quinta-feira, 29 de julho de 2010

Serra: falar verdades!





POLÍTICA

ELEIÇÕES 2010

Serra atira no PT, mas objetivo é atingir Dilma
Estrategistas da campanha elegeram uma série de temas incômodos a Lula para serem abordados

Agência Estado

Ituiutaba - Criticar diretamente propostas mais radicais do PT e recordar temas incômodos ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o mensalão, fazem parte da nova estratégia traçada pelo PSDB e pelo candidato tucano à Presidência, José Serra, que é criar um discurso anti-Dilma e anti-PT.

Outro alvo é o caso da ex-secretária Lina Vieira, da Receita Federal. Ela acusou a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de tê-la pressionado nas investigações do Fisco sobre empresas da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Para o PSDB, a crítica ao presidente Lula é improdutiva, devido à alta popularidade do petista, restando, desta forma, o ataque ao PT e à presidenciável Dilma Rousseff. A estratégia foi discutida com dirigentes da sigla e do DEM nas últimas semanas.

A avaliação do comando político da campanha é que o presidente Lula não entrará numa cruzada em defesa de Dilma quando os temas trazidos à arena eleitoral forem caros e espinhosos ao governo. Entrariam nesse rol de assuntos delicados para o governo Lula, por exemplo, a questão das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a relação do PT com o Movimento dos Sem Terra (MST), a situação da Venezuela, entre outros.

Segundo tucanos, Lula passou o final do primeiro mandato e a maior parte do segundo mandato evitando discutir determinados assuntos que abateram o PT, sobretudo a crise do mensalão. Essa nova estratégia explicaria o fato de Serra ter citado as relações do PT com o MST e também ter endossado a crítica feita por seu candidato a vice, Índio da Costa (DEM), em relação às ligações do PT com as Farc.

Ontem, ao participar de reunião com lideranças políticas e militantes da região do Triângulo Mineiro, José Serra disse que "falta debate" na campanha. "Tenho feito um esforço nesta campanha para ter debate. Debate, em vez de ficar naquele tititi, fulano falou que cicrano disse, que aquele comentou, etc. Por que foram consumidos apenas um terço dos recursos para estradas na situação que o Brasil está?", questionou o presidenciável do PSDB, que elegeu ontem o tema das estradas federais como discurso. Minas Gerais possui 25% da malha rodoviária federal.

Ao lado do candidato ao Senado Aécio Neves, a quem chamou de "nosso líder", Serra afirmou: "Vamos ganhar essa eleição juntos e vamos, acima de tudo, governar juntos o Brasil e Minas". "Foram arrecadados, de 2003 para cá, 65 bilhões de uma contribuição, chamada Cide, e foram investidos um terço disso. Nem o governo federal investiu e nem deu a parte para os Estados investirem. Não é um tema interessante para debater?", perguntou.

Serra disse que estava fazendo um anúncio de que mudará a situação das estradas, se eleito. Defendeu mudança no Dnit. "Hoje é tudo loteado. O Dnit é um caso. Em vez de atuar em função do interesse público, atua em função desse ou daquele partido." Questionado se sua proposta para reforma agrária era distinta da do PT, Serra recusou-se a responder. No início da semana, ele disse que as invasões de terra aumentariam num governo Dilma.

Aécio criticou o MST e a sua relação com o governo: "Não acho adequado um governo que financia com recursos públicos os movimentos sociais e atrela a si esses movimentos", disse .


Programa é copiado, afirma tucano

Recife - Na missão de colher sugestões nos Estados a serem incorporadas às propostas do presidenciável José Serra (PSDB), o coordenador do programa de governo do tucano, Xico Graziano, disse ontem, no Recife, não saber quando nem se as propostas, depois de consolidadas, serão divulgadas. "A turma da Dilma copia", justificou, em conversa com jornalistas, depois de encontro com integrantes da campanha do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que disputa o governo de Pernambuco. Graziano deu um exemplo de "cópia" pela "turma da Dilma". Segundo ele, Serra falou que ia desonerar empresas de saneamento básico de 3% para 7,6% e pouco depois a proposta foi copiada e incluída no programa da candidata do PT.

Ele disse que gostaria de apresentar "100 propostas que vão mudar o Brasil", conforme sua assessoria, mas frisou não haver prazo. "Depende da evolução da campanha, politicamente falando." Segundo ele, poderão ser 70 ou 50 propostas e somente Serra é quem pode definir sua forma de divulgação - se ainda antes do início do horário eleitoral ou se em etapas dentro do programa gratuito de rádio e televisão.

O coordenador antecipou que o governo de José Serra será "muito diferente desse, que fez um loteamento escandaloso da máquina pública". Graziano destacou que "todos os caras - do PT, de outros partidos, de sindicatos - que perderam eleição têm cargo público" e defendeu "uma limpeza total desse aparelhamento político".

"O sistema político brasileiro está extremamente contaminado", acrescentou. "As agências reguladoras que foram criadas para defender a sociedade nas concessões são também órgãos aparelhados, só tem gente política na agência reguladora de transportes, nas áreas médicas."(AE)

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