segunda-feira, 19 de abril de 2010

A morte de um monstro?







DESAPARECIMENTOS EM LUZIÂNIA

O fim de uma história de terror
Adimar Jesus da Silva, que confessou ter matado seis jovens em luziânia, é encontrado morto na prisão

O Popular

Perna direita com o joelho flexionado sobre a cama de alvenaria, perna esquerda praticamente esticada, com o pé tocando o chão. Vestia camisa branca e bermuda jeans de cor azul. No bolso, 190 reais. Em volta do pescoço, tiras trançadas com esmero, distante 1,30 metro do ponto usado como apoio – um pedaço de ferro numa minúscula fresta de ar da cela –, puseram fim à história de horror protagonizada por Adimar Jesus da Silva, o serial killer que assassinou brutalmente seis jovens de Luziânia, no Entorno de Brasília (DF). Ontem, o pedreiro usou o peso do próprio corpo para enforcar-se, logo depois de almoçar.

A notícia da morte de Adimar, que há oito dias estava sob a custódia do Estado, recolhido numa das celas da Degacia Estadual de Repressão a Narcótico (Denarc), logo levantou dúvidas sobre suas circunstâncias. Enquanto os peritos criminais realizavam seu trabalho, o corregedor-geral da Polícia Civil de Goiás, delegado Sidnei Costa e Souza, justificava que, atendendo a uma “formalidade legal”, seria instaurada uma sindicância para que não restassem dúvidas de que o que ocorrera ali se tratava mesmo de suicídio.

Assim que o corpo de Adimar deixou a delegacia rumo ao Instituto Médico-Legal, a perita Iracilda Coutinho Itacoramby afirmou aos jornalistas que, em casos assim, “sempre restam dúvidas” até a conclusão final da perícia. “A somatória dos vestígios recolhidos na cela é que nos dará condição de afirmar, com absoluta certeza, o que ocorreu.” Poucas horas depois, em entrevista exclusiva ao POPULAR e à Rádio CBN, a perita sustentou que após análise detalhada do corpo do assassino no IML não tinha mais a menor dúvida de que se tratava de suicídio.

A perita buscou no corpo de Adimar sinais de luta corporal e perfurações que pudessem ter sido provocadas por algum tipo de arma ou outro objeto, mas nada foi encontrado. Além disso, ela explicou que o ângulo do sulco formado no pescoço do pedreiro é condizente com morte provocada por autoenforcamento (veja quadro). Ou seja, no laudo que assinará nos próximos dias, a perita atestará que Adimar se matou na prisão.

De qualquer modo, o delegado corregedor colheu ontem mesmo depoimentos de presos e dos dois agentes de Polícia Civil que estavam de plantão na Denarc. “Esse é o procedimento padrão. Tudo nos leva a crer que o que houve aqui foi suicídio, mas mesmo assim será instaurada a sindicância.” Comprovado o suicídio, extingue-se a punibilidade no caso.


Preso ficava sozinho, diz delegada da Denarc

O Popular

Adimar Jesus da Silva estava há oito dias recolhido na Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc). Foi deixado, inicialmente, numa sala chamada de triagem, longe das demais celas. Na quinta-feira, a delegada titular, Renata Chein, o levou para a cela de número 1, onde ficava sozinho.

“Tomamos o cuidado de não deixar entrar objetos que pudessem ser usados numa tentativa de suicídio. Tanto que ele se queixou para os deputados da CPI da Pedofilia de que estava passando frio na cela”, relatou a delegada.

De acordo com a delegada Renata Chein, é padrão a permanência de dois agentes policiais por plantão na delegacia. Tão logo soube da morte do assassino confesso dos seis jovens de Luziânia, o procurador geral de Justiça do Estado, Eduardo Abdon Moura, chamou dois promotores para acompanharem as perícias iniciais, realizadas na Denarc e no Instituto Médico Legal (IML). “Nossa intenção é que não paire nenhuma dúvida sobre a morte de Adimar”, destacou Abdon, que ainda solicitou a vinda, para Goiânia, do promotor de Justiça de Luziânia.

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