quinta-feira, 18 de março de 2010

Aparecida: lixo em lugar inadequado!

O Popular

Da Redação






Diomício Gomes *

O nosso lixo de todo dia

O Aterro Sanitário de Aparecida de Goiânia, vizinho do Córrego Santo Antônio na região do Complexo Prisional, que já foi alvo de ações de órgãos públicos do meio ambiente em 2006, retirando catadores de recicláveis, ainda passa por dificuldades de se tornar um receptor adequado para o lixo produzido nessa que é a segunda maior cidade goiana.

A equipe do POPULAR esteve no aterro numa manhã que sucedeu uma noite torrencial e constatou falhas graves no sistema de drenagem e acondicionamento do chorume brotado das altas montanhas de lixo e que escorria a céu aberto por toda a parte leste do aterro. Na área sanitária há locais característicos de um grande lixão, tamanha a quantidade de rejeitos espalhados de forma desordenada. Poucos dias depois, o jornal retornou ao local e flagrou catadores de recicláveis adentrando livremente e retornando carregados de produtos para uma vila ao lado, erguida do lixo, onde várias pessoas, numa espécie de cooperativa, se empenham na separação do material extraído das montanhas sanitárias.

Percorrendo as margens do córrego – trecho vizinho ao aterro –, conhecemos o pedreiro Valdomiro Gomes Pereira, de 57 anos, e sua mulher Neide Silva de Almeida, 52, moradores da chácara Recanto das Aroeiras. Ela teme que a água de sua cisterna esteja contaminada. “De uns tempos pra cá a gente tá sentido mal-estar e dores de cabeça constantes”, disse a ribeirinha de nascença, que criou três filhos às margens do Santo Antônio. “Essa água já foi muito boa! Todo mundo se banhava aqui, e agora esse tantão de água não serve pra nada, já tá parecendo o Rio Meia Ponte!”, lamenta Valdomiro.

Subindo a margem leste do córrego, sentido Vale das Pombas, ao norte, nos deparamos ainda com uma pocilga anexa a um abatedouro. Um pouco mais acima, no leito assoreado do Santo Antônio, num ponto de extração de areia, é possível uma real percepção da proximidade do aterro com o manancial.

O lixo doméstico, hospitalar e de tantas outras fontes de rejeitos se tornou um dos maiores gargalos das administrações municipais. A oferta de recursos para administrar decentemente da varrição dos logradouros à coleta e o descarte final das milhares de toneladas de lixo produzidas diariamente pode até não acompanhar o aumento ininterrupto desses resíduos, mas deixar que o solo e os meios hídricos sofram ainda mais as consequências maléficas desse aumento é seguramente o que jamais deveria acontecer.

* Diomício Gomes é repórter fotográfico do POPULAR

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