segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Diário da Manhã

Política é uma “pocilga”, diz advogado de Ivone
Omar Batista diz que cliente não apresentou denúncia antes à promotoria porque estava “acumulando sentimentos”
06/02/2010

Loren Milhomem
DA EDITORIA DE POLÍTICA & JUSTIÇA

Omar Fabiano Batista, advogado da coordenadora da Renafé, Ivone Francisco dos Santos, pediu ontem que as investigações sobre a denúncia da filha do secretário da Fazenda Jorcelino Braga (PP), Anniela Braga, não sejam contaminadas por interesses políticos. Omar se disse surpreso com a “repercussão tão grande” do caso e solicitou que as investigações fiquem apenas sob responsabilidade do Ministério Público, e que não sejam usadas por adversários de Braga.

“Apesar de grave, este é um caso que acontece muito. Foi apenas uma denúncia da Ivone contra uma pessoa que estava extorquindo ela. De quem essa pessoa é filha, não interessa. As discussões tomaram um cunho político muito grande, e até agora não consigo entender isso”, disse.

Omar afirmou que não enxerga no caso, “ligação com elo político”. “E não quero que levem para esse lado. Peço que as investigações continuem pelo caminho judiciário, porque política é uma pocilga. Tem sempre deputados saindo em defesa dos figurões”, disse.

Questionado sobre o motivo de Ivone não ter feito a denúncia há mais tempo, já que os encontros com Anniela começaram ainda em 2007, Omar afirmou que Ivone “foi acumulando os sentimentos” desde que a Renafé foi retirada da pauta de aprovação de recursos destinados a instituições filantrópicas. “No dia 11 de janeiro, Ivone recebeu a Comenda Anhanguera pelo seu trabalho na instituição, e depois a confirmação de que a Assembleia destinaria a ela os recursos financeiros ao longo do ano, algo em torno de R$200,00 mil reias para manter a Renafé. No entanto, minutos depois, sem nenhuma explicação, a Renafé foi retirada da pauta. Ivone ficou sem saber o que fazer, e foi acumulando sentimentos de desespero”, disse.

O advogado afirmou ser muito “estranho” o projeto que be-neficiaria a instituição ter sido retirado da pauta de votação da Assembleia, logo após Anniela ter afirmado que se não recebesse dinheiro, Ivone perderia o apoio financeiro do Estado. “Isso é muita coincidência, muito estranho. Isso mostra que a Anniela realmente tem influência no Estado. Agora de que forma isso acontece, é que estamos investigando”, afirmou. O advogado ponderou, porém, que neste estágio da questão há cunho político. “Nesse ponto, vejo que realmente há cunho político, e se eu gostasse de politicagem nojenta, investigaria assim. Mas não é dessa forma que as coisas devem ser investigadas”.

Ontem, o Jornal Nacional veiculou a denúncia e o vídeo que mostra Anniela sugerindo a Ivone que conversaria com o “dono dos porcos”, seu pai, para agilizar a liberação dos recursos para a Renafé.

Tucanos

Deputados do PSDB evitaram comentar o caso. A exemplo do que defendeu o senador Marconi Perillo, em seu breve pronunciamento sobre o caso, tucanos afirmaram que o caso deve ser apurado com responsabilidade, mas sem deixar que questões políticas contaminem o caso. “Precisamos ter paciência, saber até onde Braga teve responsabilidade e deixar que o Ministério Público cuide disso. Não deixa de ter prejuízos no campo político, mas é preciso cautela e deixar que os responsáveis pelas investigações deem o seu veredito”, afirmou o deputado estadual Daniel Messac.

Daniel Goulart, por sua vez, elevou o tom e afirmou que as investigações devem ficar a cargo do Ministério Público, assim como o secretário defendia quando se referia ao suposto deficit de R$100 milhões deixado pelo governo do PSDB. “Deixa para a polícia, para o Ministério Público. Ele não costumava muito falar de MP? Então, agora ele tem oportunidade”, alfinetou.

Goulart disse que “não adianta arrumar justificativa para o que é injustificável”. “Há informações de que ela (Anniela) foi sócia dele em empresa. Depois ele aparece querendo deixar o cargo. Só lamento. É ruim para Goiás, porque Goiás volta a aparecer na mídia nacional com imagem ruim”, disse. Goulart declarou que é necessário a convocação do ex-presidente da Celg, Enio Branco, pelo Ministério Público. Enio foi acusado de transferir dinheiro da Celg para a Renafé. A deputada Raquel Teixeira preferiu não julgar o secretário. “Julgamento de mérito só se faz com pleno conhecimento dos dados e eu não tenho esse conhecimento”, disse.

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