal O Estado de S. Paulo publicou reportagem trazendo à tona novas gravações telefônicas de inquérito do Supremo Tribunal Federal que mostram movimentação do senador Marconi Perillo (PSDB) para pagar dívidas de campanha de aliados em 2006. As gravações levantam suspeita de uso de caixa 2 e compra de apoio político. As conversas foram gravadas pela Polícia Federal, com autorização judicial, e fazem parte de inquérito que tramita no STF desde 2008. Na relação de candidatos que teriam contado com recursos do senador estão vereadores e deputados federais e estaduais. Segundo a apuração, Marconi fez empréstimos para repassar recursos a aliados. O senador Marconi Perillo afirma que já tem documentos que comprovam a legalidade de suas ações. Ao responder sobre a reportagem, o senador questionou – mais uma vez pelo Twitter – o motivo pelo qual o governador Alcides Rodrigues também não aparece na reportagem (leia resposta de Alcides abaixo). Pelo miniblog, Marconi atribuiu a reportagem a ação de adversários políticos - embora as gravações sejam da PF e o inquérito corra no STF.

Desde que a troca de farpas entre tucanos e pepistas se iniciou, o senador Marconi Perillo tem procurado manter-se afastado do embate, adotando a posição de vítima. Ele teria sido traído pelo governador, atacado por integrantes do PP e caluniado por Jorcelino Braga - este o discurso que adota. Ao processar o secretário e articular a CPI do Déficit, Marconi demonstra que não está mais no lugar de vítima e parte para o ataque. Na Assembléia Legislativa, os integrantes da CPI da Celg apertaram o cerco na última semana.

Nesta CPI, como a Tribuna mostrou, em manchete publicada há duas semanas, Marconi vence o debate com o PMDB. O bom desempenho, neste caso, é a senha para entender a mudança de curso na estratégia tucana. Como o ambiente é favorável ao seu partido no Legislativo estadual, os tucanos têm prolongado o debate sobre o endividamento da empresa. Ao propor mais uma CPI, agora sobre o déficit, estariam buscando criar mais um palanque político. Com a CPI do déficit, que poderá investigar o endividamento do Estado desde a década de 80, o PSDB espera ter a oportunidade, mais uma vez, de prevalecer no debate buscando responsabilizar seus adversários por problemas enfrentados pela máquina estatal. Um palanque perfeito.

CPI do Déficit

Por conta disso, o PP, os peemedebistas e o governador Alcides Rodrigues se manifestaram contra a instalação dessa CPI. Contudo, o governador não fugiu do debate e rebateu a iniciativa tucana. Durante solenidade no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na quinta-feira, 28, o governador afirmou que o déficit nas contas do Estado deixado pelo seu antecessor está muito evidente, “é real, público e notório”. Na ocasião, o governador endossou mais uma vez Jorcelino Braga, que disse que reafirma suas palavras ao comentar o fato de ter sido questionado na Justiça. Quer dizer: se os tucanos querem briga, e um jogo mais duro, o governador deixou claro que topa o embate nos mesmos termos.

Se esquentaram os debates sobre o déficit herdado e a dívida da Celg nos últimos dias, a briga de bastidores entre pepistas e tucanos teve capítulos impublicáveis durante a semana. Nos corredores da Assembleia e do Centro Administrativo, o rumor era de que os ânimos nunca estiveram tão acirrados e que a guerra de bastidores da semana que passou foi a mais dura e tensa já protagonizada pelos dois grupos. Algo que tem irritado o governador e seus apoiadores é a reiteração da estratégia, segundo pepistas, sempre adotada pelos tucanos, e que consiste em bater forte e depois discursar a favor da reconciliação e da paz. Ou ainda: os aliados de Marconi baterem firme e o próprio pregar a unidade e defender ‘os interesses maiores do Estado’.

Outra ação do PSDB e do senador Marconi Perillo que incomodou os governistas durante a semana foi a visita feita pelo senador, deputados e pré-candidatos do partido à cidade de Luziânia. O senador visitou as famílias dos seis jovens que estão desaparecidos, no Setor Estrela Dalva, e se colocou à disposição para ajudá-las. Foi lá com ex-auxiliares de seu governo. Para integrantes da administração alcidista, Marconi teria agido como governador, a exemplo do que fez em 2009, quando distribuiu benefícios a vários municípios do Esntorno acompanhando o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e sem convidar Alcides.

PMDB na mira

Enquanto o PMDB, que em tese seria o principal adversário do PSDB, vive o dilema interno da definição do candidato, os tucanos têm centrado suas artilharias no governo estadual e na Nova Frente. Contudo, Marconi Perillo e seus aliados não têm deixado sem respostas as investidas do PMDB. É no debate sobre o endividamento da Celg que o PMDB mais tem apanhado dos tucanos. A tese de que a venda da usina de Cachoeira Dourada, durante o governo Maguito Vilela, foi o principal fator que levou a empresa à situação em que ela hoje se encontra é a que tem prevalecido no debate político. O prefeito Iris Rezende (PMDB) tem repetido sempre, em discursos e entrevistas, que é o PSDB o responsável pelo endividamento da Celg e do Estado, inclusive citando o nome do senador Marconi Perillo. Mas o senador se esquiva do debate direto com o prefeito, apostando na tese de que é preciso preservá-lo para ser ele o candidato peemedebista ao governo, e não Henrique Meirelles. No final da semana, emissários do PSDB divulgaram que, após os combates travados por Jorcelino Braga e Marconi Perillo, o secretário recolheria as armas e não faria mais ataques. O secretário, porém, negou qualquer recuo, deixando claro que se tratava, sim, de uma estratégia tucana de colocar panos quentes depois de uma semana tensa, e que, a exemplo de Alcides, está pronto para seguir em combate, segundo o inimigo. O PSDB, idem.

E guerra é guerra. Até quando esta irá, só Deus sabe. Ao que parece, até dia 3 de outubro. E depois...

Tribuna do Planalto
Sábado, 30 de Janeiro de 2010

Política

Apreensão na Nova Frente

João Adolfo Amaral
Estagiário Convênio Tribuna/UFG

No decorrer desta semana o prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Vieira (PR) se reuniu para um almoço com o governadoriável tucano Marconi Perillo. O encontro gerou comentários sobre um possível convite para o ingresso do partido na chapa de apoio ao ex-governador. À Tribuna, o prefeito confirma o interesse do PSDB. Marconi teria manifestado o desejo de ter o partido na vice ou em uma das vagas ao Senado.

Vanderlan confirma também que o partido já conversou com o PMDB, por meio do prefeito Iris Rezende e do presidente regional Adib Elias. No entanto, fez questão de ressaltar que o PR ainda tem como prioridade a Nova Frente, a união dos partidos que sustentam o governador Alcides Rodrigues. “Trabalhamos pela Nova Frente e temos um pré-candidato, que é o deputado federal Sandro Mabel”.

O prefeito avalia que a definição do nome ao governo pela Frente só deve sair mesmo “aos 48 do segundo tempo”. Antes do fim do mês de março nada deve ser decidido. “Mas se passar disso, ai já será tarde”. Sobre os planos para 2010, o projeto de Vanderlan é continuar à frente da prefeitura de Senador Canedo e trabalhar pela campanha do candidato apoiado pelo partido. Dificilmente ele deixaria a prefeitura para uma campanha a deputado estadual ou federal. Já uma candidatura ao Palácio das Esmeraldas também não estaria nos planos. Até agora.

Já o deputado federal Sandro Mabel tentou amenizar a repercussão do contato do PR com o PMDB. Por meio de sua assessoria, o deputado, que se encontra em São Paulo, negou as conversações políticas com o partido do prefeito Iris Rezende e uma possível aliança para 2010. Mabel se declara animado com sua pré-candidatura e garante que está dentro da Nova Frente.

‘É preciso construir’

O secretário-geral do PP, Sérgio Lucas, analisou que o importante, neste momento, é manter a configuração da aliança. “É preciso construir e não supor qualquer desconstrução”, diz. Segundo o secretário, o governador tem mantido conversas mais amiúde com o deputado Sandro Mabel, presidente do PR. A situação da Nova Frente também é considerada excelente. “Temos uma profusão de nomes”, avalia, citando os pepistas Ernesto Roller e Jorcelino Braga, os democratas Ronaldo Caiado e Demóstenes Torres, além de Sandro Mabel e do vice-governador Ademir Menezes, ambos do PR. “Os outros estão como aquela história do sujeito que encontra a onça e só tem uma bala”. Este é um dos motivos apontados por Sérgio Lucas para a demora na escolha do candidato. No entanto a situação estaria mesmo se afunilando entre Braga e Roller.

Para o dirigente pepista não há motivo para pressa nem angústia. Ele também nega qualquer pressão da base para acelerar a escolha do nome. Segundo Lucas, ninguém cobra porque há confiança da base no “timming” do governador Alcides. A pressa seria motivada pela curiosidade. “Quanto mais curta a campanha, melhor”. O contrário só se justificaria se o partido apresentasse nomes considerados novos, grupo onde Sérgio Lucas não inclui Braga e Roller, secretários cujo trabalho é diariamente mostrado pelos meios de comunicação e, por isso, nomes conhecidos de todos. Resta saber se as balas da Nova Frente terão o calibre suficiente para matar a onça em 2010.

Uma destas balas, o secretário de segurança pública Ernesto Roller, tem tido intensa movimentação nas últimas semanas, principalmente na entrega de viaturas no interior. Até mesmo a concorrência andou elogiando, como foi o caso do deputado Jardel Seba (PSDB), que acompanhou Roller durante entrega em Catalão. No Twitter, o líder tucano na Assembleia afirmou que a polícia ficou “super feliz” com a iniciativa.

DEM

Se o PR caminha pelo pragmatismo e conversa com todos os lados, o mesmo não ocorre no comando do Democratas. De acordo com o deputado federal Ronaldo Caiado, a discussão final será feita em convenção mas que há praticamente uma unanimidade dentro do partido no que diz respeito ao apoio à Nova Frente.

Apesar do ganho de musculatura dos nomes pepistas, Caiado continua firme no propósito de ser ele próprio o candidato ao governo estadual. Um dos fatores que poderia pesar contra o nome do deputado é o fato da Frente ser um dos pilares de apoio à candidatura do PT ao Planalto. Do mesmo modo que não abre mão de ser candidato ao governo, Caiado não abre mão do apoio a José Serra. “Nunca fui homem de duas posições, e minha posição é de apoio ao governador Serra”.

Sobre a situação do PR dentro da aliança o deputado se recusou a comentar, mas afirmou que o Democratas nunca conversou nem com PMDB nem com PSDB sobre uma possível coligação. Segundo o deputado, ele respeita muito o prefeito Iris Rezende, com quem já dialogou sobre política, “mas nunca sobre aliança”. Já com Marconi Perillo o relacionamento seria bem mais distante, sem possibilidade alguma de aproximação.

Com relação ao prazo para definição do candidato governista, Caiado afirma que há sinalização de que isso só ocorrerá em maio. Se esse prazo é longo ou não, seria algo variável dentro da interpretação de cada um.


Tribuna do Planalto

Política

Uma guerra muito além do Twitter

Marco Antonio Oliveira

Não bastasse a disputa entre PP e PSDB já estar centrada no embate entre o senador Marconi Perillo (PSDB) e o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga (PP), agora a troca farpas fica mais acirrada com a participação intensa do próprio governador, Alcides Rodrigues (PP), que passou a responder com ênfase ainda maior as críticas do senador e de seus aliados. Em visita a Anápolis na quarta, 27, o pepista reafirmou que assumiu o Estado com um déficit de R$100 milhões. Na abertura do discurso, Alcides disse ter conseguido cumprir a promessa de sanar o déficit do governo estadual. "Isso contribuiu para que o Estado conseguisse contrair empréstimo de R$ 1,7 bilhão junto ao governo federal, sendo que em outros momentos Goiás não conseguiu um centavo sequer", disse.

O pepista reclamou que, no momento em que assumiu, por conta do comportamento do governo anterior o Estado não tinha direito de pegar “nem meio centavo de empréstimo em qualquer entidade financeira do País”, e comemorou o fato de haver conseguido alterar esta realidade. “Esse foi o fruto do trabalho do nosso governo, e não quero que o mérito da questão fique com o governador. O mérito é de todos, da equipe do governo, da inicitativa privada, dos parlamentares, dos poderes constituídos em Goiás, que são harmônicos e, por isso, produtivos”, afirmou o governador.

Alcides Rodrigues também reagiu à citação feita por Marconi Perillo, que disse “achar estranho” o fato de seu nome não aparecer na matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, sobre inquérito que tramita no STF. Ele disse que, se Marconi souber de algo, deve tornar isso publico. "Se ele tem alguma coisa a dizer, que coloque na imprensa, no momento que quiser e como achar melhor", afirmou. O governador disse ainda que não usa conjecturas para fazer suas declarações: o faz diretamente. A referência veio depois de informado que o senador fizera comentário usando seu endereço no Twitter. "Se ele disse isso, ou fez conjecturas disso, ele está completamente enganado. O governador de Goiás, quando quer dizer alguma coisa, não usa de subterfúgios (referência indireta ao Twitter). Tem sido assim ao longo da minha vida e não é agora que eu vou mudar este comportamento", declarou.

PR

Na visita a Anápolis, o governador anunciou obras e falou das medidas adotadas por sua gestão para equilibrar as contas do Estado. Quando questionado sobre as conversas de que o PR pode deixar o PP na eventual composição da Nova Frente, reagiu de forma enfática, negando a informação. A hipótese passou a ser ventilada na semana anterior, depois que o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, conversou sobre sucessão estadual com o presidente regional do PR, Sandro Mabel. A partir daí surgiram comentários de que Iris teria oferecido a vice de sua chapa aos republicanos. Ninguém confirmou o teor do diálogo.

Na eleição de 2006, Sandro Mabel queria que o PR apoiasse o PMDB na disputa pelo Palácio das Esmeraldas, à época com Maguito Vilela, mas acabou cedendo à pressão da maioria, embarcando com os progressistas indicando-lhes o vice, Ademir Menezes. O retorno dessa conversa incomodou Alcides, que reagiu a uma pergunta feita pela Tribuna de Anápolis dizendo: “Possibilidades existem inúmeras, mil possibilidades, eu não vou me ater a um assunto.”

O governador não quis comentar possíveis conversações com PT, no caso de o PR realmente abandonar a Nova Frente. A orientação no Partido dos Trabalhadores, partindo de Lula, é para os petistas priorizarem o apoio aos candidatos de outros partidos nos estados. “O próprio presidente do PR disse hoje (quarta, 27) que nunca conversou com ninguém a respeito disso. Quem inventou isso tem outros interesses”, encerrou Alcides.

Alcides estava em Anápolis acompanhado de alguns secretários, entre eles Sérgio Caiado, que é presidente estadual do PP. Com exclusividade à Tribuna de Anápolis, Sérgio Caiado disse não acreditar na possibilidade de saída do PR, mas ponderou que “em política tudo é possível”. Para ele, as conversas sobre composição de chapa vão acontecer naturalmente e com elas as composições “vão fluir”.

Sérgio Caiado disse ainda que nem ele, nem o governador trataram de sucessáo, por considerarem esse debate prematuro. Ele disse que o PP goiano discute internamente a possibilidade, que pode vir a ser certeza, de lançar um candidato de consenso que consiga integrar vários partidos. “Estamos desenvolvendo conversação não apenas internamente, mas com a base e com a comunidade civil organizada também. Estamos propondo uma candidatura propositiva”, disse Sérgio Caiado.

De acordo com o presidente, o PP prioriza, neste momento, a abertura para uma grande junção de partidos que apoiam o governador Alcides e que dão respaldo à sua administração. Questionado sobre o rompimento da ex-base aliada governista, ele foi enfático: “A verdadeira base aliada para nós é a base do governador Alcides. Ele é que é o governador, portanto a base é dele.”

Anápolis

Durante o discurso que antecipou a assinatura de convênio do município com a Saneago na ordem de R$ 100 milhões, o governador elogiou o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, que, segundo ele, “está fazendo uma grande administração” e é “um grande parceiro”. Gomide retribuiu os elogios. “Alcides pensa Anápolis com desenvolvimento e com responsabilidade”, disse.


Tribuna do Planalto
Sábado, 30 de Janeiro de 2010

Comunidades

Epidemia de dengue em Goiás

Lourdes Souza

Uma epidemia de dengue atinge as cidades goianas desde o início do ano. Em 142 municípios foram registrados casos da doença, sendo que em 18 a situação é de alto risco. O último balanço da Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostra que 9.141 pessoas tinham contraído a dengue no Estado até o dia 23, sendo que quatro morreram, três na Capital e outro em Aparecida de Goiânia. Outras quatro mortes suspeitas, duas em Goiânia, Nova Veneza e Aragarças, estão em investigação. Ao se comparar as três primeiras semanas deste ano com o mesmo período de 2009, constata-se que as contaminações aumentaram 439,93%.

Mais da metade dos casos estão concentrados em Goiânia e Aparecida de Goiânia, as cidades mais atingidas pela dengue até o momento. Juntos, os dois municípios contabilizam 6.115 pessoas contaminadas e as quatro mortes confirmadas. Goianira é a terceira cidade com mais casos, 457, seguida de Campos Belos com 327 e Senador Canedo, 261.

O avanço nos casos deixa as autoridades de saúde em alerta. Uma operação emergencial contra a doença se iniciou na última segunda-feira, 25, após reunião entre o governador Alcides Rodrigues, secretária estadual de Saúde, Irani Ribeiro, e prefeitos e secretários de Goiânia e região Metropolitana.

Denominada 'Operação de guerra contra a dengue', a ação foi iniciada em Aparecida de Goiânia, que até agora registrou 1.382 contágios da doença, mais que o dobro do ano passado. Na cidade, as equipes visitaram dez bairros, nesta última semana, com o apoio de 77 homens do Exército.

Na quinta e sexta-feira passadas, os esforços foram concentrados no Alto Paraíso, Madre Germana e bairro Cardoso, onde o gerente de Endemias do município, Raimundo Nonato de Miranda, e homens do Exército vistoriam as residências e lotes baldios. Na semana passada, a operação foi intensificada com visitas a dez bairros, entre eles Garavelo, Garavelo Park, Jardim Tropical, Buriti Sereno, Veiga Jardim, Colina Azul, Jardim Tiradentes. Ao todo 14 bairros foram visitados na cidade desde a segunda semana de janeiro.

O gerente de Endemias diz que as ações de combate à dengue foram reforçadas há duas semanas e vão continuar nos próximos dias. Na cidade, os bairros com maiores incidências da doença são Garavelo, com 113 notificações, e Buriti Sereno, 86. Além do apoio de 77 homens no Exército, a cidade recebeu quatros carros de fumacê e um caminhão para coleta de pneus.

Com o apoio do Exército também foi montada uma tenda para acolhimento e reidratação de pacientes no Cais do Garavelo. Na sexta-feira, Vanessa Vaz de Souza e Maria Barbosa foram atendidas no local, onde tomaram soro no período da manhã. O diagnóstico das duas era dengue.

O secretário de saúde de Aparecida, Rafael Nakamura, diz que a estrutura para atendimento foi ampliada para atender os casos de dengue, que lotam os postos de saúde. O plantão passou a contar com mais sete médicos e os laboratórios das unidades de saúde passaram a funcionar 24 horas.

População

O aumento no número de casos de dengue fez com que as autoridades pedissem o apoio da população nas ações preventivas. Durante a reunião com os representantes dos municípios goianos, o governador Alcides Rodrigues, disse que o encontro não foi somente para ampliar as ações de combate, mas sobretudo para conscientizar os cidadãos. Segundo ele, no atual contexto, é importante que cada um faça a sua parte evitando deixar água parada e lixo acumulado em suas residências.

O mesmo apelo foi feito pelo prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, que reforçou que se não houver ajuda da população a tendência é que os casos aumentem. “Só o poder público não dá conta. A participação do Exército brasileiro é um símbolo para mostrar que a situação é de guerra realmente contra a dengue”. Como exemplo, Vilela pediu que todos os poderes começassem a fazer varreduras em suas unidades contra a proliferação do mosquito.

Em relação às ações para atender a população de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela disse que irá dobrar o número das unidades do Programa de Saúde da Família (PSF) e construir duas unidades de pronto atendimento. No momento, tendas e cadeiras de hidratação foram montadas nos postos de saúde para reforçar o atendimento da demanda.

Goiânia

Na Capital, onde até o dia 23 de janeiro foram constatados 4.733 casos de dengue, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) intensificará as ações de combate a partir desta segunda-feira, 1º. Em parceira com a Agência Municipal de Obras (Amob) e Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), a operação fará vistoria em 14 bairros até o próximo sábado, 6.

A escolha dos bairros teve como critério a incidência de notificações. As visitas vão acontecer na Cidade Jardim, Bairro Vitória, Santa Helena, São José, Criméia Leste, Vila João Vaz, Setor União, Morada do Sol, Setor Centro-Oeste, Vera Cruz II, Jardim Ana Lúcia, Setor Sudoeste, Vila Isaura e Jardim Petrópolis. Além das visitas das equipes às residências, haverá também aplicações de larvicidas e fumacê. O recolhimento de lixo e limpezas das bocas de lobos ficarão sob a responsabilidade da Comurg e Amob. Nas últimas duas semanas, as equipes vistoriaram imóveis em 24 bairros de Goiânia.

Mais chuvas, mais mosquitos

A antecipação do período chuvoso no Estado, que começou no final do ano passado, é um dos fatores que favoreceu o aumento no número de casos de dengue. A gerente de Vigilância Epidemiológica da SES, Magna Maria Carvalho, diz que o acúmulo de água nas residências e lotes baldios beneficia a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Mas comenta que as chuvas não são as únicas responsáveis pela alta incidência da doença.

Segundo ela, não existe uma única explicação para a epidemia de dengue e sim vários fatores como o acomodação da população na prevenção e a falta de políticas públicas nas cidades. Magna comenta que em vários municípios do Estado ainda não há acesso à água e as pessoas usam cisterna, que é um local propício para focos da dengue.

Além disso, em Goiás, o vírus 1 voltou a circular neste ano. Agora, três vírus - 1, 2 e 3 - estão em circulação segundo informações da SES. Segundo a gerente de Vigilância Epidemiológica, o retorno do vírus 1 também está entre os fatores que contribuíram para a ampliação nos índices da doença. Ela comenta que este retorno é natural, mas pega um número grande pessoas que não está imune. Quem havia sido contaminado pelo vírus 2, no ano passado, poderá ser contaminado pelo tipo 1 agora. Isso porque quem foi contaminado fica imune. Os casos mais graves acontecem quando há duas contaminações, o que favorece a manifestação da dengue hemorrágica. De acordo com Magna, o vírus, que não está relacionado com os tipos graves de dengue, deve ter retornado a partir de uma contaminação em outra região do país.

A gerente da Vigilância Epidemiológica do Estado diz que o agravamento nos casos de dengue não acontece somente em Goiás. De acordo com ela, outros dois Estados da região Centro-Oeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul vivem surtos da doença. Magna diz que a tendência é de que nos próximos 15 dias os casos de dengue comecem a regredir. A intensificação das ações, segundo ela, deve favorecer a ampliação do combate à doença.

Para o atendimento da população, houve a contratação de profissionais e o aumento nos estoques de medicamentos, como paracetamol e soluções de sais para a rehidratação que foram enviados pelo Ministério da Saúde, na última semana. Segundo ela, os casos de dengue devem ser tratados, inicialmente, nas unidades da rede básica. A estrutura do Hospital de Doenças Tropicais (HDT) e Hospital Geral de Goiânia (HGG) – unidades de referência – foram ampliadas para atender pacientes com quadros graves. O HGG reservou 20 leitos para suporte ao HDT, o único hospital de referência para a doença em Goiás.

Interior

As cidades do interior concentram as maiores incidências proporcionais ao número de habitantes. Barro Alto lidera este ranking com 129 contaminações, entre 1º e 23 de janeiro, para uma população de 6.676 pessoas. Na mesma situação estão outros 17 municípios – Goianira, Campos Belos, Ceres, Nova Glória, Nazário, Crixás, Serranópolis, Doverlândia, Santa Terezinha de Goiás, Santa Bárbara, Iporá, Hidrolândia, Rialma, Pontalina, Senador Canedo, Aragarças e Nova Crixás. Em Goiânia, Aparecida e em outras 44 cidades, o nível de incidência é classificada como médio risco, quando se compara os níveis de casos com o número da população. Ao todo, 142 municípios possuem casos de dengue registrados e os outros 104 ainda estão com um quadro silencioso.

Saiba mais

Como prevenir

* Cobrir qualquer local em que haja água acumulada

* Não guardar pneus em áreas abertas

* Manter as lajes cobertas, sem poça de água e esfregá-las, diariamente, com vassoura

* Guardar as garrafas de cabeça para baixo

* Manter os pratos em vasos de plantas sem água ou com um pouco de areia

* Esfregar, com bucha, recipientes que tenham plantas aquáticas

* Evitar o acúmulo de lixo

Sintomas

* Febre, dor de cabeça e incômodo atrás dos olhos. Há também vermelhidão e coceira pelo corpo.

Tratamento

* Repouso e analgésicos até a internação e reposição de líquidos na veia por soro, dependendo do quadro da doença. Em casos de sintomas da dengue, deve-se evitar o uso de medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico, como AAS e Aspirina.

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