quarta-feira, 19 de maio de 2010

Marconi: Foco nas ideias!



POLÍTICA

ENTREVISTA/MARCONI PERILLO


"Vou focar meu projeto e o debate no campo das ideias"

O pré-candidato ao governo do PSDB, senador Marconi Perillo, falou ontem em entrevista ao O HOJE sobre as principais demandas do Estado e de como as solucionará caso seja eleito. O tucano avaliou a pesquisa que pela primeira vez mostrou a pré-candidata a presidente Dilma Rousseff (PT) à frente do pré-candidato José Serra (PSDB) e falou como acabar com a diferença entre ele e o pré-candidato ao governo do PMDB, Iris Rezende, em Goiânia. O ex-governador disse que contará com o apoio de pelo menos dez partidos e que fará uma campanha de alto nível, entre outros assuntos.

O HOJE - Qual a radiografia da sua pré-campanha?

Marconi Perillo - Visitei cerca de 70% dos municípios goianos neste ano. Devo concluir as visitas a todas as cidades até o início de julho. Percebo uma receptividade muito grande. Todas as portas estão se abrindo no interior e em Goiânia.

O HOJE - Quais são as principais demandas do Estado?

Marconi Perillo - A principal demanda é saúde. Há uma reclamação grande por causa da ineficiência da prestação de serviço na área da saúde, especialmente nas duas regiões metropolitanas, de Goiânia e Brasília. A segunda maior reclamação é segurança pública, especialmente na região do Entorno de Brasília, seguido de infraestrutura. Emprego, moradia, saneamento e educação precisam também de alta prioridade, bem como recuperar o prestígio da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

O HOJE - Como o senhor enfrentará esses problemas, caso seja eleito?

Marconi Perillo - Vamos imediatamente retomar o programa Pró-melhor, criado por mim quando governador em parceria com o Banco Mundial e que resultou na reabilitação de mais de 1.500 quilômetros de rodovias velhas que estavam completamente estragadas. Esse programa consiste em arrancar todo o pavimento velho e fazer tudo de novo, com sinalização vertical, horizontal e a sinalização noturna. Um outro programa é o Terceira Via, que também foi criado no nosso governo com base nesse acordo com o Banco Mundial, para manutenção e conservação dos 23 mil quilômetros da malha rodoviária estadual, sendo cerca de 11 mil quilômetros de rodovias pavimentadas e 12 mil não-pavimentadas. Caso vençamos as eleições, a partir de janeiro vamos começar a recuperar as rodovias, fazer de novo e bem-feito. Isso pode demorar até dois anos, mas no primeiro dia essas providências precisam ser tomadas.

O HOJE - E quanto às outras áreas essenciais?

Marconi Perillo - Vamos propor um plano radical nas políticas de educação, saúde e segurança. Vamos trazer de volta os programas de inclusão social e jogar pesado na política de saneamento básico.

O HOJE - Que solução o senhor defende para o transporte coletivo da capital?

Marconi Perillo - O transporte coletivo em Goiânia vive uma situação de calamidade. Esse tema não terá como ficar fora do debate. Se o trânsito é ruim, se não há intervenções modernas, se não há uma nova engenharia de trânsito, você acaba contaminando o transporte. Como o transporte coletivo é precário, acaba prejudicando o trânsito. Se nós tivéssemos o transporte de massa, com certeza teríamos um fluxo menor de veículos nas ruas. Que seja o metrô de superfície, o metrô enterrado, o trem suburbano, o fato é que o governo federal precisa investir pra valer em transporte de massa em todas as regiões metropolitanas do Brasil.

O HOJE - A descentralização da gestão faz parte do seu plano de governo?

Marconi Perillo - Quem primeiro falou na descentralização administrativa foi o ex-governador de São Paulo Franco Montoro, que criou as regionais administrativas. Depois dele, o ex-governador Henrique Santillo começou a implantar em Goiás as regiões administrativas, mas isso encontrou fortíssima resistência no interior. Descentralizar a administração não significa criar novas estruturas e regionais sobre o governo. Significa dar força à estrutura já existente e criar dentro de cada cidade uma espécie de Vapt Vupt para a prestação de serviço de qualidade para o usuário do serviço público, que é o principal cliente do Estado.

O HOJE - Qual deve ser o mote da sua campanha?

Marconi Perillo - Estamos começando a definir o mote. Isso não é algo que se defina muito rapidamente. O slogan possivelmente será Tempo de Mudança. Não é só mudança em relação à inércia, apatia, preguiça e falta de planejamento, mas com o que está acontecendo no mundo contemporâneo, principalmente na área da tecnologia da informação. Temos de estar preparados para mudanças rotineiras e permanentes na administração pública e no mundo. O mote será o da mudança e linkado a isso teremos os três macro-objetivos, que são o choque radical nas políticas sociais; gestão eficiente e moderna, incorporando tecnologia de informação; e a infraestrutura como base para o desenvolvimento equilibrado com justiça social. Vamos falar muito na volta do prestígio do Estado no cenário nacional.

O HOJE - Como deve ficar a coligação do PSDB?

Marconi Perillo - Temos o compromisso de dez partidos na nossa aliança. Alguns já foram divulgados e outros não. Vamos continuar trabalhando até a última hora a aliança com o DEM. Ela é importante porque vai reproduzir a aliança nacional e porque as nossas bases estão muito unidas no interior. Há um desejo das bases de que nós possamos estar unidos. Temos visto da parte do presidente do DEM em Goiás e deputado federal Ronaldo Caiado muita sensibilidade e um espírito democrático para resolver essa questão, ouvindo as bases. Temos um apoio significativo dentro da base do PP. Vamos continuar trabalhando para que haja a possibilidade dessa aliança também, principalmente porque eu percebo da parte do deputado federal Roberto Balestra (PP) e dos prefeitos muito interesse nessa aliança. A vice já foi oferecida ao Balestra.

O HOJE - O empresário Júnior do Friboi (PTB) ainda está no páreo?

Marconi Perillo - Ele já tomou a decisão há dois meses de focar todo o seu tempo nas atividades empresariais, embora continue tendo uma boa relação comigo.

O HOJE - O presidente do PTB no Estado, deputado federal Jovair Arantes, disse que vai apoiar a candidatura de Dilma. Isso significa um empecilho?

Marconi Perillo - Isso é um assunto que vamos conversar ainda. Quero levar Jovair para conversar com nosso pré-candidato Serra. Não é nada que não possa ser resolvido.

O HOJE - Qual sua avaliação da pesquisa CNT/Sensus publicada ontem que apontou Dilma à frente de Serra por 2,5 pontos?

Marconi Perillo - Existem institutos e institutos de pesquisa. Eu não acredito nem no Vox Populi, nem no Sensus. Pra mim não tem nenhuma credibilidade. Eu acredito no Datafolha. Até posso admitir que tenha havido um encurtamento na distância entre o Serra e a Dilma por causa de pelo menos dois eventos, o 1º de maio, onde houve um nível de exposição muito forte da candidata do PT, e o programa do partido, também com um nível forte de exposição.

O HOJE - A popularidade do presidente Lula (PT) poderá interferir na intenção de votos?

Marconi Perillo - Pode ser que sim, mas uma coisa é o prestígio do presidente, outra coisa é a desconfiança que muita gente tem em relação à sua candidata. Quando as pessoas veem na internet a história da candidata do PT, as pessoas acabam ficando um pouco receosas. A força do Serra é o próprio Serra, é a história de vida dele.

O HOJE - Como o senhor pretende acabar com a diferença de intenção de votos em relação ao ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), que tem cerca de dez pontos de frente em Goiânia?

Marconi Perillo - Vamos trabalhar para tirar a diferença em Goiânia ao longo da campanha. Quando a gente começar a mostrar o que foi feito pelos nossos governos em Goiânia, principalmente para beneficiar as pessoas pobres, com certeza a diferença vai cair. Não há um programa social criado na administração do Iris em Goiânia. Qual a obra dele na área da saúde? E o transporte coletivo? Ia ser resolvido em seis meses e já se passaram seis anos. As filas continuam enormes, com desrespeito e humilhação do povo.

O HOJE - Qual será o foco da sua campanha?

Marconi Perillo - Vou focar meu projeto e o debate no campo das ideias. Fazer uma campanha de alto nível confrontando ideias, modelos e conceitos de gestão.

O HOJE - Apesar de Goiânia ter ficado de fora da Copa do Mundo, o senhor ainda pretende lutar para trazer os jogos da Copa?

Marconi Perillo - Eu e mais 6 milhões de goianos. Todo mundo ficou frustrado por não termos a chance de receber o Mundial. Eu recebi a visita do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que é quem manda. Fiz um apelo a ele dizendo que falava em nome dos torcedores goianos. Temos dois clubes na primeira divisão do Campeonato Brasileiro, um belo estádio e todas as condições de viabilizar a estrutura necessária. Se eu for governador, eu faço o que for preciso. Ricardo Teixeira me disse que vai estudar com carinho porque sabe que eu sou um bom tocador de projetos.

O HOJE - Como deverá ser a gestão do Estado caso o senhor seja eleito?

Marconi Perillo - Iremos focar na meritocracia, no profissionalismo, nas metas e na cobrança do cumprimento dessas metas. Vamos estabelecer o chamado contrato de gestão, com cobranças trimestrais em relação a todos os responsáveis pelo cumprimento dessas metas e avaliações periódicas do contrato. Vamos buscar os melhores consultores em todas as áreas. É preciso saber quais as ferramentas serão utilizadas para que tenhamos uma gestão eficiente.

O HOJE - Essa gestão precisa de uma nova engenharia político-administrativa para otimizar a máquina estatal?

Marconi Perillo - Só o fato de você ter uma liderança ativa, sintonizada com o que há de moderno em termos de tecnologia e que realmente entenda do planejamento estratégico, já é um grande passo. Algumas coisas em Goiás não existiam e 12 anos depois parece que é tudo normal. A gestão em Goiás era tão ineficiente quando cheguei ao governo em 1998 que a folha de pagamento era feita por volta do dia 20 do mês seguinte. Atrasar pagamento de funcionários e do 13º era algo natural. Tomei a decisão inovadora no Brasil de pagar o 13º no mês do aniversário. No final de 2001 resolvi antecipar o pagamento da folha para o mês vincendo.

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