quinta-feira, 22 de abril de 2010







O recado do vulcão no Dia da Terra

Quarta-feira, 14 de abril. Na Islândia, o vulcão Eyjafjallajokull começa a expelir uma nuvem de cinzas que causaria o maior caos aéreo na Europa fora de período de guerra. Um espetáculo belíssimo, e assustador. Cerca de 700 pessoas tiveram de ser removidas da região, coberta por cinzas e lava. A erupção provocou derretimento na geleira e enchentes que danificaram rodovias e pontes.

Estimativas são de que a interrupção do tráfego aéreo levou ao cancelamento de 97 mil voos, com prejuízo de pelo menos US$ 1 bilhão às companhias aéreas. Cerca de 8 milhões de pessoas foram afetadas. Entre elas, líderes mundiais, como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que não compareceu ao funeral do presidente da Polônia, no domingo. E a chanceler alemã Angela Merkel, cujo avião teve de pousar em Lisboa antes de conseguir chegar a seu destino, Frankfurt.

Brasileiros que finalmente desembarcaram no País, depois de uma espera de dias, sem previsões de um desfecho, comemoravam o retorno e reclamavam do desamparo diante da falta de informações e de assistência no exterior. Uma das passageiras chegou a observar que nada havia a fazer: nem mesmo dinheiro podia ser solução nesse caso.

O vulcão de nome difícil de pronunciar, além de chamar atenção por todos os riscos, problemas, transtornos e prejuízos, deixou mais um recado, que tem tudo a ver com este 22 de abril, Dia da Terra. A lição é que os avanços tecnológicos, a extrema especialização no domínio do conhecimento, o poder humano, tudo tem limite – e ele pode aparecer quando menos se espera.

Como lembrou o geofísico da Universidade da Islândia, Pall Einarsson, é quase impossível fazer previsões sobre vulcões. “Se há uma regra sobre eles, é: não há regras”, explicou. Porém, se ainda não temos parâmetros para antecipar quando haverá uma erupção vulcânica e em qual intensidade, já dispomos de muitos mecanismos para evitar outros desastres naturais e para amenizar agressões ao meio ambiente. Mas muito pouco temos avançado, como ficou evidente na recente Conferência do Clima, em Copenhague.

Desta vez, o vulcão igualou – impondo sua lei e mostrando a impotência de todo aparato da humanidade – viajantes de diferentes continentes, idades, profissões e classes sociais. Uma lição de que é preciso mais humildade em relação à Terra, às suas forças e riquezas, antes que recados mais estarrecedores venham.


Karla Jaime Morais é editora de Opinião e Mundo do POPULAR

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