Política e Justiça
No mesmo dia em que defende Braga de acusações, Nelto é cassado pelo TSE
O deputado estadual José Nelto (PMDB) foi cassado no início da noite de ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele é acusado de abuso de poder econômico na campanha de 2006. Porém, o peemedebista permanece na Assembleia Legislativa até que sejam julgados os embargos de declaração (recurso contra a sentença do ministro). À tarde, durante evento do PT na Capital, Nelto defendeu o secretário estadual de Fazenda, Jorcelino Braga (PP), cuja filha (Anniela Braga) é acusada de extorsão e tráfico de influência.
“Entendo que é uma armação política para prejudicar a imagem de Braga. Nós sabemos que na política existem aquelas pessoas que não têm escrúpulos. Vejo que é um fato isolado, de uma filha que ele teve fora do casamento. Jamais o Braga daria esse tipo de autorização e permitiria isso. Agora, nós sabemos que tem pessoas que cometem crimes, como filhos de coronel, de deputado, e o pai não pode ser culpado”, afirmou Nelto.
Já no TSE, a defesa de Nelto pouco adiantou. Ele foi cassado por unanimidade. O relator do caso, ministro Ricardo Lewandowski, acolheu a denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE), segundo a qual o deputado contratou uma caminhonete para realizar frete de mudanças na periferia de Goiânia e, em troca, pedia o voto dos beneficiados. A ação foi ajuizada pelo então procurador regional eleitoral em Goiás, Helio Telho Corrêa Filho.
Nelto alegou que o veículo foi contratado por dois meses pelo comitê de campanha do candidato para transportar materiais como placas e faixas, além de participar de carreatas pelo valor de R$ 1,5 mil. No entanto, o dono do veículo estaria dispensado para fazer fretes por sua conta e risco no tempo livre, sendo que duas testemunhas confirmaram à justiça que pagaram pelo frete.
Ao votar pela cassação, Lewandowski observou que a partir de denúncia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Goiás, foram apreendidos no comitê de campanha grande quantidade de cópias de identidade e títulos de eleitor. Além disso, havia um caderno com nome e endereços de pessoas com as quais o deputado teria feito compromisso de campanha em troca de votos.
A própria secretária do comitê confirmou que as anotações no caderno eram suas e também foram descobertas anotações sobre dia e hora das mudanças e o local de onde foram transportados os pertences dos eleitores com seus respectivos destinos. Outras testemunhas confirmaram que não pagaram pelo frete.
O ministro considerou ter prova contundente de que havia estrutura montada para obtenção de votos, pois “os elementos colhidos nos autos não deixam dúvida de que a realização gratuita de mudanças tinham por escopo o aliciamento de eleitores para votar no recorrido”. Em sua opinião, “não é crível que, durante o período eleitoral, fretes gratuitos de mudanças tenham partido do comitê do recorrido sem o seu pleno conhecimento”.
Além do processo no TSE, Nelto é investigado pelo Ministério Público Estadual. Em 2008, ele foi denunciado por, supostamente, ter contratado um funcionário fantasma para seu gabinete, no período entre 2002 e 2006. A promotoria chegou a pedir o bloqueio de bens do parlamentar à Justiça.
Voltando ao assunto Braga, José Nelto foi questionado se a bancada do PMDB está preparada para oferecer apoio ao governador Alcides Rodrigues (PP) devido ao escândalo. Ele despistou: “A bancada do PMDB tem compromisso com a seriedade, honestidade. Nós não aprovamos nada errado, mas também não crucificamos ninguém antes da hora. É preciso aguardar o desdobramento e quem vai dar a palavra final é a justiça”, postergou.
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