quarta-feira, 21 de julho de 2010

Serra em Goiânia!





SUCESSÃO

Foto:Upload Flickr
Serra afirma que projeto é viável e promete metrô para Goiânia
Em dia de campanha na capital, presidenciável do PSDB diz que transporte é Problema Número um da região metropolitana E que falta de obra é “aberrante e barbaridade

Fabiana Pulcineli e Núbia Lôbo

Classificando o transporte público como o problema número um de Goiânia, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, reabriu ontem, durante visita ao Estado, o debate de construção do metrô na capital goiana. Em debate com o setor produtivo, na Casa da Indústria, o tucano afirmou ser "aberrante" e uma "barbaridade" que não haja metrô em Goiás.

Serra considera tratar-se do momento ideal para discutir a implantação na capital, enquanto a cidade ainda não é tão grande. "O metrô agora é mais barato pelo tamanho da cidade. Já é grande, mas não é uma São Paulo ou Rio de Janeiro, que aí tudo encarece mais", disse, lembrando que o aliado Marconi Perillo (PSDB), senador e governadoriável, elaborou projeto para construção em seu governo.

"O governo federal não tocou, apesar de que o governador Perillo apresentou projeto. Foi tudo encaminhado. O projeto é uma boa parte do processo", afirmou.

Em entrevista exclusiva ao POPULAR após o evento promovido pela Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Serra explicou que é possível reunir recursos dos governos federal, estadual e municipal, além da iniciativa privada e ainda financiamentos de bancos americanos, japoneses e até do BNDES. "Foi o que fizemos com o metrô de São Paulo, em que levei o maior investimento da história. Só não tivemos aporte federal, que foi zero. Mas outros Estados, como Goiás, precisam desse suporte federal."

Serra afirmou que, com os recursos previstos para o trem-bala entre Rio e São Paulo - R$ 50 bilhões -, daria para construir a Ferrovia Norte-Sul e o metrô de Goiânia e ainda sobraria uma parcela. "Metrô não é uma coisa que se termina em três, quatro anos. Há alguns casos escandalosos, como o de Salvador, que já custou bilhões, acredite se quiser, e nunca andou um passageiro até agora. Não conseguiram (governo federal) terminar metrô algum. Isso é absurdo."

Ainda dentro do problema do transporte na capital, Serra prometeu concluir as obras do Anel Viário de Goiânia, sob responsabilidade do Dnit, que estão paralisadas desde 2000 por denúncias de irregularidades. "Acho que todo anel viário deve ter suporte federal", afirmou.

Em críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à candidata petista Dilma Rousseff, Serra afirmou que há um apagão de infraestrutura no País. Para ele, não faltam projetos, mas "competência para tirá-los do papel".

Assim como em visita anterior, em maio, Serra prometeu a conclusão do novo aeroporto da capital, que afirmou ser "a questão mais absurda de todas" e da Ferrovia Norte-Sul. O tucano disse que o governo só acelerou as obras da ferrovia em período eleitoral. O governo federal promete entregar o trecho goiano até dezembro. Segundo balanço do governo, a gestão de Lula executou 350 quilômetros e pretende atingir 1.000 quilômetros ao fim do mandato. O governo José Sarney fez 95 quilômetros e Fernando Henrique Cardoso, 120 quilômetros.

Tucano pede "dom da sabedoria"

Em visita ao arcebispo de Goiânia Dom Washington Cruz, o presidenciável José Serra (PSDB) disse que pediu a Deus por intermédio do religioso o dom da sabedoria. O tucano lembrou da figura bíblica de Salomão, rei de Israel, que segundo a lenda teria recusado fortunas e palácios para receber de Deus apenas sabedoria.

O encontro de Serra com o arcebispo não pode ser acompanhado pela imprensa. O tucano subiu no prédio onde mora Dom Washington, no Centro de Goiânia, com o governadoriável Marconi Perillo (PSDB), os candidatos ao Senado Demóstenes Torres (DEM) e Lúcia Vânia (PSDB), e também com um dos coordenadores da campanha de Marconi, Fernando Cunha.

Ao final da visita, Serra cumprimentou vendedores e foi à central de atendimento do Procon Goiás.

Enquanto a visita a Dom Washington durou cerca de 40 minutos, o grande evento público com a presença de Serra não chegou a 20 minutos. A caminhada começou na esquina da Rua 4 com a avenida Araguaia, no Centro, e terminou nas proximidades do Parthenon Center.

Antes do início da caminhada, assessores já se mostravam preocupados com a resistência física de Serra porque o tucano estava gripado. Ao chegar no trio elétrico, militantes e populares começaram um empurra-empurra para chegar perto do candidato. Lúcia Vânia teve dificuldade para se reposicionar ao lado de Serra durante o trajeto que ele percorreu.

Para conseguir cumprimentar eleitores, Serra entrou nas lojas, esperou pacientemente que vendedores ajeitassem câmeras e a pose para a foto, chamou Marconi e os candidatos ao Senado para participar da maioria dos registros.

Apesar da cordialidade com pessoas que gritavam seu nome e puxavam sua camisa, Serra ficou visivelmente assustado com o tumulto. Nos 20 minutos de caminhada, ele conversou pouco com eleitores.

Defesa de concessão para aeroporto

"Construir um terminal é como fazer um shopping center", afirmou o presidenciável José Serra (PSDB) ontem, em Goiânia, ao defender a concessão para iniciativa privada de aeroportos do País. Ao afirmar que o problema da reforma do Aeroporto de Goiânia é "completamente absurdo", o tucano sugeriu que o modelo de concessão fosse aplicado em sua expansão.

"O ministro (da Defesa, Nelson) Jobim e eu defendemos, dentro do governo federal, as concessões, mas não foram feitas. Porque, convenhamos, a iniciativa privada tem interesse total. Para que gastar dinheiro público se pode se dar para iniciativa privada, ganhar esse terminal?", afirmou o tucano, em debate com empresariado na Fieg.

A discussão sobre o aeroporto rendeu episódio curioso na entrevista coletiva de Serra à imprensa após o evento. Repórter de uma rádio goiana questionou ao presidenciável o que ele achava do fato de que as obras do aeroporto terem sido suspensas por suspeitas de superfaturamento na gestão de Marconi Perillo (PSDB) no governo estadual.

De súbito, o senador tucano, que havia entrado há pouco na sala reservada para a coletiva, deu uns passos à frente e interrompeu a jornalista: "Isso não é verdade. A obra é da Infraero, foi licitada e o grande problema é que quem comandou a licitação foi o senhor Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT, goiano, acusado de ser operador do mensalão). Não tem nada a ver com a gestão tucana".

Após as declarações, Serra disse que responderia que a Infraero é responsável, quando foi também interrompido por Marconi. "E não é só o problema de Goiás. Os aeroportos de Vitória e de Macapá têm o mesmo problema", afirmou o ex-governador tucano.

Em outro episódio de mal-estar com a imprensa, Serra reclamou que não ouvia a pergunta de jornalista goiana e se aproximou dela, saindo da bancada com microfones: "Tem dois problemas aqui: o som e seu sotaque".

Nenhuma palavra sobre caso Indio

Apesar do assunto ainda ter rendido ontem por parte de petistas, o presidenciável José Serra (DEM) deu por encerrada a discussão sobre as declarações de seu vice, Indio da Costa (DEM-RJ), contra o PT.

"Eu não vou falar sobre esse assunto porque já falei ontem e não vou ficar falando todo dia. Senão me tira a fala de outras coisas importantes. Eu estou louco para falar algo de Goiás, por exemplo", afirmou durante entrevista coletiva na Casa da Indústria.

No aeroporto, antes da chegada de Serra a Goiânia, os aliados afirmaram que o PT superdimensiona a frase do democrata para desviar o foco de questões de maior importância, como escândalos envolvendo o partido.

"Isso se chama fogo de encontro, quando não se consegue explicar fatos de maior gravidade. É lógico que usaram essa declaração (do vice de Serra) para transformar isso num escândalo com o objetivo de minimizar assuntos mais graves", disse o deputado federal Ronaldo Caiado, presidente do DEM goiano, referindo-se à quebra do sigilo do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas. Indio disse que o PT é ligado às Farc e ao narcotráfico.

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