quarta-feira, 28 de abril de 2010

Educação para a cidadania!







ARTIGO

Analfabetos educacionais

Os altos índices de analfabetismo funcional evidenciam que os jovens têm saído das escolas sem saber o essencial para a vida em sociedade em plena era do conhecimento: ler e escrever com facilidade. Que fatores influenciam para que os estudantes brasileiros estudem, mas não aprendam? O que podemos fazer para reverter o atual quadro de calamidade educacional?

O Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) – divulgado recentemente pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM), vinculado ao Ibope – é taxativo: 15% da população brasileira com idade entre 15 e 24 anos é considerada analfabeta funcional. Isso quer dizer que são alfabetizados em um nível rudimentar. Até conseguem ler textos curtos, como bilhetes e pequenas cartas, e lidar com números em operações simples, como o manuseio de dinheiro. No entanto, não conseguiriam compreender o meu texto neste jornal, por exemplo.

Infelizmente, não somente o alto índice de analfabetos é preocupante. Não é nada satisfatório constatarmos que apenas um terço da população jovem está no patamar ideal de aprendizado.

Essa inaptidão condenará não só o futuro profissional desses jovens num Brasil onde o mercado de trabalho exige, cada vez mais, mão-de-obra extremamente qualificada. Está em jogo o desenvolvimento do próprio País.

Especialistas apontam como causa para o alto grau de analfabetismo funcional no Brasil a falta de capacitação dos professores e de infraestrutura adequada nas escolas públicas brasileiras. Para piorar, há a falta de interesse dos estudantes, sem perspectiva em meio a um ensino nada estimulante.

Para reverter esse caos educacional, é preciso engajamento de todos. Os pais são vitais nesse processo, com o acompanhamento da vida escolar de seus filhos. Professores também são fundamentais na busca de um ensino público de qualidade, ao contribuir com boas doses de criatividade e boa vontade na busca de novas formas de ensinar num ambiente de adversidade, apesar de ainda não serem valorizados. Alunos, por sua vez, devem ter consciência de que é o futuro deles que está em jogo e que, ao mesmo tempo, é direito e dever deles exigir e lutar por um ensino público de qualidade.

Se nossos jovens hoje são analfabetos funcionais é porque, por vários anos, governos foram “analfabetos educacionais”. Mas se os cidadãos tiverem a consciência de que educação não é responsabilidade apenas dos gestores, haverá uma demanda a ser cumprida pelo poder público. Só assim, poderemos caminhar rumo ao conhecimento.

Edson Leite Junior é jornalista

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