quinta-feira, 15 de abril de 2010

Anápolis: é preciso pensar para votar!

JORNAL DO ESTADO
                                     DE GOIÁS

OPINIÃO







Orisvaldo Pires, Jornalista

Apanha, apanha e não aprende

Nas eleições deste ano, tudo indica, mais uma vez nossos políticos vão primar pela quantidade e não pela qualidade. Pela movimentação dos partidos, a expectativa é que Anápolis terá cerca de duas dezenas de candidatos a deputado estadual. Uma insanidade, se considerarmos que a meta é reconstruir a representatividade política do município, que de forma pífia elegeu apenas um representante na Assembléia Legislativa nas últimas eleições.

Mas ainda há uma esperança: acreditar que a apresentação de tantos nomes (muitos sem qualquer viabilidade eleitoral) seja apenas uma estratégia dos partidos, para ganhar espaço no debate eleitoral e se fortalecer nas futuras coligações. Mas, se o desejo for mesmo bancar esse número excessivo de candidaturas, já podemos nos preparar para na melhor das hipóteses manter nossa representação na Assembléia, ou seja, apenas um deputado.

É bom lembrar que a cada eleição o cerco se fecha um pouco mais. Anápolis, cidade do interior com jeito e gente de cidade grande, é fonte de alimentação eleitoral de candidatos de todas as regiões do estado. Vem gente de todo lugar buscar voto aqui. Assim fica mais difícil eleger deputado estadual com votos somente de Anápolis, como ocorreu com o deputado Frei Valdair em 2006. Terá chance de eleição candidato que tiver boa votação em outras cidades. Assim, o cerca se fecha ainda mais.

Dobradinha nociva

Já vemos pré-candidatos a deputado estadual de Anápolis articulando possíveis dobradinhas com eventuais candidatos a deputado federal de outras cidades. Não há qualquer impedimento legal para isso, mas há uma responsabilidade cívica e moral de quem abre as portas da cidade para candidatos de fora. Depois das eleições, ficam na obrigação de cobrar daqueles políticos que vieram aqui buscar votos que eles correspondam ao apoio recebido dos anapolinos.

A dobradinha é boa quando o político de fora, depois de eleito, ajuda a cidade, participa dos debates importantes para os anapolinos, se interessa em pelo menos saber como vão as coisas. Mas a dobradinha é nociva, é prejudicial para Anápolis quando o político de fora enche o baú de votos na cidade e nunca mais é visto aqui. Será que a culpa é somente deles? Os políticos da cidade que propiciaram a inserção dos ‘estrangeiros’, ajudaram-nos a obter seus votos, também não teriam responsabilidade nessa história?

Vejamos. O deputado federal Carlos Alberto Leréia, nas eleições de 2006, teve 4.315 votos em Anápolis. Sua companheira de bancada, Raquel Teixeira, outros 4.574. O deputado João Campos: 2.721. O político de fora campeão de votos para a Câmara Federal em Anápolis foi Sandes Júnior, que abocanhou nada menos que 5.238 votos. Não nos esqueçamos do deputado Tatico: 1.019, Chico Abreu: 262, Pedro Wilson: 279, Íris Araújo: 2.823, Leandro Vilela: 421, Pedro Chaves: 447. Vejamos mais. Para deputado estadual, coronel Queiroz teve nada menos que 2.635 votos em Anápolis nas eleições de 2006. A deputada Laudeni Lemes levou 1.967 votos.

Depois do deputado Frei Valdair, que em sua eleição teve 20.989 votos em Anápolis, os que mais chegaram perto foram Míriam Garcia (10.596), José de Lima (9.741) e Antônio Roberto (9.419) que deixou de ser eleito por falta de mais 200 votos. Esta é a clara demonstração que as prioridades político-eleitorais de Anápolis estão invertidas. Mas, ao que parece, a lição que no passado recente nos deu nota baixa na prova da inteligência estratégica na disputa de eleição, não foi assimilada como deveria. Na escola da disputa eleitoral, a persistir o quadro que começa a se formar em 2010, oferece a perspectiva de que levaremos bomba de novo.

Números de Gomide

A pesquisa Jornal Estado/Fortiori, divulgada nesta edição, mais que confirma a ascendência administrativa e pessoal do prefeito Antônio Gomide. Os anapolinos reconhecem que a administração corresponde aos anseios da sociedade, vê avanços e dá mostras ao prefeito em quais setores o governo precisa melhorar. É um documento popular e importante.

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