segunda-feira, 15 de março de 2010

Jornal Estado
                                  de Goiás

Recuo de Iris preocupa anapolinos pró-aliança
Indecisão sobre candidatura coloca PMDB e PT em estado de alerta

Orisvaldo Pires

O anúncio do prefeito de Goiânia, Iris Rezende Machado (PMDB) sobre sua dúvida quanto a assumir ou não a candidatura ao governo de Goiás desencadeou uma série de reações entre os peemedebistas e nos partidos da base aliada ao presidente Lula. A ala do PMDB que ainda acredita no apoio do partido à candidatura do tucano Marconi Perillo, simbolizada pelo advogado Ney Moura Telles, ganhou espaço no partido. Telles disse que os acontecimentos de agora comprovam o que vem dizendo há alguns meses, que Iris Rezende não será candidato. A possibilidade de aliança com o PSDB, diz o advogado, será levada à convenção peemedebista em junho.

O vacilo de Iris Rezende deixou sem ação algumas das lideranças mais expressivas do PMDB em Anápolis e também no âmbito estadual. O presidente do diretório de Anápolis, Adhemar Santillo, mostrou-se surpreso com as declarações do prefeito de Goiânia. Em declaração informal, o ex-prefeito revelou que, a se confirmar uma possível desistência de Iris, estarão abertos diversos caminhos para o partido, inclusive a possibilidade da reedição do ‘projeto Meirelles’. Santillo reconhece que, sem candidato ao governo em 2010, o PMDB perde força e pode se esfacelar. Mas, precavido, o presidente do PMDB anapolino acha melhor aguardar mais um pouco. Para se habilitar a uma candidatura, Iris Rezende precisa renunciar à Prefeitura de Goiânia até o início de abril.

O vereador Wesley Silva (PMDB) afirma que o projeto de construção de uma candidatura forte, que represente a base do presidente Lula em Goiás, é maior que quaisquer decisões partidárias ou pessoais. Segundo ele, a estratégia de forçar Henrique Meirelles a antecipar uma decisão sobre sua participação no processo sucessório, teve o objetivo de agilizar um entendimento político em Goiás. Silva detém a informação de que o prefeito Iris Rezende deve se encontrar com o presidente Lula, em Brasília, na próxima semana. O vereador acredita que o prefeito de Goiânia aglutina forças e diz não ter dúvidas que Iris é o nome de Lula para encabeçar seu projeto em Goiás.

Para Wesley Silva, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está inserido na campanha majoritária em 2010, como candidato a uma das vagas no Senado. O vereador peemedebista acredita inclusive que o fato do Partido dos Trabalhadores receber a Prefeitura de Goiânia para administrar por quase três anos, “vale o entendimento no contexto da definição de uma parceria”. Wesley Silva reconhece que o PMDB não ganha eleição se caminhar sozinho, “o partido sabe disso”. Segundo ele a possibilidade de Iris Rezende não ser candidato é um complicador. “Mas todos sabemos que o presidente Lula vai articular esta composição não apenas com Iris, mas com toda a base”, conclui.

Na hipótese de Iris Rezende desistir de ser candidato, o PMDB estará diante de uma situação desconfortável. O entendimento é que, dentro do partido, além do prefeito de Goiânia, não há outro nome competitivo, com chances de derrotar o senador Marconi Perillo (PSDB). Se Iris desistir, em qualquer situação o PMDB assumiria posição secundária, considerando que o PT lançaria candidatura a governador. O que seria mais provável: aceitar a situação e apoiar o PT em fidelidade à base de sustentação de Lula com possibilidades de indicar o candidato a vice, ou se alinhar aos tucanos com as negociações começando do zero para saber como será a participação do partido na nova composição? A outra saída seria lançar candidato próprio, romper com o PT e caminhar quase sozinho. Menos provável.

CONDICIONAL

O desenrolar dos fatos nos últimos dias trouxe uma outra revelação. O respaldo do PT a uma candidatura a governador do PMDB é baseada em nomes. Para os petistas, se o candidato não for Iris, o partido lança o deputado federal anapolino Rubens Otoni como cabeça de chapa. Para alguns integrantes do PMDB, se este quadro realmente se desenhar, o partido vai se esfacelar. Uma parte pode apoiar a candidatura petista, enquanto outra parte poderia até se alinhar ao PSDB. Otoni diz que topa assumir a missão, mas quer garantir o apoio tanto do PMDB quanto dos partidos da ‘Nova Frente’ – PP, PR, DEM e PSB.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, se consideras as informações geradas nos bastidores do Palácio do Planalto esta semana, não pensa mais em ser candidato a governador em Goiás. Se realmente se desincompatibilizar do BC até o dia 3 de abril, pode disputar vaga ao Senado. Há também uma outra possibilidade remota, que conta com a simpatia até do presidente Lula, em que Meirelles seria candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. No entanto, tudo caminha para que Michel Temer seja o indicado. Esta semana Lula voltou a pedir a Meirelles que permaneça na presidência do Banco Central.

PARCEIRO

O presidente do PT de Anápolis, Antônio Júlio de Oliveira, reafirmou a posição do partido, no âmbito regional, de lançar o deputado Rubens Otoni candidato a governador, caso o prefeito Iris Rezende decida permanecer no Paço Municipal. Segundo Júlio, o PT está em situação confortável. Se Iris for candidato, o partido terá direito a uma das vagas majoritárias: a vice ou de senador. O presidente do PT anapolino reconhece no PMDB um “parceiro de primeira hora”, dentro do projeto nacional comandado pelo presidente Lula, que tem a ministra Dilma Rousseff como candidata a presidente.

A especulação sobre uma possível desconfiança do prefeito Iris Rezende sobre a forma como o PT conduziria a Prefeitura de Goiás, na opinião de Antônio Júlio de Oliveira, não condiz com a realidade. Segundo ele esta questão não é empecilho para a confirmação da aliança PMDB-PT nas eleições. “O próprio prefeito Iris Rezende disse que seus companheiros do PT são fiéis e que confia em seu vice, Paulo Garcia”, comenta. O dirigente petista acredita que alguns integrantes do PMDB, que não são simpáticos ao PT, criam factóides que às vezes tumultuam o ambiente.

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