terça-feira, 20 de abril de 2010






ARTIGOS






Armando Acioli


Presença histórica

A capital do País, Brasília, festeja amanhã, 21 de abril, o seu cinquentenário de inauguração, data que coincide com o dia do protomártir da independência do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. E foi também um eminente mineiro, Juscelino Kubitschek de Oliveira que, na Presidência da República, concretizou o ideário secular previsto em várias constituições: a interiorização da capital federal no Planalto central.

Após sua posse a 31 de janeiro de 1956, o presidente JK iniciou uma série de medidas para, como ele afirmou, “fazer descer do plano dos sonhos a realidade de Brasília”. Em abril de 1956, da cidade de Anápolis, enviou mensagem ao Congresso, instituindo a Comissão de Planejamento da Constituição e Mudança da Capital Federal. Em setembro do mesmo ano oficializou o nome de Brasília, criando a Companhia Urbanizadora da Nova Capital presidida pelo engenheiro Israel Pinheiro.

A 2 de outubro de 1956, o presidente JK, em pleno campo aberto, assinava os primeiros atos no local da futura capital, quando então proclamou: “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos sobre o amanhã do meu País e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”, previu o chefe da Nação.

O então governador José Ludovico de Almeida, presentes o próprio presidente Juscelino, o fundador de Goiânia, Pedro Ludovico, além de outras autoridades federais e estaduais, sancionou a lei estadual de desapropriação da área da nova capital da República. A comissão de desapropriação era presidida pelo médico Altamiro Pacheco.

Em outubro de 1956, JK sancionava a lei 3.273, que marcou a data de 21 de abril de 1960 para a mudança da capital. A lei resultou de um projeto do deputado federal Emival Caiado, da UDN goiana.

Mais remotamente, em dezembro de 1953, ao visitar o Estado, o então ministro da Justiça, o mineiro Tancredo Neves, em almoço no Palácio, já falava com o jornalista Câmara Filho (fundador do POPULAR juntamente com os irmãos Jaime Câmara e Vicente Rebouças Câmara) sobre o sonho mudancista.

Há que se mencionar também que o pecuarista Antônio Soares Neto, o Toniquinho, durante a campanha presidencial de JK, em abril de 1955, na cidade de Jataí, obteve dele uma resposta positiva sobre o compromisso constitucional de transferir a capital.

Com a Operação Brasília e os milhares de operários de Goiás, de Minas e do Nordeste, denominados candangos, os trabalhos de construção da nova capital foram acelerados. Os geniais Oscar Niemeyer e Lúcio Costa foram os responsáveis pela moderna arquitetura e pelo plano piloto.Surgiram os edifícios e monumentos. E a 21 de abril de 1960, o presidente JK inaugurava Brasília em clima de grande entusiasmo nacional.

Manda a verdade histórica registrar que O POPULAR, então dirigido pelo jornalista Jaime Câmara e por sua determinação, acompanhou as diversas fases de construção e a inauguração de Brasília. O jornalista Eliezer Penna, então redator-chefe do jornal, fazendo-se acompanhar do repórter fotográfico Hélio de Oliveira, entrevistou JK a 2 de outubro de 1956, quando o presidente assinou os primeiros atos na futura capital do País.

A propósito, foi a 3/5/1957 que o então cardeal de São Paulo, Vasconcelos Mota, rezou a 1ª Missa em Brasília.

Em outro expressivo ato histórico, O POPULAR foi a Brasília em 7/7/1958. JK enfrentava campanha de opositores da mudança sob a liderança do político e jornalista Carlos Lacerda. O arcebispo de Goiânia, dom Fernando Gomes dos Santos, reuniu na capital goiana a Conferência Nacional de Bispos do Brasil. A CNBB foi a Brasília em apoio a JK. Com o colega Hélio de Oliveira fomos à nova capital da República para a cobertura da visita do clero nacional.

Através do POPULAR, o presidente enviou mensagem aos bispos brasileiros, “pedindo-lhes que abençoem este empreendimento cujo alto objetivo é o esplendor e a glória deste País cristão e católico”, disse JK na saudação.

Além de outras coberturas na capital federal, O POPULAR teve marcante presença na história da construção e inauguração de Brasília.

Armando Acioli é jornalista

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