quarta-feira, 28 de julho de 2010

Maguito: o destruidor da CELG!





Opinião




Leonardo Vilela


Sonho de Maguito era ser ministro de FHC

A CPI da Celg, com relatórios técnicos inquestionáveis, mostrou que a privatização de Cachoeira Dourada foi um fato capital no processo de degradação financeira da estatal. Mesmo assim, volta e meia, o prefeito Maguito Vilela, governador na época, tenta se eximir desse terrível legado que deixou a todos os goianos. E sempre com a mesma desculpa esfarrapada: a de que vendeu a usina porque foi pressionado pelo governo Fernando Henrique.

Como já disse antes, que o próprio Maguito seja o autor dessa desculpa é algo que nunca se viu na política brasileira. Ela simplesmente confessa, na maior cara-dura, que fraquejou em suas obrigações e não resistiu à pressão para que fizesse algo ruim por Goiás. É o mesmo que dizer que não foi digno do cargo a ele entregue pelo povo goiano. Acho que nenhum político até hoje foi capaz de admitir algo de tão ruim a si mesmo.

E o mais grave é que se trata de uma mentira deslavada. Maguito nunca foi obrigado a fazer nada que não quisesse fazer, da própria vontade, como governador de Goiás. Na época do seu go-verno, todos os Estados brasileiros assinaram acordos de renegociação das suas respectivas dívidas e a maioria não vendeu o seu patrimônio elétrico.

Como outra CPI da Assembleia também deixou claro, Maguito vendeu a geradora porque precisava de dinheiro para tapar o rombo que recebeu do seu antecessor, Iris Rezende. Tanto que o TCE mostrou que parte expressiva do dinheiro de Cachoeira Dourada foi gasto para pagar salários e para cobrir despesas de manutenção do governo. Pagaram-se aluguéis de delegacias de polícia, compraram-se verduras para hospitais e escolas, quitaram-se diárias e mais milhares de itens comezinhos do dia a dia da administração pública. Cerca de 1 bilhão de dólares foram jogados pelo ralo.

Já dissemos isso antes, mas temos a obrigação de repetir porque Maguito volta a contar a sua eterna lorota. A venda de Cachoeira Dourada foi um dos maiores crimes contra o patrimônio público estadual e o dinheiro foi torrado sem tra-zer de volta para o Estado uma ínfima parcela do que significava a usina para o nosso desenvolvimento econômico. Mas, segundo Maguito, foi o presidente Fernando Henrique quem mandou e a ele não restava alternativa senão obedecer, traindo o Estado de Goiás e o seu povo.

Maguito precisa viver de mentiras para justificar seu passado. Por isso, agora, ataca FHC. O mais curioso é lembrar ao leitor do Diário da Manhã que, na verdade, Maguito era um verdadeiro fã do ex-presidente tucano e sonhava ser ministro no segundo governo dele. Vejam a prova: em 6 de março de 1998, ano da reeleição de FHC, Maguito escreveu um artigo de uma página no DM declarando apoio ao presidente e apoiando entusiasticamente a sua política de privatizações.

O artigo foi publicado com grande destaque na página 3 do DM, sob o título, em letras garrafais, “Por que apoio Fernando Henrique”. Nem os elogios rasgados que Maguito faz hoje ao presidente Lula se comparam com os generosos adjetivos que o então governador dedica nesse artigo a FHC. Eis alguns: estadista, predestinado, autêntico, ho-nesto, idealista, honrado, corajoso e mais tantos que chega a dar enjoo no estômago de tanta louvação pueril e palavras vazias de aplauso.

É preciso refrescar a memória de Maguito, pois foi ele quem disse, categoricamente: “Ao deflagrar o processo de privatizações, quando este mal se esboçava em todas as economias do mundo, Fernando Henrique Cardoso demonstrou estar, mais uma vez, em sintonia com as mudanças preconizadas pelos povos que conquistarão o terceiro milênio.” Mas hoje, desmemoriado, sem saber que escreveu esse artigo, o ex-governador passou a achar que as privatizações de FHC quebraram o Brasil. Ele se esquece que, por analogia, deve-se concluir também que a sua privatização da Celg também quebrou Goiás.

No artigo, talvez apenas para confirmar a oje-riza que o PMDB sempre teve em relação ao funcionalismo público, Maguito dá um jeito de enfiar no texto uma menção negativa à categoria, ao sugerir a FHC providências quanto “ao funciona-lismo público, cujo excedente de servidores ociosos consome a maior parte da arrecadação de impostos numa Nação onde faltam recursos para a saúde, para a educação, para a segurança e para a realização de obras que dão retorno através do desenvolvimento. Sobretudo, para nos libertar do atrasado conceito paternalista de que o Estado deve ser o maior patrão e empregador de uma minoria privilegiada em detrimento da maioria nacional”.

Esse é Maguito, para quem certamente as palavras que saem sem controle da sua boca não têm nenhum valor. Mas ele, no seu artigo, vai mais longe ainda e se diz disposto a enfrentar o seu partido, o PMDB, no apoio a Fernando Henrique: “Por isso, por uma questão de fidelidade à minha consciência, tomei a decisão de apoiar a reeleição de FHC. Independente da posição que vier a adotar o PMDB”, escreveu, anunciando, portanto, que ficaria contra o PMDB se o partido não perfilasse no apoio à reeleição do presidente, por “fidelidade à minha consciência”.

Seis meses depois da publicação desse artigo no Diário da Manhã (saiu também no Correio Braziliense), Iris Rezende foi derrotado por Marconi Perillo, Fernando Henrique foi reeleito presidente e Maguito ganhou uma vaga no Senado, à qual prometeu renunciar por conside-rar oito anos um mandato longo demais. Claro que eram mais palavras ao vento, pois passados quatro anos, não quis cumprir o prometido, sob a alegação estapafúrdia e ridícula de que havia recebido emails pedindo que continuasse.

Maguito é insuperável, em Goiás, como um político que muda de posição tal e qual folha de bananeira. Ninguém, como ele, fala tanta bobagem, mostra tamanho despreparo para a vida pública e não se cansa de ser boquirroto (lembram-se de quando disse que “PSDB e PT são iguais em tudo, até na corrupção”?).

Como já disse outras vezes, mas é preciso relembrar, Maguito massacra a ética, joga com a falta de memória do povo, ignora fatos históricos e pisoteia a coerência. Com isso, quer se livrar da pecha de ter destruído a Celg ao promover a danosa privatização de Cachoeira Dourada. Não tem jeito. Ele, Maguito, já garantiu o seu lugar na história por tentar ser o coveiro da Celg e do futuro do Estado de Goiás.


Leonardo Vilela é deputado federal e presidente licenciado do PSDB de Goiás

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