segunda-feira, 1 de março de 2010

Tribuna de Anápolis
Sábado, 27 de Fevereiro de 2010

Editorial 

Qualificação ou bolso?


Por que um município que vem vivendo um momento de especial avanço em seus indicadores não consegue, com todos os seus 301 mil habitantes, preencher uma média de 790 a 100 vagas de trabalho. Fala-se muito em falta de qualificação do trabalhador local. Porém, não falta no município oferta de vagas de formação em áreas sensíveis, como tecnologia e logística. Além do mais, estranha-se o fato de não estar ocorrendo um fenômeno relevante de migração interna (leia-se intra-regional) dos centros urbanos metropolitanos do Centro-Oeste (Brasília e Goiânia) para Anápolis.

Se ocorresse, tal fenômeno seria antes regra que exceção no Brasil do início do século XXI. “As cidades médias de hoje serão as metrópoles de amanhã”, já afirmava o geólogo Milton Santos. Diante de tudo isso, não seria um problema de nível salarial o verdadeiro problema de preenchimento de vagas no município? Em um quadro de crescimento que atinge a todas as regiões brasileiras, os salários praticados em Anápolis não seriam baixos demais para atrair a tão desejada mão de obra qualificada? Fica para pensar na cama, ou na mesa de diretoria.
Há algum tempo, Anápolis convive com uma realidade que não se tem distanciado muito do cenário vivido pela maior parte das cidades médias das regiões mais valorizadas pelo neodesenvolvimentismo. O crescimento econômico em termos reais é visível não apenas por meio das estatísticas de aumento do produto e da renda. O aumento de vagas de emprego convive com uma taxa de rotatividade da força de trabalho que chama a atenção de autoridades públicas e agentes econômicos desde o início desse ciclo. Entretanto, a persistência dessa alta rotatividade em postos de trabalho e de um número pouco variável de vagas não-preenchidas vem se revelando como um dos pés de barro do “espetáculo do crescimento” em sua expressão anapolina.

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