sexta-feira, 23 de abril de 2010






CIDADES

Dengue já tem 72 mil casos e obriga Saúde a rever estratégias

A persistência do avanço da dengue, mesmo com o fim do período chuvoso e com a intensificação das ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, intriga as autoridades de Saúde no Estado, que vão rever as estratégias de combate na próxima semana. Só na semana de 10 a 17 de abril foram registrados 1.217 novos casos em todo Estado e a soma das notificações deste ano chega ao assombroso número de 72.577 - 56,85% maior do que o de 2008, até então a pior epidemia da doença na história do Estado.

"Estamos intrigados e preocupados", disse ontem a titular da Superintendência de Políticas de Proteção Integral à Saúde (Spais), Elizabeth Araújo. Segundo ela, era esperada uma queda acentuada nos casos nesta época do ano, o que não vem ocorrendo. "Seria normal que fossem registrados em torno de 300 a 500 casos por semana nesta época e não mais de 1,2 mil", observou. A gravidade da situação levará a uma reunião, na próxima semana, entre técnicos da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e dos dez municípios com o maior número de notificações da doença.

Dados do Ministério da Saúde até o dia 6 de março já apontavam Goiás como o Estado com o maior número de casos em todo o País: eram 50.314. Minas Gerais aparecia na segunda colocação, com 48.723 notificações. Os Estados com menor incidência eram Sergipe, com 51 casos, e Maranhão, com 101. O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde informa que 35,4% dos casos notificados no País, até 6 de março, estavam concentrados em seis cidades, das quais Goiânia aparecia na primeira colocação, com 14%, e Aparecida de Goiânia na sexta, com 2,5%.

Mudança

Apesar da definição de que haverá mudanças na estratégia, as autoridades de saúde ainda não sabem que medidas serão adotadas. "Com certeza vamos ter de mudar a estratégia de imediato", admitiu a superintendente da Spais. Ela quer que as novas ações sejam colocadas em prática entre o final deste mês e o início do próximo. "Temos de ouvir os municípios e saber o que está acontecendo em cada lugar", adiantou Elizabeth. No dia 4 haverá reunião também com a equipe técnica do Ministério da Saúde para a área de controle da dengue.

A superintendente da Spais adianta que alguns fatores têm contribuído para que a epidemia chegasse a esse ponto. "Vários municípios não estão dando a devida ênfase para dengue, alguns deles têm deixado faltar agentes de combate a endemias", admite Elizabeth Araújo. A superintendente também reconhece que houve falhas no enfrentamento à epidemia tanto por parte do poder público como da população. "Não estávamos preparados para enfrentar uma epidemia nesse nível", admitiu.

Outro dado preocupante apontado pelo boletim epidemiológico divulgado ontem é o número de mortes. Só na última semana foram confirmados três óbitos por dengue e o total de mortes, até o dia 17 de abril, é de 25, número 66% maior do que o do mesmo período do ano passado, quando havia 15 mortes confirmadas. Outros 38 estão sob investigação, aguardando os resultados de exames. "Precisamos de um esforço conjunto grande, pois um único mosquito pode contaminar até 300 pessoas", alerta Elizabeth.

Em Goiânia, a queda no número de casos de dengue é de 85% em relação ao pico da doença (terceira semana epidemiológica, no final de janeiro), quando foram registrados, em uma única semana, mais de 4 mil casos da doença. "Estamos vendo uma queda expressiva, graças ao esforço colegiado dos três níveis de governo", diz a diretora de Vigilância em Saúde de Goiânia, Cristina Laval. Mas ela alerta: "Isso não é motivo para relaxarmos, as ações continuam".

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