terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Popular

Opinião

Alagoas nas letras do País

Pelas figuras exponenciais no mundo das letras da Língua Portuguesa e das Ciências Jurídicas e Sociais, o Brasil ocupa lugar de relevo entre os diversos países. Em todas as unidades federativas, ontem como hoje, há uma constelação de primeira grandeza de escritores e escritoras, poetas e poetisas, assim como um elenco de juristas éticos e mestres conceituados nos múltiplos ramos do Direito .

Na maioria dos Estados (adiante vamos citar as expressões alagoanas), avultam talentos literários: Machado de Assis, Érico Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Castro Alves, Olavo Bilac, Câmara Cascudo, Rui Barbosa, Cruz e Souza, Augusto dos Anjos, Afonso Arinos de Melo Franco, Mário de Andrade, Rachel de Queiroz, Clarice Lispector, José Américo de Almeida, Adelmar Tavares, José Lins do Rêgo (ele escreveu Menino de Engenho em Maceió), Tristão de Athayde e tantos outros.

O Estado de Goiás também se insere na listagem de nomes de expressão nacional: Félix de Bulhões, Bernardo Elis, Carmo Bernardes, Cora Coralina, Eli Brasiliense, Gilberto Mendonça Telles e outros expoentes que despontam na vida literária goiana.

No caso específico de Alagoas, a principal figura regional foi o escritor Graciliano Ramos, autor de várias obras que o imortalizaram, não apenas como literato alagoano, mas também com projeção nacional e internacional. Nascido em Quebrangulo, passou a viver em Palmeira dos Índios, ambos situados na zona Sertaneja de Alagoas. Depois foi para Maceió, onde exerceu destacadas funções públicas.

Entre suas onze obras, divulgadas em treze países, inclusive em Cuba e nos Estados Unidos, evidenciamos São Bernardo, Angùstia, Vidas Secas, Memórias do Cárcere (edição póstuma publicada por seu filho Ricardo Ramos) e Viventes das Alagoas. Algumas delas, pelos dramas sociais vivenciados por seus personagens, viraram filmes.

Por sua ideologia (era autêntico socialista), o autor de Angústia foi perseguido e preso pela Polícia Política do Estado Novo. Não houve processo nem defesa, sendo conduzido para Recife, colocado no porão de um navio e levado para o presídio de Ilha Grande (Rio), sendo solto onze meses depois. Ao escrever Angústia, pressentia a perseguição.

Para o escritor Tristão de Athayde (Alceu de Amoroso Lima), Graciliano Ramos “foi um apaixonado subversivo contra as injustiças sociais e contra toda sorte de alienação no plano econômico e político”. Qual sociólogo realista, ele sustentava que “não se reforma a sociedade sem a reforma do homem”. Foi por duas vezes presidente da Associação Brasileira de Escritores e se recusou a integrar a Academia Brasileira de Letras.

Outro nome exponencial nas letras do Estado nordestino foi Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, alagoano de Passo de Camarajibe. Filólogo, escritor e lexicógráfo, ele é autor do Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa e do Aurélio. Fez conferências em vários países da América. Também foram mestres do Direito e historiadores Tavares Bastos, pai e filho.

Embora médico, registre-se ainda a influência de Jorge de Lima, escritor e poeta de União dos Palmares. Escreveu Invenção de Orfeu e, entre os poemas, O acendedor de Lampiões e Essa Nega Fulor. Seus poemas são famosos.

Jurista de conceito nacional e internacional, Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda se dedicou aos estudos científicos de vários ramos do Direito, sobretudo nas áreas constitucional, cível, processual e comercial. Representou o Brasil no Bureau Internacional do Trabalho e tem amplos estudos sobre o Código de Processo Civil, História e Prática do habeas corpus. Seu primoroso Tratado de Direito Privado consta de 60 volumes.

Além de Pedro Lins Palmeira, jurista de Maragoji, Alagoas premiou o País com outras renomadas figuras da literatura jurídica, inclusive os Gouveia, de cujo ramo descende o alagoano Djalma Tavares de Gouveia, radicado em Goiás, onde exerceu as funções de desembargador.

Registramos, enfim, as universidades (federal e estadual), Academia Alagoana de Letras, Instituto Histórico e Geográfico, Teatro Deodoro, centros literários e sua rede de comunicação social. Eis Alagoas no cenário das letras e das ciências jurídicas do País.

Armando Acioli é jornalista

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