sexta-feira, 12 de março de 2010

Com Íris tem mosquito!!

O Popular

CIDADES

Casos de dengue chegam a 50 mil e já são 16 mortes em 65 dias
Em 2009, a média de notificação foi de 764 casos por dia. Goiânia concentra 56% das ocorrências

Carla Borges

Os casos notificados de dengue em Goiás chegaram a 49.683 nas nove primeiras semanas epidemiológicas deste ano, de 1º de janeiro a 6 de março. A doença comprovadamente matou 16 pessoas no período (em todo o ano de 2009 foram 38 óbitos), mas pode ter feito mais vítimas, já que 26 mortes com sintomas suspeitos estão em investigação. Goiás enfrenta a pior epidemia da doença da história. Em 65 dias foram registrados 2,6 mil casos a mais do que em todo o ano de 2008, até então o detentor do recorde. A média em 2009 é de 764 novos casos notificados por dia.

Goiânia concentra 56% dos casos da doença, com 27.896 registros, seguida por Aparecida de Goiânia, Rio Verde, Anápolis e Iporá (veja quadro). A capital também tem o maior número de mortes (6 das 16 confirmadas). Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), que reforçou o apelo para que a população colabore com as ações do poder público, eliminando possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, e evitando a automedicação.

O coordenador de Controle de Vetores, Jamilton de Freitas Pimenta, diz que o número elevado de mortes em um período tão curto chama a atenção da Secretaria de Saúde. “A maioria aconteceu em Goiânia, onde os profissionais de saúde estão bem capacitados para lidar com a doença”, afirma. “É possível que essas pessoas estejam já chegando às unidades de saúde com sintomas agravados, devido à demora em procurar ajuda”, raciocina.

A diretora do Departamento de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Flúvia Amorim, confirma que houve casos de pacientes que procuraram os postos de saúde bastante debilitados, depois de ficar dias tratando os sintomas em casa. “Tivemos pacientes que já chegaram em choque, numa situação gravíssima”, informou. A orientação das autoridades é para que os doentes procurem a unidade de saúde mais próxima tão logo apresentem sintomas da doença, como febre, dor de cabeça e dores nas articulações.

Clima

O intenso calor e o excesso de chuvas deste ano, condições extremamente favoráveis à proliferação do mosquito transmissor da dengue, são os principais fatores apontados por Flúvia e Jamilton para o aumento dos casos da doença, apesar da intensificação das ações de combate. O número de casos das nove primeiras semanas deste ano é 558,6% maior do que do mesmo período do ano passado, quando foram feitas 7.544 notificações em todo o Estado.

“Se não estivéssemos fazendo as ações emergenciais, a situação poderia ter sido pior”, argumenta Flúvia. Jamilton acrescenta aos fatores o retorno do sorotipo 1 do vírus da dengue, que não circulava em Goiás desde 2002, e ainda a infestação pelo Aedes aegypti, que hoje é de 1,55% no Estado, quando o índice máximo preconizado pelo Ministério da Saúde é de 1%. “Nunca tivemos tamanha infestação”, reconhece o coordenador.

No início do ano, Goiás tinha 64 municípios com alta incidência de dengue, acima de 300 casos por grupo de 100 mil habitantes. Hoje são 94. Sem contar que 69 municípios não enviaram informações na última semana epidemiológica. “Mais de 70% dos casos foram provocados pelo sorotipo 1 do vírus”, conta Jamilton. Na próxima semana, técnicos da SES se reunirão com representantes de Goiânia e Aparecida de Goiânia para reavaliar as estratégias adotadas.

Mesmo com a intensificação do combate ao mosquito na capital e em Aparecida, ainda há criadouros visíveis. Ontem O POPULAR recebeu a reclamação de um borracheiro, que pediu para não ser identificado, que reclamou sobre a suspensão da coleta, pela prefeitura de Aparecida, de pneus imprestáveis. “Antes a prefeitura recolhia e levava para o depósito, agora querem que os borracheiros façam isso”, relatou. Em sua borracharia, às margens da BR-153, havia ontem cerca de 50 pneus.

Procurada pela reportagem, a prefeitura de Aparecida de Goiânia deu duas informações conflitantes sobre a reclamação. O diretor de Limpeza Urbana, Sebastião Ferreira, confirmou que a coleta de pneus foi suspensa e disse que a responsabilidade é dos borracheiros. Já o secretário de Desenvolvimento Urbano, Walbênio Oliveira, garantiu que a coleta de pneus está normal. O secretário colocou um número de telefone para reclamações e pedido de coleta de pneus: 3545-5930.

Nenhum comentário:

Postar um comentário