23/05/10
Editorial
Clamor social
A aprovação pela Câmara dos Deputados, seguida de rápida tramitação e aprovação por unanimidade também no Senado, do projeto Ficha Limpa foi um avanço no sentido de melhorar os critérios para escolha da representação política no País. Não poderão mais se candidatar pessoas com condenação em colegiado de juízes, e a expectativa agora é de que a lei seja sancionada pelo presidente da República e possa ser aplicada já nas eleições deste ano.
Além do inegável ganho proporcionado por esse filtro legal, excluindo do processo eleitoral os fichas sujas, a nova lei expõe um outro mérito referente ao fortalecimento das instituições democráticas: a força da opinião pública. Projeto de iniciativa popular, o Ficha Limpa mobilizou um contingente significativo de cidadãos, chegando a receber cerca de 4 milhões de assinaturas. Traz a marca, portanto, de um forte clamor social, que mesmo parlamentares avessos a uma reforma política que elimine privilégios e barre interesses escusos, não puderam deixar de considerar.
Que a chamada Lei Ficha Limpa fique como exemplo de que não basta reclamar. É preciso manter vigilância, mobilização e cobrança, para que as necessárias mudanças ocorram nas esferas de poder público. O ano eleitoral é momento propício a este exercício de cidadania: verificar bem currículo e proposta dos candidatos antes de atribuir o voto, instrumento maior da desejada revigoração dos quadros representativos. E depois, conferir se o que foi proposto será de fato cumprido.
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