Política & Justiça
Na primeira visita à Capital como candidato à presidência, tucano diz que Estado necessita de obras de infraestrutura
José Cácio Júnior
O candidato à presidência José Serra (PSDB) defendeu a construção de um metrô de superfície em Goiânia em visita à Capital na tarde de ontem. Em reunião com empresários na Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Serra ouviu as reivindicações de empresários e apresentou propostas para o Estado caso seja eleito.
“É aberrante que não tenha metrô em Goiânia”, completa o tucano. Segundo Serra, é preciso construir o metrô de superfície antes que Goiânia cresça e “vire uma nova cidade”. Para ele, dependendo do tamanho do município, as obras ficam inviáveis economicamente.
Serra também criticou o projeto de construção do trem-bala do governo federal que vai ligar as cidade de São Paulo e Rio de Janeiro, orçado em R$ 33 bilhões. Além do valor, Serra condena a forma com que o trem será construído, pois o projeto prevê uma passagem subterrânea de 90 km, que encarecerá o projeto.
O candidato explicou que também é preciso escolher um local de planície plana para a construção de trens-bala e metrô. “Se for realizada em um ambiente de planície acidentada, o trem pode seguir direto e causar um acidente”, disse o tucano.
Serra comparou os gastos da construção do trem-bala com o metrô na Capital. “Em Goiânia, as obras do metrô são baratas. Só de subsídios do trem-bala vamos pagar R$ 3 bilhões por ano.” Além da malha ferroviária, Serra pretende investir na expansão da rede de hidrovias do Estado, e na conclusão dos anéis viários de Jataí e Rio Verde.
Propostas
Repetindo o discurso da visita realizada a Goiânia no mês de junho, Serra disse ontem na Fieg que se for eleito priorizará a educação profissionalizante. Serra reafirmou que é preciso investir no treinamento e qualificação de jovens com a construção e ampliação de escolas profissionalizantes. “Precisamos aumentar as vagas para 25 mil alunos no Estado”. Segundo o tucano, o número atual de cadeiras nas escolas atende 6 mil alunos com cursos técnicos. Para ele, educação é “direito ao futuro”.
Nas áreas de segurança e saúde – que Serra define como “direito à vida” –, o candidato explica que as necessidades avançaram, enquanto os investimentos ficaram para trás. Entre os principais programas de sáude, Serra pretende implantar o Mãe de Goiás e multirões de cirurgias no Estado, que segundo ele, “foram abandonados”.
O Mãe de Goiás consiste no monitoramente médico às gestantes no Estado, que incluem seis consultas de pré-natal, acompanhamento pós-parto e enxoval para famílias de baixa renda. “Deu certo em São Paulo e no Paraná e pretendo copiar em Goiás e pelo Brasil afora.”
Em relação à segurança pública, Serra voltou a dizer que criará o Ministério da Segurança. Para ele, é preciso combater o contrabando de armas e o tráfico de drogas. O tucano reafirmou que a solução precisa vir da parceria entre governo federal e Estados.
“O crime não tem fronteira, vem de todos os Estados.” Além disso, o tucano pretende criar grupos de prevenção ao uso das drogas em conjunto com grupos religiosos. “Podemos realizar um trabalho de educação sobre as drogas nos presídios, por exemplo.”
Iniciativa privada tem que explorar aeroporto”
Em visita à Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) na tarde de ontem, o candidato à presidência José Serra declarou ser a favor de parceria com empresários para concluir a reforma do aeroporto Santa Genoveva. “A iniciativa privada tem interesse em explorar comercialmente o aeroporto, então precisa investir na sua melhoria também. Seria um repasse de outorga para exploração comercial.”
Serra culpa a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) pelo embargo das obras do terminal em Goiânia. Segundo ele, “A Infraero é incompetente, só sabe inflar os preços e serve apenas para loteamento de políticos. Por isso não resolveu o problema.”
O tucano não poupou o aeroporto Santa Genoveva de críticas. “Goiás de cara apresenta problemas. O do aeroporto é absurdo, está estrangulado e tem demanda reprimida.”
As obras da reforma do aeroporto de Goiânia, que eram orçadas em R$ 257,7 milhões, iniciaram em março de 2005 e estavam previstas para conclusão em 2008. A reforma ficou a cargo das empresas Odebrecht e Via. No entanto, a obra foi embargada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por indício de superfaturamento e desvio de R$ 40,65 milhões. “A culpa é da empresa que tocou a obra”, completa Serra.
Reportagem divulgada ontem pelo DM explica que o governo federal irá investir R$ 5,5 bilhões nos 13 aeroportos das 12 cidades-sede da Copa 2014, realizada no Brasil. Além disso, os portos de Salvador, Recife, Natal, Fortaleza (Mucuripe), Santos, Rio de Janeiro e Manaus contarão com R$ 740,7 milhões cada uma do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para finalização de obras nos terminais.
Por meio de nota oficial, a assessoria de imprensa da Infraero explica que o cronograma de obras da Infraero envolve outros aeroportos além dos 13 situados nas cidades que receberão a Copa do Mundo no Brasil. Ao todo, o valor investido será de R$ 6,48 bilhões.
Em relação ao aeroporto de Goiânia, a Infraero revela que em junho assinou Ordem de Serviço que contratou o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para emitir laudo de engenharia em relação às obras já realizadas na Capital.
“Segundo planejamento da empresa, estão previstos investimentos da ordem de R$ 269,2 milhões para construção do novo terminal de passageiros, pátio de aeronaves, pistas de táxi, estacionamento de veículos, sistema viário interno e infraestrutura”, diz a nota. (J.C.J.)
RÁPIDAS
Conhecido pelo seu comportamento discreto, Serra encaixou várias piadas durante seu discurso no auditório da Fieg, ontem.
O tucano elogiou os senadores Demóstenes Torres, Lúcia Vânia e Marconi Perillo, candidato ao governo.
“Em São Paulo os senadores não trabalham pelo Estado”, lamentou o presidenciável.
Após o início do discurso, que começou por volta das 13 horas, Serra lembrou que empresários, políticos e jornalistas presentes não haviam almoçado.
“Estou perdido, pois vocês não comeram”, brincou.
Serra aproveitou o discurso para fazer comentários sobre as viagens do presidente Lula.
“Ele vive viajando e realmente divulgou o Brasil no cenário internacional.”
E bateu depois: “Mas dar créditos a ditadores hitlerianos do século XXI, aí não.”
Fica a dica do presidenciável do PSDB aos empresários goianos: “Vale a pena estudar Economia para não ser enganado pelos economistas.”
Fã de futebol, Serra disse que, em São Paulo, “os prefeitos palmeirenses são mais compententes”.
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