terça-feira, 18 de maio de 2010

Escola que exclui!


Falta escola inclusiva em 37% dos municípios

Mais de 37% dos municípios goianos ainda não possuem escolas aptas a receber alunos com deficiência na rede municipal de educação, conforme revelado na Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic), publicada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o estudo, dos 246 municípios de Goiás, 93 informaram não ter escolas municipais inclusivas em 2009, ano da pesquisa. Em todo o Brasil, a proporção de municípios com escolas com esse tipo de estrutura é de 48%.

Para especialistas ligados ao direito das pessoas com deficiência, a ausência de escolas inclusivas em parte dos municípios goianos traz prejuízo na formação dessas crianças e, posteriormente, para a própria sociedade. O presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Wanilson José da Silva, observa que essa ausência de medidas específicas para essa parcela da população se torna um circulo vicioso, pois, se acesso a educação, quando essas crianças tiverem em idade produtiva, não terão a chance de entrar no mercado de trabalho, por exemplo.

"E isso gera custo para toda a sociedade, pois essas pessoas não terão condições de se sustentarem sozinhas. Além disso, terão péssima qualidade de vida", observa Wanilson. O presidente do Conselho salienta que os gestores públicos precisam entender que o essencial é justamente qualificar as pessoas com deficiência, para que elas tenham um futuro diferente. E isso, segundo afirma, só ocorre por meio da educação. Ele observa que investir nessa qualificação não vai gerar mais despesa aos governantes, pois, ao prover o próprio sustento as pessoas com deficiência, automaticamente, também vão pagar impostos.

Wanilson observa que, ao visitar escolas do interior do Estado, é possível constatar que, a maior parte delas, principalmente as mais antigas, não possui sequer estrutura física para atender os alunos com algum tipo de deficiência. Ele salienta que se a escola não oferece condições pelo menos para o aluno entrar no estabelecimento - portas mais amplas e rampas de acesso, por exemplo -, também não consegue o ensino a estes alunos.

RECLAMAÇÕES

A presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (Adfego), Maria de Fátima Clara, revela que o maior número de reclamações relacionados a problemas de inclusão em escolas são provenientes do interior. Ela ressalta que, em Goiânia, o município tem se esforçado para dar uma educação de qualidade para essas crianças. Porém, no interior, principalmente, crianças com déficit de aprendizado, com deficiência auditiva ou visual, não tem tido a mesma oportunidade.

Maria de Fátima declara que, diante deste cenário, a Adfego está firmando parceria junto ao Conselho Estadual de Direitos do Deficiente para visitar estabelecimentos do interior e orientar os gestores sobre a importância de capacitar professor nessa área. "A maior dificuldade é de ter profissionais capacitados para receber essas crianças", salienta. Ela lembra que existem muitas leis que determinam a inclusão de alunos com deficiência nas escolas, mas a população precisa ser mais consciente da importância dessa medida. "Nesse contexto, sofre a criança e toda a família, pois, na maioria são pessoas de classe mais baixa que não têm onde procurar ajuda", esclarece.

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