segunda-feira, 1 de março de 2010

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DA REDAÇÃO

Embriaguez ao volante teria cura?

Dirigir embriagado é imprudência ou infração de natureza grave à legislação do trânsito? Para a leitora Renata de Oliveira, de Goiânia, é falta de amor à vida – própria e dos outros – e quem provoca óbito nesse estado deveria cumprir pena de prisão sem regalias, a fim de não reincidir.

Está certa a leitora. Se esse motociclista que atropelou e matou há pouco a garota Maria Eduarda de Oliveira e Silva, de 9 anos incompletos, em uma faixa de pedestre na GO-040, tivesse sido punido quando também embriagado matou uma mulher nas mesmas circunstâncias, em 2003, talvez a vida da menina agora tivesse sido poupada.

Durante o carnaval, o número de acidentes e de mortos nas estradas federais aumentou 13% em relação a 2009, segundo balanço da Polícia Rodoviária Federal. Nessa estatística ficam de fora as malhas estaduais. A maior novidade nas autuações deste ano foi o número de motoristas embriagados. Dos 46.226 testes de embriaguez realizados pela PRF, 1.253 motoristas foram flagrados dirigindo bêbados.

A festa acabou para 593, que foram presos em flagrante e levados para a custódia da Polícia Civil. Um motorista bêbado atropelou no acostamento da Rodovia Fernão Dias, em São Paulo, uma mulher grávida de 7 meses, que, por milagre, sofreu apenas escoriações.

Esse tanto de bêbados flagrados poderia ser maior se o número de agentes aumentasse na mesma proporção do de veículos em circulação. Só que em 2009 havia 9,5 mil agentes para fiscalizar 54,5 milhões de veículos em 62 mil quilômetros de estrada. Em 2010, há mais 4 mil quilômetros de rodovias e 59,3 milhões de veículos, mas o número de policiais é o mesmo.

Infelizmente, o governo prefere investir mais em radares – tudo a ver com a arrecadação de impostos. Radar não identifica embriaguez ao volante nem ajuda a localizar veículos roubados ou furtados, com informações a um banco de dados, mas indica quem ultrapassa os limites de velocidade para serem multados.

Com relação aos embriagados presos, resta saber o que virá depois. Segundo Renata Oliveira, quem dirige embriagado e provoca morte deve ser processado com mais rigor. Só pagar a fiança e repetir a dose ou as doses não vale. É pouco para um bêbado contumaz.

Altamir Vieira é jornalista

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