quinta-feira, 20 de maio de 2010

Saúde doente!


 
 
 
 
 
ARTIGO
 
A humilhante falta de atendimento
 
Diz a nossa Constituição, “cidadã”, que saúde é um direito de todos. Como corolário, torna-se um dever do Estado prover e dispor de todos os meios para que cada cidadão tenha garantidos esses direitos, sobretudo quando sua integridade estiver em risco.
 
Deixando de considerar os problemas de saúde de menor complexidade, ou os casos ditos ambulatoriais, eletivos, tomemos em conta aquelas condições classificadas como agudas ou urgentes. Não precisa ser nenhum profissional de saúde para constatar o quanto somos desrespeitados, desassistidos e aviltados em um direito o mais elementar e inerente ao ser humano, os cuidados primários e essenciais com a saúde.
 
As humilhações e o sofrimento a que as pessoas de baixa renda são expostas ao buscar atendimento em unidades do SUS são de causar indignação e estupefação nas pessoas que têm o mínimo de solidariedade e compaixão. É inaceitável um País considerado a oitava economia do mundo não dispor de um sistema de saúde e uma previdência social que assistam com o básico de dignidade os seus trabalhadores de baixa renda, os idosos e aposentados, sobretudo quando estes segurados se encontram em franco sofrimento.
 
E atenção! Estamos mencionando apenas a insuficiência de políticas em saúde, a omissão dos governos para situações de urgência, em que o (in)segurado, se não for socorrido a tempo, morrerá em questão de horas ou dias. Cita-se como exemplos as emergências cirúrgicas as mais variadas, traumas, crises cardíacas ou respiratórias, derrames cerebrais etc.
 
Temos convicção de que problemas tão graves como aos que assistimos pelos telejornais carecem na verdade de gestão mais capacitadas dos agentes públicos e políticos que dirigem os órgãos de saúde. Há uma flagrante falta de sensibilização dos governantes para esse drama que se tornou rotineiro na vida das pessoas. Se há verba para socorrer crise financeira de outros países, como Grécia e Cuba dos irmãos Castro, por que não haveria alguns milhões a mais para socorro de nossos doentes, reduzindo as filas madrugada adentro, aliviando a dor de muitos nas listas de espera por uma cirurgia ou mesmo evitando mortes por causa do socorro que não se fez a tempo?
 
Neste 2010, ano eleitoral, ouviremos muitas promessas de melhorias na saúde e veremos muitas inaugurações de hospitais. Resta esperar se, passadas as eleições, essas obras vão funcionar ou serão gigantescos blocos de concretos entregues ao relento. Vamos esperar e conferir.
 
 
João Joaquim de Oliveira é cardiologista

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