quinta-feira, 22 de julho de 2010

Vilmar Rocha: companheiro!






ENTREVISTA
19/07/2010
 
‘A história reduzirá a gestão Lula a seu lugar’

O candidato a deputado federal pelo DEM, Vilmar Rocha, concedeu entrevista exclusiva ao Diário do Norte na noite da noite da quinta-feira (15) na residência de familiares em Niquelândia, sua cidade natal. Dono de seis mandatos consecutivos (dois na Assembleia Legislativa e quatro na Câmara Federal), Vilmar não conseguiu se reeleger nas eleições de 2006, quando obteve quase 74 mil votos. Na conversa, Vilmar disse que tirou muitas lições do episódio, que não encarou como uma derrota. "Com mandato, você fica três dias em Brasília, vem para cá e fica naquele mundo oficial, sem contato com o mundo real. Sem mandato, tive mais oportunidade de conversar com as pessoas. Foi um grande aprendizado", afirmou o candidato. No plano estadual, Vilmar disse respeitar a decisão do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), de não subir no palanque do senador e candidato ao Governo de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), quando também rechaçou a tese de que o DEM rachou no Estado pela atitude de Caiado. Para Vilmar Rocha, é notória a polarização entre Iris Rezende e Marconi Perillo, neste pleito. "A candidatura governista, ao meu juízo, tem poucas chances de vencer as eleições este ano", assinalou.


Di­á­rio do Nor­te – O pre­si­den­te es­ta­du­al do DEM, Ro­nal­do Cai­a­do, de­ci­diu que não su­bi­rá no pa­lan­que do can­di­da­to ao Go­ver­no, Mar­co­ni Pe­ril­lo (PSDB). Is­so sig­ni­fi­ca que o DEM es­tá ra­cha­do em Go­i­ás e que a le­gen­da cor­re o ris­co de fi­car ain­da me­nor no Es­ta­do?

Vil­mar Ro­cha – Não. O DEM não es­tá di­vi­di­do, até por­que in­di­cou o (can­di­da­to) a vi­ce-go­ver­na­dor e um se­na­dor (De­mós­te­nes Tor­res) na cha­pa do se­na­dor Mar­co­ni Pe­ril­lo. An­tes da con­ven­ção, 90% do DEM já de­fen­dia es­sa pro­pos­ta, es­sa ali­an­ça (com o PSDB). Es­sa ques­tão (de não su­bir no pa­lan­que) é uma de­ci­são pes­so­al do de­pu­ta­do, que nós res­pei­ta­mos. Mas es­pe­ra­mos que, até o fi­nal da cam­pa­nha, ele (Cai­a­do) re­ve­ja es­sa po­si­ção pa­ra que to­dos nós es­te­ja­mos jun­tos, no pa­lan­que, se­lan­do as­sim a uni­da­de do DEM em Go­i­ás.


DN – A elei­ção de­ve­rá se­guir po­la­ri­za­da até o dia 3 de ou­tu­bro en­tre o ex-pre­fei­to de Go­i­â­nia, Iris Re­zen­de; e o se­na­dor Mar­co­ni Pe­ril­lo?

Vil­mar – Vo­cê co­lo­cou bem: a elei­ção já es­tá há mui­to tem­po po­la­ri­za­da en­tre o Mar­co­ni e o Iris. São só es­sas du­as for­ças em Go­i­ás que têm ener­gia, ca­pa­ci­da­de po­lí­ti­ca e elei­to­ral pa­ra dis­pu­tar o Go­ver­no do Es­ta­do. A can­di­da­tu­ra go­ver­nis­ta (de Van­der­lan Car­do­so, do PR), ao meu ver, não tem a me­nor chan­ce. Por­tan­to, es­tá ha­ven­do es­sa po­la­ri­za­ção. Ago­ra, com a nos­sa cha­pa, o nos­so pro­je­to, li­de­ra­do pe­lo se­na­dor Mar­co­ni Pe­ril­lo, nós ga­nha­mos a pré-cam­pa­nha. Por que eu di­go is­so? man­ti­ve­mos o mai­or tem­po de te­le­vi­são; con­se­gui­mos o mai­or nú­me­ro de par­ti­dos; re­u­ni­mos a mai­or ba­se po­lí­ti­ca, em ter­mos de can­di­da­tos mais com­pe­ti­ti­vos pa­ra de­pu­ta­do fe­de­ral e es­ta­du­al; e es­ta­mos à fren­te nas pes­qui­sas. Nós ga­nha­mos a pré-cam­pa­nha. Acre­di­to até mes­mo na hi­pó­te­se, na ex­pec­ta­ti­va, de­pen­den­do do des­do­bra­men­to do qua­dro da cam­pa­nha, que ele (Mar­co­ni) pos­sa ga­nhar (a elei­ção) ain­da no pri­mei­ro tur­no das eleições, no dia 3 de outubro.


DN – Mes­mo as­sim, o se­nhor não te­me a for­ça do go­ver­no Al­ci­des Ro­dri­gues no jo­go su­ces­só­rio?

Vil­mar – Pri­mei­ro, as pes­qui­sas in­di­cam que o go­ver­no atu­al não tem uma boa avaliação. Além dis­so, fal­ta pro­ta­go­nis­mo pa­ra es­sa can­di­da­tu­ra go­ver­nis­ta. Por is­so, não acre­di­to no cres­ci­men­to elei­to­ral des­sa can­di­da­tu­ra. A ten­dên­cia do elei­to­ra­do é, tam­bém, fa­zer o uso do vo­to útil, di­zen­do "eu não vou vo­tar nes­te can­di­da­to por­que ele não tem chan­ce, en­tão vou vo­tar num dos dois que têm mais chan­ces". Ima­gi­no que, de ago­ra em di­an­te, po­de­rá ha­ver uma de­si­dra­ta­ção elei­to­ral des­sa can­di­da­tu­ra.

DN – Quan­tos de­pu­ta­dos o DEM fa­rá em Go­i­ás, en­tre es­ta­du­ais e fe­de­ra­is?

Vil­mar – O DEM po­de fa­zer de dois a três fe­de­ra­is. Te­mos três can­di­da­tos a de­pu­ta­do fe­de­ral no DEM mui­to com­pe­ti­ti­vos: o de­pu­ta­do Ro­nal­do Cai­a­do; eu; e o can­di­da­to a de­pu­ta­do Heu­ler Cru­vi­nel (em­pre­sá­rio e ex-se­cre­tá­rio de Ha­bi­ta­ção da Pre­fei­tu­ra de Rio Ver­de). Es­pe­ro que fa­ça­mos três. Em ter­mos de de­pu­ta­dos es­ta­du­ais, nós po­de­re­mos fa­zer de três a qua­tro ca­dei­ras na As­sem­bleia.


DN – No pla­no na­ci­o­nal, o can­di­da­to a Pre­si­dên­cia da Re­pú­bli­ca, Jo­sé Ser­ra (PSDB), ha­via in­di­ca­do um vi­ce do pró­prio ni­nho tu­ca­no, o se­na­dor pa­ra­na­en­se Ál­va­ro Di­as, nu­ma cla­ra ati­tu­de de des­pre­zo em re­la­ção ao DEM. De­pois, aca­bou acei­tan­do o de­pu­ta­do fe­de­ral Ín­dio da Cos­ta (DEM/RJ). Co­mo o se­nhor viu es­sa con­jun­tu­ra e a con­du­ta de Jo­sé Ser­ra?

Vil­mar – Pri­mei­ro, a con­du­ção po­lí­ti­ca pa­ra a es­co­lha do vi­ce não foi boa. Foi mal-fei­ta. De­mo­rou, cri­ou uma ex­pec­ta­ti­va. Ao fi­nal, fi­ze­ram uma es­co­lha pro­vi­só­ria, in­di­can­do o no­me do se­na­dor Ál­va­ro Di­as e de­pois ti­ve­ram de re­ver es­sa de­ci­são. Es­sa ar­ti­cu­la­ção po­lí­ti­ca foi ina­de­qua­da e in­com­pe­ten­te. Não pre­ci­sa­va des­se des­gas­te.


DN – Uma vez re­sol­vi­do es­se im­bró­glio do vi­ce, Jo­sé Ser­ra tem chan­ces re­ais de su­pe­rar nas ur­nas a ex-mi­nis­tra Dil­ma Rous­seff, can­di­da­ta do PT, que tem o apoio do pre­si­den­te Lu­la?

Vil­mar – Es­tou pre­ven­do um cres­ci­men­to da can­di­da­tu­ra do Ser­ra de ago­ra pa­ra a fren­te. Por es­ses di­as, ou­vi um ar­gu­men­to do Ser­ra, que eu con­cor­do mui­to: o Lu­la, por sua his­tó­ria no PT e pe­lo seu ca­ris­ma, ele é mai­or do que o PT. A Dil­ma não. A Dil­ma cor­re o ris­co de fi­car tu­te­la­da pe­lo PT, pe­lo par­ti­do. As­sim, ela per­de­rá con­di­ção de go­ver­na­bi­li­da­de, o que não se­rá bom pa­ra o Bra­sil. Es­tou con­fi­an­te na elei­ção do Ser­ra, que é um dos qua­dros mais pre­pa­ra­dos do Pa­ís. Foi meu co­le­ga na Câ­ma­ra dos De­pu­ta­dos en­tre 1990 e 1994. O Bra­sil me­re­ce uma ges­tão de me­lhor qua­li­da­de do que a ges­tão pe­tis­ta. O tem­po e a His­tó­ria re­du­zi­rão a ges­tão Lu­la a seu de­vi­do lu­gar.


DN – O se­nhor foi du­as ve­zes de­pu­ta­do es­ta­du­al e qua­tro ve­zes de­pu­ta­do fe­de­ral, al­can­çan­do seis man­da­tos con­se­cu­ti­vos an­tes da der­ro­ta nas elei­ções de 2006. Que ti­po de apren­di­za­do o se­nhor con­se­guiu ti­rar des­se epi­só­dio?

Vil­mar – Eu não fui der­ro­ta­do. Po­li­ti­ca­men­te, que­ro fa­zer es­sa cor­re­ção, por­que ti­ve 74 mil vo­tos e fui um dos can­di­da­tos mais vo­ta­dos. Fui mais vo­ta­do do que cin­co dos can­di­da­tos elei­tos. Em qual­quer das co­li­ga­ções que eu es­ti­ves­se na elei­ção de 2006, eu te­ria si­do elei­to. Só pa­ra vo­cês te­rem uma ideia, eu ti­ve 25 mil vo­tos a mais que o Pe­dro Wil­son. Ti­ve mais vo­tos do que na elei­ção an­te­ri­or (de 2002). Eu saí po­li­ti­ca­men­te vi­to­ri­o­so. O pro­ble­ma foi que fal­tou le­gen­da. Vo­cê co­lo­cou uma ques­tão boa: a gen­te apren­de mais na der­ro­ta do que na vi­tó­ria, não é? Há uma his­to­ri­e­ta­zi­nha de um ge­ne­ral que par­ti­ci­pou de to­das as guer­ras eu­ro­péi­as, um dos mais vi­to­ri­o­sos. Quan­do ele já es­ta­va ve­lhi­nho, mo­ran­do no in­te­ri­or da Fran­ça, per­gun­ta­ram-lhe se ele se con­si­de­ra­va um ca­ra com­ple­to, por ter ga­nha­do to­das as guer­ras. Ele dis­se: "Não, por­que eu não per­di ne­nhu­ma. Me fal­ta uma pa­ra eu ser um ge­ne­ral com­ple­to". A der­ro­ta en­si­na mui­to. Mas eu, mes­mo sem man­da­to, man­ti­ve mi­nhas ati­vi­da­des po­lí­ti­cas, lan­cei meu li­vro, es­cre­vi, con­ti­nu­ei par­ti­ci­pan­do de de­ba­tes, con­fe­rên­cias, pa­les­tras e en­tre­vis­tas. Vol­tei pa­ra a uni­ver­si­da­de pa­ra dar au­las (de Di­rei­to) na UFG. Mas apren­di que, no Con­gres­so, por mais que vo­cê se es­for­ce, vo­cê se dis­tan­cia um pou­co do co­nhe­ci­men­to do mun­do re­al. Sem man­da­to, vo­cê tem me­lhor opor­tu­ni­da­de e mais tem­po de sen­tir a so­ci­e­da­de. Com man­da­to, vo­cê fi­ca três di­as em Bra­sí­lia, vem pa­ra cá (Go­i­ás) e fi­ca na­que­le mun­do ofi­ci­al, sem con­ta­to com o mun­do re­al. Achei óti­mo is­so (a per­ca do man­da­to), pois ti­ve mais tem­po de con­vi­ver com as pes­so­as. Ho­je, te­nho um co­nhe­ci­men­to mui­to mais pro­fun­do e mais re­al dos de­se­jos e das rei­vin­di­ca­ções da so­ci­e­da­de.


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