segunda-feira, 26 de julho de 2010

REPORTAGEM - ANÁPOLIS





ANÁPOLIS

AEROPORTO DE CARGAS

Só falta a audiência pública
Adequação do aeroporto vai custar R$ 94,1 milhões e os serviços devem ser iniciados nas próximas semanas; audiência pública pedida pelo TCE será realizada em agosto

CEZAR SANTOS

A licitação para transformar o acanhado Aeroporto de Anápolis no primeiro aeroporto exclusivo para cargas no Brasil foi realizada em março, como a empresa LocTec Engenharia Ltda. sagrando-se vencedora. A proposta da LocTec para realizar o serviço foi de R$ 94,149 milhões. O prazo para construção é de 720 dias corridos a partir da conclusão de todas as etapas do processo licitatório.

Com a licitação concluída, em tese a obra poderia ter começado imediatamente. Ocorre que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) recomendou que o governo promovesse amplo debate sobre a obra com a sociedade organizada. Para essa finalidade, a Goiás Parcerias, empresa do governo estadual jurisdicionada à Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), fará realizar uma audiência pública em agosto. A partir daí, o start para as obras do aeroporto de cargas de Anápolis deverá ser dado.

O diretor técnico da Goiás Parcerias e presidente da comissão de licitação, engenheiro Delano Cavalcanti Calixto, diz que os serviços a serem feitos para a adequação do aeroporto de Anápolis (ver quadro) vão fornecer os elementos necessários à implantação das modificações físicas e operacionais no aeródromo, garantindo as condições de proteção ao voo e permitindo a utilização do local para o transporte de cargas aéreas oriundas da Plataforma Logística Multimodal de Goiás, do Daia e do Porto Seco.

O projeto de adequação do aeroporto civil de Anápolis foi doado pela Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia) ao governo estadual em novembro de 2008. A planta encomendada foi uma estratégia da entidade empresarial para apressar as obras que irão contemplar o centro de distribuição de mercadorias produzidas da Zona Franca de Manaus. O secretário de Planejamento, Oton Nascimento, recebeu o projeto das mãos do presidente da Acia, Ubiratan da Silva Lopes, numa solenidade no auditório da entidade.

O secretário Oton Nascimento disse que a construção do aeroporto de cargas é uma reivindicação antiga do empresariado e lideranças políticas de Anápolis. E que passou a ganhar muito mais dimensão por integrar um amplo sistema logístico multimodal, com a chegada da Ferrovia Norte-Sul e a integração com a Ferrovia Centro-Atlântica, e com as rodovias federais e estaduais. “Já temos o modal rodoviário, estamos consolidando o ferroviário e agora vamos centrar força na obra do aeroporto para completar o tripé logístico com o modal aeroviário”, enfatizou.

Em julho de 2008, os governos da Amazônia e de Goiás formalizaram a intenção de instalar o entreposto logístico em Anápolis, quando o governo nortista exigiu que por aqui fosse feita a adequação do aeroporto para receber cargas. “Com isso a cidade seria dotada de três esferas modais: rodoviária, ferroviária e aeroviária”, comentou o presidente da Acia. Depois de ser adequado às necessidades de transporte comercial, o aeroporto irá permitir a aterrissagem de aeronaves de grande porte, como o Boeing 747.

O diretor da Goiás Parcerias, Delano Calixto, explica que o novo aeroporto terá um comprimento maior de pista, de 3 mil metros, capaz de receber grandes aeronaves de carga, como o Boeing 747. Ele lembra ainda que não haverá conflito de tráfego com a Base Aérea de Anápolis, já que as duas pistas serão paralelas. Para isto, será feito um giro de 15 graus no sentido anti-horário no eixo da pista. Toda a estrutura feita para a aviação Civil, como área de terminal e serviços, deverá ser demolida.

Os atuais hangares serão removidos e reinstalados em outra área. No novo local haverá o desembaraço de mercadorias importadas e a serem exportadas, feitas por órgãos como Receita Federal e Polícia Federal, responsáveis por esse serviço. O presidente da Acia, Ubiratan Lopes, lembrou que a nova estrutura do aeroporto vai viabilizar as exportações, principalmente do mercado farmoquímico, de transporte aéreo, do Porto Seco e dos Correios.

A previsão é que só as indústrias farmacêuticas, concentradas no distrito Agroindustrial de Anápolis, devem utilizar 40% do serviço, segundo o projeto. A estimativa é que este segmento, com o novo aeroporto, movimente cerca de 110 mil toneladas de mercadoria até 2024. O presidente da Acia disse que além da megaestrutura que irá se formar com o novo aeroporto, o espaço vai agilizar o transporte de mercadorias, reduzindo custos e atendendo um novo mercado que se formará em Goiás. “Estamos em uma posição estratégica no que se refere à logística e temos atendido bem por terra e por trilhos. Só falta o aeroporto”, disse Ubiratan.

Do total de R$ 94,1 milhões orçados para a obra de modificação do aeroporto de Anápolis, 80% será de responsabilidade da União, verba prevista no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). O restante será a contrapartida do Estado, que ainda se encarregará da reformulação do espaço e da licitação, já concluída.

A expectativa dos empresários locais é de que a obra comece o quando antes. Na segunda-feira, 20, o projetista Rubens Bento Borges, da empresa Acrobata, que divulga ser dona da primeira aeronave projetada e fabricada em Anápolis (“o primeiro avião agrícola do mundo com asa 100% afilada”), disse de sua expectativa sobre o novo aeroporto. “Essa obra é muito importante para a cidade de Anápolis, que é um importante polo farmoquímico. Nós, de Anápolis, estamos aguardando essa obra há muitos anos. Esperamos que agora, finalmente, ela seja feita.”


Serviços que serão realizados no Aeroporto de Anápolis

- ampliação da pista de pouso para 3 mil metros;

- implantação de um novo pátio de aeronaves;

- implantação de uma pista de táxi;

- implantação de áreas de giro nas cabeceiras;

- implantação de zona de parada (stop way) nas cabeceiras;

- implantação de serviço contra incêndio;

- demolições de faixas de concreto de 70 x 45 metros nas cabeceiras;

- demolição e retirada de piso e pista de táxi da antiga fábrica de aviões;

- construção de cerca alambrado no fechamento da nova área;

- retirada de cerca alambrado existente;

- implantação de pista de táxi auxiliar destinada aos hangares;

- reavaliar o suporte do pavimento das áreas de movimento;

- retirar sinalização luminosa noturna existente;

- implantar nova sinalização luminosa noturna;

- construir Terminal de Carga Aérea;

- retirar caixa d´água próxima à cabeceira;

- construir acesso viário ao Terminal de Carga Aérea;

- construir via de serviço entre os pátios de aeronaves.



Adiamento de sessão na Câmara de Vereadores causa mal-estar

Na terça-feira, 20, tinha sido marcada a audiência pública solicitada pelo Tribunal de Contas dos Estados (TCE), para esclarecer todos os entes interessados sobre os detalhes da obra do aeroporto de Anápolis. A audiência seria realizada na Câmara de Vereadores de Anápolis, às 10 horas. A sessão acabou sendo adiada no último momento, a pedido do conselheiro do TCE Edson Ferrari, uma vez que os convites para várias instituições que deveriam participar tinham sido enviados só no dia anterior.

Estavam convidadas autoridades do município e do Estado, empresários, dirigentes de federações, lideranças classistas, Ministério Público, TCE, Engenharia, Construções e Ferrovias (Valec), Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte (Denit), Banco do Brasil, dirigentes da Base Aérea de Anápolis, autoridades do governo federal, parlamentares federais e estaduais, representantes de universidades, faculdades e do Porto Seco, além de empresas que operam no segmento da logística.

A suspensão da audiência causou mal-estar entre os vereadores e o TCE. O presidente da Câmara, vereador Sírio Miguel (PSB), acusou o conselheiro Ferrari, relator do processo do aeroporto, de agir com interesses políticos ao pedir o adiamento da sessão. Revoltado, Sírio chegou a tachar de “molecagem” a atitude do conselheiro. Mas a própria Goiás Parcerias, na pessoa de seu diretor, Delano Calixto, explicou que a audiência, um ato apenas formal, realmente corria o risco de ter uma participação aquém do ideal. A audiência pública será realizada em agosto. Delano explica que depois disso, com a finalização de trâmites burocráticos do convênio entre os governos estadual e federal, a obra finalmente poderá ser iniciada. (CS)


Curtas

Mendicância — Com o objetivo de conscientizar a população sobre o problema da mendicância na cidade, a Prefeitura de Anápolis, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, dá continuidade a campanha Não dê Esmolas, Dê Dignidade. Desde sexta-feira, 23, equipes de abordagem estão posicionadas nos principais cruzamentos, parques e pontos da cidade, fazendo a conscientização da população e a retirada dos mendigos das ruas. Também são entregues folhetos informativos, adesivos e realizada a orientação à comunidade. A iniciativa tem apoio do Ministério Público, Juizado da Infância e Juventude, Conselho Tutelar, Cidadão do Futuro, Centro de Referência em Assistência Social e Centro de Referência Especializada em Assistência Social.

Natação — Pelo oitavo ano consecutivo, Anápolis está sediando o Campeonato Brasileiro Interfederativo júnior I e II de Natação. O evento começou nesta sexta-feira, 23, e termina neste domingo, 25, no Parque Aquático da UniEvangélica. A organização do torneio é da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), em parceria com a Federação Aquática de Goiás e Secretaria Municipal de Esportes e Lazer. A competição também denominada como 10ª Copa Cidade de Anápolis e 4º Troféu Dr. Paulo Roberto Mello este ano ganhou destaque, se tornando seletiva para o Campeonato Mundial de Natação de Shangai em 2011. Cerca de 300 atletas, de 17 a 20 anos, representantes de sete Estados do Brasil participam da competição.

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