segunda-feira, 26 de julho de 2010

CONEXÃO






SUCESSÃO






Afonso Lopes

O último ato da campanha
Propaganda no rádio e na TV começam dia 17. Será o último ato da campanha

A campanha eleitoral deste ano apenas começou, certo? Certo. E também já está praticamente no final. Por incrível que pareça, a legislação brasileira vem transformando as campanhas eleitorais em prova de seleção de tiro rápido e curto. Curtíssimo. Mal começa oficialmente e já se encaminha para o encerramento. A última fase é justamente a que provoca uma grande explosão de visibilidade, com a entrada em cena dos programas eleitorais no rádio e na televisão. Que igualmente são curtos. Ao todo, 17 programas de dia e começo da noite divididos em dois grupos. No primeiro estão os candidatos a governador, senador e deputados estaduais. O segundo contém os programas dos presidenciáveis e dos candidatos a deputado federal. Um dia vai um grupo, no seguinte vai o outro. Folga geral aos domingos. Cada grupo de candidatos também terá 5 minutos de inserções curtas ao longo do dia. E é isso, acabou.

Dizem, com razão, que essa última fase é quando as grandes mudanças nos humores dos eleitores podem ou não ocorrer. Isso é creditado unicamente à superexposição diária das campanhas pelo rádio e pela TV. Há muita razão nessa crença. Realmente, o cidadão fica praticamente sem defesa contra a campanha eleitoral. Querendo ou não, ele acaba de frente com uma ou outra peça publicitária de campanha, quando não assiste aos programas de bloco com 50 minutos cada. Mas essa última fase não é importantíssima somente por causa do rádio e da TV, a chamada campanha eletrônica. Na realidade, como é reta final, com ou sem esses veículos de comunicação, a fase seria decisiva como realmente é.

Olhando-se para o quadro hoje é muito simples constatar que a melhor e mais bem pensada e executada campanha eleitoral do Estado este ano é a do senador tucano Marconi Perillo. A rigor, não há um único ponto que ele não tenha vantagem sobre seus adversários. Sua quilometragem, que inclui a fase anterior, de pré-campanha, é maior que a do peemedebista Iris Rezende e do republicano Vanderlan Cardoso somadas. Ele já esteve em todas as cidades e vilarejos espalhados pelo Estado inteiro. Em muitas delas, especialmente nas maiores e mais populosas, passou mais de uma vez.

Em matéria de movimentação de máquina partidária igualmente demonstrou ter condições de enfrentar e vencer com certa folga Iris e Vanderlan. Mais uma vez, somados. Sua militância promoveu dois eventos políticos internos que vazaram com muita repercussão para o público externo, a festa do lançamento de sua pré-candidatura e a convenção dos partidos aliados, que foi realizada, num gesto de ousadia e confiança no número de integrantes de seu exército, no gigantesco Goiânia Arena. Seus adversários optaram por locais mais acanhados, como o Centro de Convenções de Goiânia e um auditório da Câmara Municipal de Goiânia.

Marconi vem liderando a campanha também nas carreatas que tem promovido. Apesar dos exageros que sempre são cometidos por todos os candidatos, as movimentações do tucano têm sido muito maiores em número de veículos e participantes do que as que agora o candidato do PMDB começa a promover.

Em outras palavras, se a campanha se encerrasse agora, dificilmente as urnas não apontariam para vitória de Marconi, possivelmente já no primeiro turno. Mas ainda falta a última fase da campanha.

Todos os comitês se preparam intensamente para os programas eleitorais. Geralmente, pela regra geral da história, as audiências desses programas são boas no início, caem bastante no meio e explodem no final. Os roteiros também são mais ou menos desse jeito. Começam mornos, evoluem um pouco e descambam depois para a alegria contagiante ou para a pancadaria desesperada.

Todos falam praticamente as mesmas coisas sobre os mesmos temas, com variantes muito pequenas entre eles. Segurança, saúde, educação e transporte, o que inclui asfaltamento e conservação de rodovias, são as estrelas principais desses roteiros. Há pitadas sobre gestão da máquina pública e coisa e tal.

Este ano, pelo perfil dos principais candidatos, é certo que eles também darão destaque ao passado administrativo de cada um. Iris Rezende vai mostrar o que já fez em seus mandatos de governador e, mais recentemente, de prefeito de Goiânia. Marconi, igualmente, destacará a obra que construiu em dois mandatos de governador e que lhe deu o mais expressivo recall entre os eleitores goianos. A Vanderlan vai restar Senador Canedo, onde foi prefeito por cinco anos e três meses, e seu perfil pessoal, de dono de indústria de alimentos.

Não há muito mais o que inventar nesses programas, a não ser na fase mais quente, quando fatalmente as críticas entre os candidatos geralmente pegam fogo. A legislação atual é muito mais rigorosa contra os excessos, mas não elimina totalmente os ataques em todos os níveis. Em certos casos, alguns comitês chegam a analisar se ferir a legislação e ser penalizado perdendo um ou dois programas é um bom negócio diante do estrago que poderá ser feito no perfil do adversário. Se a avaliação foi positiva, não há dúvida de que a baixaria vai ao ar.

Os candidatos chegam à última fase da campanha com objetivos diferentes, embora a meta final de todos seja, óbvio, vencer as eleições. Iris Rezende precisa reverter uma sensação de que sua campanha está sendo tocada em ritmo muito lento e desanimado. Para Vanderlan, a situação é desesperadora mesmo. Ele tem que se tornar mais conhecido do eleitorado e, além disso, conquistar votos numa velocidade alucinante. Isso, claro, pode ser feito, mas jamais é tarefa simples e fácil. Já Marconi quer apenas que nada mude até o final. Se souber se defender dos ataques críticos que os adversários certamente lhe farão, terá muitas chances de vencer também essa fase da campanha deste ano.

A não ser nas frases de militantes malucos e loucamente apaixonados pelos outros candidatos, ninguém tem dúvidas de que o tucano está com o passaporte carimbado para o segundo turno. Não houve uma única pesquisa até aqui que tivesse apontado para a possibilidade de um quadro diferente desse. Logicamente, apenas um desastre total e de proporções tsunâmicas na campanha eletrônica mudará isso.

Também com base na média de todas as pesquisas feitas até agora, Iris Rezende tem tudo para, sem se perder na campanha eletrônica, permanecer como principal adversário de Marconi. E mesmo que se perca, seu adversário direto, Vanderlan Cardoso, terá que estrelar uma campanha no rádio e na TV absolutamente revolucionária para, quem sabe, se aproximar de forma mais contundente e perigosa.

Enfim, a última fase da campanha é também a mais emocionante. Se Marconi e Iris mantiverem ou evoluírem a polarização que ora protagonizam a eleição poderá ser decidida em turno único. Por uma diferença de votos não muito grande. Haja torcida.

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