terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Diário da Manhã - 27 de janeiro de 2010

Diário da Manhã

Em Goiânia, famílias de rapazes desaparecidos cobram solução
Secretário Ernesto Roller anuncia conjunto de medidas para reforçar as investigações do caso

Cerca de 50 pessoas, entre familiares e amigos dos seis garotos desaparecidos em Luziânia, estiveram em Goiânia na tarde de ontem. Eles vieram participar de uma reunião com autoridades de Segurança Pública do Estado, com o intuito de cobrar ações efetivas na busca dos meninos. Participaram do encontro o comandante geral da Polícia Militar, Carlos Antônio Elias, o delegado geral da Polícia Civil, Aredes Corrêa, o secretário de Segurança Pública de Goiás, Ernesto Roller, e o deputado estadual Cristovão Tormin (PTB).

A reunião aconteceu a portas fechadas, sem a presença da imprensa, e durou cerca de uma hora. Lá foram debatidas questões relativas à atenção que será dada pela polícia ao caso a partir de agora. Ernesto Roller prometeu disponibilizar os recursos necessários para o desenrolar das investigações. “Já foram liberados 20 homens, 10 viaturas e 50 mil reais para reforçar o efetivo no Estrela Dalva”, explica.

O secretário informou ter designado um delegado para se responsabilizar por cada um dos casos, além de promover o deslocamento do serviço de inteligência da polícia para a cidade. “Podemos garantir reforço e determinação para uma resolução rápida”, afirma. Ele fez também um apelo aos responsáveis pela segurança na cidade de Luziânia para que seja realizada uma ação conjunta. “Precisamos de uma ação integrada entre todas as forças da segurança pública”, apela.

Quando interrogado a respeito das possíveis causas dos desaparecimentos, Roller afirma que qualquer suspeita é precipitada, e que todos os comentários que já surgiram não passam de especulação. Sobre a forma de atuação dos policiais, ele diz que “os detalhes da investigação não podem e não serão revelados”.

O grupo veio para Goiânia pois, de acordo com eles, a delegacia de Luziânia não estava se empenhando no caso. “Não estávamos vendo o empenho de ninguém para solucionar a situação”, desabafa Fátima Gomes de Jesus, 40, dona de casa, tia de George Rabelo dos Santos, 17, desaparecido desde o último dia 10.

Sônia Vieira de Azevedo Lima, 45, copeira, mãe de George, diz que as famílias estão passando por momentos difíceis. “Estamos todos muito tristes, isso tudo parece mais um pesadelo. Às vezes, temos medo de que nossos filhos estejam mortos. A cidade está apavorada. Não vemos mais as crianças nas ruas”, diz ela, que termina fazendo um apelo: “Só peço que devolvam os nossos filhos”. Vanderval Ferreira, 44, funcionário público, tio de Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, 16, desaparecido no último dia 04, diz que “o importante é que todo mundo se sensibilize”. Ele ainda comenta os “dias de tormenta” pelos quais passaram: “Procuramos em rios, matas, no esgoto, em grotas, valas. Utilizamos até cães farejadores do Corpo de Bombeiros. Seguimos todas as pistas que nos davam, mas sozinhos não conseguiríamos chegar a lugar algum”. Após a reunião, as mães estavam mais confiantes. “Agora espero que eles corram atrás”, comenta Mariza Pinto Lopes, 42, mãe de Divino Luiz, 16, desaparecido aos 13 de janeiro.


Diário da Manhã

Aparecida oficializa guerra contra dengue

O prefeito Maguito Vilela (PMDB) e o secretário interino da Saúde, Rafael Nakamura, abriram oficialmente ontem, 26, na Praça do Cais Garavelo, a Semana de Guerra contra a Dengue. O evento reuniu, além da população, secretários, vereadores, o deputado estadual Ozair José (PP), o vice-prefeito Tanner de Melo (DEM), o coordenador de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Roberto Antônio de Castro, a superintendente de Políticas de Atenção Integral à Saúde do Estado, Mariluce Batista – na ocasião, representando a secretária estadual da Saúde, Irani Ribeiro –, profissionais da rede municipal de saúde de Aparecida e representantes do Exército, da Guarda Municipal e do Corpo de Bombeiros.

Maguito Vilela ressaltou a necessidade de participação diária da população no combate ao Aedes aegypti para que o município vença a batalha contra o mosquito e o avanço da doença. “Se cada um se conscientizar do seu papel e limpar o seu quintal, ajudar a prefeitura, o Estado e a União, nós vamos conseguir vencer o mosquito. Já recebemos o apoio de todos os poderes, do Exército, do Ministério Público e estamos fazendo a nossa parte. Agora, precisamos do apoio da comunidade”, frisou o prefeito.


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PMDB ameaça apoiar tucanos caso PT rejeite Temer

A articulação do comando da campanha presidencial do PT para barrar a indicação do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para vice na chapa da candidata petista Dilma Rousseff, como revelou ontem o jornal O Estado de S. Paulo, provocou protestos e até ameaças nos bastidores do PMDB. Mais do que fincar pé no nome do presidente do partido, afirmando que “o vice da Dilma será o Michel”, um dirigente peemedebista avisa que, “se tiver que ser outro vice, talvez não seja da Dilma, e sim do PSDB”.

Desconfortável com a movimentação petista, Temer diz que é candidato a deputado federal. “Essa coisa de vice tem me prejudicado”, queixou-se ontem, lembrando que sua candidatura à reeleição está mantida, até para que os aliados não ocupem seu espaço político no interior paulista. Ele considera “deselegante” a campanha petista contra sua indicação, sobretudo por conta dos “recados” pelos jornais. “Quem vai resolver isto (a vice) é o PMDB, não há a menor dúvida, e é claro que vamos conversar com o PT e a candidata no devido tempo. Não é preciso fazer campanha pelos jornais”, reclamou.

“Tiroteio e bala perdida em política sempre vão ocorrer, mas temos que criar contenções. Cada partido tem que cuidar dos seus, para não azedar as relações”, cobra o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Em conversas reservadas, no entanto, integrantes da cúpula reagem à tentativa de veto, advertindo que o nome do ministro das Comunicações e senador Hélio Costa (PMDB-MG), sugerido por petistas, vestiria melhor o figurino de vice na chapa tucana do governador de São Paulo, José Serra. Argumentam que o mineiro seria o vice ideal para um candidato paulista, e não para Dilma, que também é de Minas Gerais. “Temos que evitar problemas fazendo logo a nova executiva e mostrando unidade partidária. Não dá para deixar hiato de poder nem ficar espaço de dúvida”, defende Jucá, destacando que só a partir daí é que o PMDB vai discutir polêmicas como a vice. É este o pensamento predominante na executiva nacional do partido, que se reúne hoje à tarde para marcar a data da convenção que elegerá a nova direção, no mês que vem.

O mandato de Temer na presidência do partido só termina em 10 de março, mas os peemedebistas querem reelegê-lo no dia 6 de fevereiro. A preocupação da cúpula em empossar o quanto antes a nova direção atende a dois objetivos: mostrar aos dissidentes que os governistas têm ampla maioria para tomar as decisões no partido e, talvez o mais importante hoje, dar demonstração de força ao PT. Querem deixar claro que, vice ou não, Michel estará à frente de todas as negociações políticas com o PT e demais aliados. (AE)



Diário da Manhã

Pressão em Ciro Gomes deixa integrantes do PSB irritados

O PSB está muito irritado com a pressão do PT para tirar o deputado Ciro Gomes da disputa presidencial. Na cúpula do partido fala-se até que os parceiros petistas estão sendo desleais. O descontentamento será manifestado hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também presidente do PSB, durante jantar marcado para o Palácio das Princesas, sede do governo estadual. Também participarão do encontro o vice-presidente do PSB, ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, e o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra. “Não há como desconhecer que temos problemas. O PT tem feito muita pressão para tirar o Ciro da disputa”, disse ontem o vice Roberto Amaral. “Vamos ver se nesse encontro a gente consegue acertar os ponteiros, porque o momento é de dificuldades.”

PSB insiste em manter a candidatura de Ciro por acreditar que ela fortalecerá a chapa do governo. “É importante ter dois candidatos”, acrescentou Campos após conversa com Lula.



Diário da Manhã

Em depoimento à CPI, André Rocha diz que Celg ainda é viável

Em depoimento ontem à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o endividamento da Celg, o ex-presidente da companhia, André Luiz Rocha, disse que a empresa ainda é viável. “É importante lembrar que mesmo tento dívidas (R$ 4 bilhões, segundo a Fipe), a Celg possui vários créditos que vão ser recebidos, o que faz com que a empresa ainda seja viável.”

André Luiz, que comandou a estatal entre novembro de 2004 e maio de 2007, pediu ainda a união da classe política para recuperar a empresa. “Precisamos mais do que nunca de uma união da classe política, deixando a vaidade de lado, para juntos resolvermos esse problema”. Ele sugeriu que uma das maneiras de amenizar a situação da Celg seria colocar a venda mais ações e assim ter um novo sócio, sendo esse público ou privado.

Ele também falou que, durante o período em que esteve na presidência – alternou entre os governos de Marconi Perillo (PSDB) e Alcides Rodrigues (PP), tinha como missão recuperar a capacidade de financiamento da empresa. De acordo com ele, a companhia não mais seria privatizada e tal situação tornava necessária a viabilização financeira.

“A Celg havia investido R$ 500 milhões entre 1997 e 2004. É pouco, dada a demanda por energia elétrica. Houve crescimento significativo da atividade industrial do Estado; hoje, as indústrias representam aproximadamente 35% do PIB goiano. Uma das alternativas aventadas foi a venda de 41,8% das ações da companhia, cuja aprovação já havia sido concedida pela Assembleia. Também havia o esforço em recuperar créditos junto ao Estado de Goiás, por meio de um encontro de contas.”

Sobre os empréstimos a juros altos, o ex-presidente afirmou que o contexto econômico deve ser levado em consideração na análise. Segundo ele, a empresa não conseguia gerar recursos suficientes para financiar a capacidade de investimentos na época. “Contratação de empréstimo era necessária para que a Celg pudesse investir, pagar fornecedores e, inclusive, comprar energia elétrica. Nem todo empréstimo é danoso, mas é preciso considerar o contexto em que foi feito e a sua aplicação.”

André Luiz, que hoje é presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool e Açúcar em Goiás (Sifaeg), foi o primeiro dos três ex-presidentes da empresa (Francisco de Castro e Clovis Machado) a depor ontem à CPI da Celg. Francisco ficou apenas dois meses no comando da companhia – na transição do governo Maguito Vilela para Marconi Perillo, em 1998. Ele pouco contribuiu com a CPI.

Já Clovis presidiu a empresa entre de julho de 2000 a abril de 2001. Segundo ele, não houve preocupação em equacionar a realidade econômico-financeira da empresa após a venda da Usina de Cachoeira Dourada, em 1997. “A Celg amanhecia R$ 1 milhão mais pobre por dia. Faltou equacionar e adaptar à nova realidade. Para se ter uma ideia, o pessoal que havia em Cachoeira Dourada foi absorvido pela Celg. Deveria ter cortado gastos ao máximo”.

Hoje, serão ouvidos mais um ex-presidente – Marco Antônio Machado – e dois ex-membros da comissão responsável pela transferência de Corumbá I para Furnas, em 1984: Adalberto Evangelista Sampaio e Luis Fernando Torres. Amanhã, a partir das 14 horas, a CPI recebe os ex-presidentes José Walter Vasquez Filho; Ênio Andrade Branco; e José Paulo Loureiro. A oitiva será realizada também no auditório Solon Amaral.


Diário da Manhã

Loren Milhomem

Iris cobra debate sobre suposto deficit
Prefeito volta a cobrar instalação de CPI na Assembleia e diz que este é o momento de o povo saber a verdade

O prefeito Iris Rezende (PMDB) cobrou ontem que a discussão sobre o suposto deficit que o governador Alcides Rodrigues (PP) teria recebido de seu antecessor, Marconi Perillo (PSDB), avance. “Não podemos condenar o governador por ele estar mostrando publicamente o Estado que recebeu, é obrigação dele”, disse. Mas, em entrevista, na segunda-feira (25), Alcides pediu um basta no bate-boca sobre a suposta dívida.

Iris, por sua vez, salientou que os debates entre os partidos devem existir, alegando que “a hora é essa”, e reforçando que o povo deve saber a verdade antes do momento da eleição. O prefeito classificou como “naturais” as discussões e mostrou-se favorável à continuação dos debates. “Se nós ficarmos aqui todos bonzinhos uns com os outros, como é que o povo vai saber? O povo no dia a dia, no seu trabalho, não tem como acompanhar todos os lances políticos administrativos de um Estado e de uma nação. É muito natural que as discussões continuem, porque é em época de eleições que nós temos que discutir essas questões”, disse.

Em meio a inauguração do asfalto que irá ligar o Ceasa ao Setor Recanto das Minas Gerais, o peemedebista reforçou o apoio à instalação da CPI do Deficit, como já havia declarado no último sábado (23). “Em época de eleição, nós temos que discutir essas questões. Se as pessoas que estão aí se proclamando de líderes, de bons, se realmente foram bons. Quero que discutam o meu passado, por duas vezes governador de Goiás, três vezes na prefeitura de Goiânia. Discutam tudo. Agora, os outros têm que passar por esse crivo de apreciação também. Agora é a hora de o povo tomar conhecimento do que cada um fez quando estava com o poder na mão. Se respeitou o povo, foi honesto, foi trabalhador, se gastou bem os recursos, teve competência, administrou com amor, com respeito. É hora disso. Porque não tem outra oportunidade”, afirmou.

Iris declarou que não quer que as CPIs se desmoralizem. “Acho que deve-se apurar tudo o que tiver dúvida no subconsciente do povo e fazê-lo com respeito de tal forma que essas CPIs não se desmoralizem. Porque a pessoa quando compõe uma CPI está se transformando também em um juiz. E ninguém pode brincar de julgar, de apurar, tem que fazer com responsabilidade, e quero que essas CPIs não se comportem assim”, disse. O prefeito reafirmou que está pronto para ir ao debate, caso seja convocado. “Claro que estou pronto para o debate. Posso debater com qualquer um, nunca fugi disso. É hora disso”, emendou.

Afirmou que sente o clamor do povo para que ele seja o candidato a governador do Estado. “Estou sentindo esse clamor que vem do povo. Hoje sou absolutamente manobrado pelo povo, me sinto uma pessoa realizada, e não vou decepcionar essa gente que me deu tanto na vida”, sinalizou. Iris afirmou que não há nenhum receio do PMDB de que o PT possa não apoiar o partido e optar por candidatura própria. “Hoje o PMDB e o PT de Goiânia estão mais unidos do que nunca. Nós estamos aí empunhando a mesma bandeira, compromissados com os projetos do presidente Lula, não é de hoje. Para se ter uma ideia, o PMDB de Goiás foi o único que apoiou o presidente Lula na sua primeira eleição para presidente. Já tivemos a oportunidade de contar com o apoio do PT na minha reeleição. Então, o ambiente é de muito respeito, muito comprometimento, sem dúvida estou contando com membros do PT na minha administração. Sem politiquice, com muito respeito e movidos pelo espírito público.”

Meirelles

Iris declarou ter certeza de que a decisão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB), sobre possível candidatura a governador do Estado, saia antes de 31 de março – prazo este estipulado pelo próprio executivo. O prefeito atentou para a necessidade da definição antes do prazo e apelou para o sentimento da cúpula do partido, que anseia pela decisão do presidente do BC. “Estou certo de que ele, interpretando os sentimentos políticos do mundo peemedebista, vai antecipar sua decisão. Tenho certeza disso, porque ele é uma pessoa muito preparada, muito sensata, e vai entender o clamor das bases, e não é simplesmente decidir uma candidatura a governador. Da decisão da candidatura é que vêm as alianças partidárias.”

O prefeito demonstrou, porém, que o partido ainda está inseguro quanto às alianças com outras siglas, devido a não definição do candidato. “Partido nenhum vai se aliar ao PMDB sem saber quem é o candidato, sem conversar com ele. A partir de conhecer o nome do pré-candidato, vai decidindo se candidatar também a deputado federal, estadual. É um projeto muito complexo, e ele (Meirelles) naturalmente já está entendendo isso e vai apressar. Tenho certeza disso.”

Após chuvas, trabalho será intensificado

Iris Rezende (PMDB) afirmou ontem que a prefeitura voltará a funcionar “a 200 quilômetros por hora”. Durante inauguração da Avenida América, que ligará a Ceasa ao Setor Recanto das Minas Gerais, o peemedebista afirmou que o trabalho da prefeitura será intensificado após o período de chuvas. “Tão logo terminem as chuvas, nós vamos retomar aquele ritmo de 200 quilômetros por hora na construção de obras, até que Goiânia possa se proclamar uma cidade desprovida de problemas na administração municipal”, disse.

O prefeito informou sobre avanços na área da saúde e na inauguração de novos parques. “Vamos avançar na área da saúde, inaugurar dentro de poucos dias dois novos Cais, um na Vila Nova e outro em Campinas. Estamos iniciando a construção de mais quatro parques, que vão realmente oferecer qualidade de vida para as populações de vastas áreas da periferia de Goiânia. A prefeitura não para, e com isso, Goiânia vai ganhando indiscutivelmente qualidade de vida, vai se impondo no cenário nacional como uma cidade referência”, sustentou.

Iris disse que as visitas ao interior do Estado terão continuidade e serão feitas aos finais de semana em que ele não tiver mutirão. Afirmou ainda que os encontros serão para discutir questões políticas. “Nos finais de semana em que eu não tiver mutirão, posso muito bem visitar, discutir com o interior as questões políticas. É um ano de eleição, o povo de Goiás vai ter oportunidade de eleger um novo governador, dois novos senadores, dezessete deputados federais, estaduais. É um ano muito importante para os destinos de Goiás. E eu não tenho o direito de ficar omisso. Vou realizar o trabalho político que me compete aqui em Goiânia e realizar o trabalho que for possível pelo Estado a fora, até porque a minha convivência com Goiás sempre foi muito intensa e eu não tenho o direito, sendo ou não candidato, de ficar omisso quando os destinos de Goiás estão em jogo”, ressaltou.

Diário da Manhã

Ao lado de Alcides, Roller faz pose de candidato ao governo
Em tom de despedida da Segurança Pública, pepista cotado para encabeçar a chapa da Nova Frente afirma que “pode fazer muito mais por Goiás”

O secretário de Segurança Pública, Ernesto Roller (PP), está em sintonia com as eleições no final do ano. Na solenidade de anúncio de pacote de medidas para beneficiar as polícias Militar, Civil, Técnico-Científica e o Corpo de Bombeiros ontem pela manhã, no Palácio das Esmeraldas, Roller se mostrou afinado para ser candidato da Nova Frente. Com discurso e pose de candidato, o pepista disse aos 300 policias presentes no salão Gercina Borges que deixa a secretaria com sensação de que pode “fazer muito mais por Goiás”.

Roller até já aprendeu com a cúpula do partido a fazer leves ataques ao senador Marconi Perillo (PSDB) para tentar convencer o eleitorado em potencial de que “o governo anterior” deixou supostas dívidas que atrapalharam a atual gestão e o crescimento do Estado. Indagado se o pacote de planos que dispõe sobre consignações em folha de pagamento dos servidores e militares, ativos e inativos, e pensionistas do Executivo estadual não terá impacto grande na folha de pagamento, o secretário respondeu que, respaldado pela Secretaria da Fazenda (Sefaz) “não deixará nenhum passivo para nenhum governo futuro”.

Em seu discurso, Roller contou que a equipe econômica do governo fez o possível para executar tudo para o Estado na administração Alcides Rodrigues (PP). “Todas as medidas possíveis de serem executadas serão executadas no nosso governo.” Após seu discurso, Roller voltou à mesa onde estava Alcides e foi parabenizado pelo governador. “Fechamos o ano de 2009 com mais de R$ 1 bilhão de investimento. Significa dizer que em três anos nós dobramos os investimentos em Segurança Pública. Investimentos em equipamentos, armamentos, em estruturas para as nossas polícias, para as corporações, e também na valorização do servidor.” Roller, porém, continua a dizer que se candidatará a deputado federal, mas abre sorriso quando escuta que seu nome está cotado para encabeçar a Nova Frente, composta até o momento pelo PP, DEM, PR e PSB, para a disputa eleitoral contra PSDB e PMDB.

A arma do pré-candidato Marconi já foi acoplada no discurso do pepista. Roller aprendeu que o funcionalismo público atua como bom cabo eleitoral. “A melhoria remuneratória trazida pelo governo logo no início e agora nessas medidas de organização das carreiras é mais motivação para os nossos servidores.”

O secretário lembrou à categoria e à imprensa que o momento é inédito na história da segurança pública em Goiás. “Nós estamos dando plano de carreira para as polícias, dando a Lei Orgânica da Polícia Civil. Resolvemos um problema que diz respeito à alimentação de presos. Criamos ambiente para que o Estado possa celebrar convênio com os municípios e repassar recursos para que as prefeituras possam realizar esse trabalho nos municípios.”

PLANOS

Os nove atos anunciados pelo governador dispõem sobre o efetivo da PM de Goiás, o efetivo do Corpo de Bombeiros, Lei Orgânica da Polícia Civil e a criação de classes e níveis de subsídios de diversas funções na Polícia Civil. Outro ato regulamenta o fornecimento de alimentação a presos provisórios e condenados sob custódia do Sistema de Execução Penal de Goiás, e o último dispõe sobre a criação de padrões de subsídios para os agentes de polícia, escrivães de polícia, agente policial, agente auxiliar e escrevente policial.

Também integram o pacote ato que dispõe sobre consignações em folha de pagamento dos servidores e militares, ativos e inativos, e pensionistas; outro que dispõe sobre a carreira e a remuneração pelo regime de subsídio dos servidores do Detran e, por último, sobre o regime próprio de previdência dos servidores militares. “É um momento inédito e histórico para a segurança pública”, destacou o governador.

“O Plano de Cargos e Salários da Polícia Civil é uma conquista histórica”, disse o diretor-geral da Polícia Civil, Aredes Correia. “Além disto, temos agora a nossa Lei Orgânica, que vai reger os destinos da PC. Há mais de 50 anos estávamos correndo atrás disto.” A Lei Orgânica rege promoção, transferência de policiais, punição, entre outros. Com isto, quando um delegado for responder por mais de uma comarca, por exemplo, ele vai receber por isto. “Os critérios de promoção também foram todos regulamentados”, acrescentou.

Os benefícios foram todos aprovados pela Assembleia Legislativa durante as sessões extraordinárias do final do ano passado e início de 2010.


Diário da Manhã

Meirelles promete estreitar diálogo com partido em Goiás

Em encontro com os deputados estaduais Thiago Peixoto e Paulo Cézar Martins, o prefeito de Quirinópolis, Gilmar Alves, e o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Frederico Jayme, ontem, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, prometeu se dedicar mais a encontros e conversas com companheiros de partido, mas reafirmou que não vai assumir ou tampouco desistir da candidatura ao governo de Goiás antes do dia 31 de março. A reunião ocorreu no apartamento de Meirelles em Brasília, situado no Lago Sul, bairro nobre da capital federal.

Aos correligionários, o presidente do BC diz que entende a “ansiedade” que toma conta do PMDB no Estado, mas que não pode deixar de honrar o compromisso firmado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é de permanecer na instituição financeira até o final de março. E para cumprir o prometido, precisa evitar a todo custo emitir sinais relativos ao seu futuro político. Mas garantiu que continua no páreo, e que não abandonou a ideia de se candidatar.

Porém, o tempo não ajuda Meirelles. Com o principal rival do PMDB (Marconi Perillo, senador pelo PSDB) já percorrendo o Estado, o executivo corre sério risco de ser atropelado no partido.


“Prazo para Meirelles expirou”, afirma Nelto
Segundo deputado, 99% do PMDB apoia a candidatura de Iris Rezende

Alexandre Bittencourt

Em entrevista à Rádio Mil, na manhã de ontem, o deputado estadual José Nelto (PMDB) disse que expirou o prazo para que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, optasse por deixar o cargo em Brasília para preparar sua campanha ao governo de Goiás e que, “com 99,9% de certeza”, o candidato do PMDB será o prefeito de Goiânia, Iris Rezende. José Nelto repete um argumento já dito com insistência nos bastidores por aliados mais próximos de Iris: Meirelles não teria condições de construir uma candidatura a partir de 31 de março, e até hoje ignorou a necessidade de estreitar contato com as principais lideranças do partido.

“Já não discutimos mais a possibilidade de trabalhar pela postulação de Meirelles. Há apenas incentivos isolados, da parte de alguns partidários do presidente do BC, que desejam aumentar o seu capital político e eleitoral. Hoje, 99% do partido sabe que Iris é a melhor opção agora. Meirelles teve todas as chances. O prefeito o convidou para se filiar ao partido, e deixamos o processo correr conforme a vontade dele. Agora, ele não articula, e uma candidatura não se constrói do dia para a noite. Nosso temor é que, no dia 31 de março, ele deixe a ver navios companheiros que o ficaram esperando, como ele fez em eleições passadas”, afirma.

Afirma que, “sentado em casa e aguardando”, político nenhum aglutina ou conquista votos. “Eu disputei sete eleições. Nunca apareceu um cidadão que me oferecesse 100, 200 votos ou dinheiro para campanha. Não. Tive que levantar de madrugada, perder noites de sono, enfrentar sol e chuva pra ganhar essas sete eleições. Vejo na pessoa do doutor Meirelles que ele está mais para ser candidato ao Senado da República. Porque o candidato do PMDB a governador de Goiás chama-se Iris Rezende.”

Ele reclama que a indefinição quanto à escolha do nome que vai representar o partido na disputa ao governo tem provocado transtorno aos candidatos a deputado estadual e federal do PMDB. Lembra que alguns deles dependem da escolha para montar a estrutura de campanha. Outros só vão decidir se concorrem se o governadoriável de sua preferência for o escolhido. Ainda de acordo com José Nelto, a previsão do partido é eleger 14 deputados estaduais, quatro a mais em comparação com 2006, e sete deputados federais. Há quatro anos, foram eleitos cinco. O peemedebista, diga-se de passagem, vai trabalhar por uma vaga no Congresso. Diz contar com o apoio do PMDB de Catalão e Rio Verde.

O deputado acredita que a indefinição do presidente do BC pode provocar sérios prejuízos ao partido, e para comprovar a sua tese lembra que, por um longo tempo, Meirelles negociou sua filiação ao PP, e inclusive alimentou, entre aliados do governador Alcides Rodrigues (PP), a perspectiva de encabeçar uma chapa forte na eleição deste ano. Com Meirelles no PP, o Palácio teria uma chapa bastante competitiva para enfrentar Iris e o senador Marconi Perillo (PSDB). “Como fica o partido? O prefeito precisa de tempo para articular sua candidatura, para preparar a sua saída da prefeitura e promover a transição do poder para o vice-prefeito Paulo Garcia (PT), que tem 100% da confiança de Iris e do PMDB. Não podemos esperar mais. Espero que o prefeito anuncie sua candidatura logo após o carnaval. Não é o prefeito que quer pressa, é o PMDB. Precisamos que o anúncio ocorra o mais rápido possível”.

Transição

Na sua opinião, a transição do comando da prefeitura para o PT será tranquila, sem grandes alterações do quadro de funcionários de primeiro, segundo e terceiro escalões da administração municipal. “O vice-prefeito participa quase 24 horas da administração do prefeito Iris, vivendo a administração. A gestão de Paulo Garcia será uma colegiada, com a participação do PMDB. Ele não vai chegar na prefeitura e nomear um secretariado petista. Até porque ele vai respeitar o resultado das eleições que deram ao PMDB em Goiânia quase 80% dos votos. Acredito que ele manterá grande parte do secretariado. E, em 2012, ele sabe que pode ser candidato à reeleição e contar com o apoio do PMDB, na sua vice”.

MABEL

Na entrevista, concedida aos jornalistas Ivan Mendonça e Jerônimo Rodrigues, âncoras do programa Falando Francamente, José Nelto revelou ter preferência pelo deputado federal Sandro Mabel (PR) no momento de compor a chapa majoritária. Na opinião do peemedebista, Mabel é o nome que mais aglutina à provável candidatura de Iris a governador. No entanto, se não avançar a negociação do PR, que flerta também com o consórcio de partidos governistas que integram a Nova Frente (DEM-PP-PSB), o deputado acredita que o vice deve sair do PT, a exemplo do que ocorreu na última eleição de Iris à prefeitura da Capital, em 2006.

José Nelto, que conversou sobre a formação de alianças com Mabel antes da viagem do presidente regional do PR para os Estados Unidos, de onde ainda não retornou, afirma que abriu diálogo com a autorização do vice-prefeito petista. “Eu fui autorizado pelo vice-prefeito Paulo Garcia para trabalhar o nome de Sandro Mabel. Mabel era o nome que o PT também aglutinaria e aceitava pra que fosse feita essa aliança com o PR em Goiás. Já que o PT pode ocupar outra vaga na chapa disputando o Senado da República, quer dizer que temos outras vagas, e até a participação no governo. Porque defendemos nessa aliança uma aliança ampla no Estado de Goiás. De repente, a gente possa chamar o PP, o DEM para o governo. Enfim, fazer um governo de alianças. Um governo de uma grande coligação pra governar Goiás.”


Diário da Manhã

Lula insiste em Meirelles para vice de Dilma

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a auxiliares e dirigentes do PT que, se depender dele, a cara-metade da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na chapa ao Palácio do Planalto será um nome com perfil semelhante ao do vice-presidente José Alencar (PRB). Lula defende para a dobradinha o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mas sabe que a cúpula peemedebista não apenas criará problemas a essa indicação como tentará emplacar o presidente da Câmara, Michel Temer (SP).

Ao tomar café da manhã, ontem, com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Lula combinou com o aliado que, antes de definir o vice, a prioridade será superar as divergências entre o PT e o PMDB nos Estados, na tentativa de construir palanques conjuntos para Dilma.

Sarney pediu a Lula que cobre do PT apoio à sua filha, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). O presidente garantiu a ele que, apesar da divisão do PT no Estado, os petistas darão aval à reeleição de Roseana. Detalhe: Sarney também acha que a indicação de Temer para vice de Dilma é a que mais unifica o partido. No seu diagnóstico, Temer sairá fortalecido na convenção do PMDB que foi antecipada para 6 de fevereiro e deverá reconduzi-lo ao comando do partido.

Para o governo, porém, Meirelles atuaria como uma espécie de escudo da candidata do PT, dando segurança ao mercado financeiro. A cúpula da campanha petista teme que a oposição explore o passado de Dilma como ex-guerrilheira, provocando desconfianças sobre os rumos da economia.

Em conversas reservadas, Lula tem dito que, nesse cenário, somente um nome com bom trânsito no empresariado e no setor financeiro - papel que Alencar desempenhou em sua campanha, em 2002 - quebraria resistências.

Embora o programa de governo de Dilma não esteja pronto, a principal recomendação do presidente é para que o PT "não queira inventar a roda" na economia. Serão mantidos o sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e ajuste fiscal. Não sem motivo, um dos principais coordenadores da campanha de Dilma será o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (SP), hoje deputado. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Fonte: Agencia Estado - AE


Diário da Manhã

Corruptos querem voltar a extorquir no Detran

O departamento de trânsito sempre disputou o pódio de órgão mais corrupto de qualquer estrutura estatal. Em Goiás, o Detran ganhou medalha de ouro da irregularidade durante décadas seguidas, mesmo concorrendo com monumentos à roubalheira, como Dergo, Crisa, Femago e as muitas comissões de licitação. Governadores honestos tentaram “n” modelos de administração para que o Detran tivesse percentual aceitável de improbidade (“Roubem, mas sejam honestos ao menos de vez em quando, umas duas vezes por semana”). Foi um fracasso após outro: para que fingir que é probo se é possível ser ladrão o tempo inteiro? Chegou-se ao cúmulo de um político experiente, o bem-intencionado Irondes Morais, renunciar à chefia do Detran por temer a morte ao enfrentar as muitas máfias:

Máfia do Chaveiro (sim, máfia do chaveiro),

Máfia das Autoescolas,

Máfia dos despachantes,

Máfia do Guincho (sim, máfia do guincho),

Máfia da Autorização de Clínicas,

Máfia dos Exames,

Máfia do Extintor (sim, máfia do extintor),

Máfia da Vistoria,

Máfia das Bancas,

Máfia dos Fornecedores.

A direção do Detran sempre foi muito menor que as máfias. Os presidentes não morriam porque simplesmente se preocupavam em administrar o que fosse administrável, não em combater as máfias. Por quê? Porque elas estavam ligadas a políticos, policiais (oficiais da Polícia Militar e, principalmente, delegados da Polícia Civil) e uma gama tão vasta de autoridades que provocavam descrença em quem ao menos pensasse em enfrentá-las. É mais ou menos o que continua ocorrendo com a Robauto que, como todo mundo sabe e ninguém se arrisca a lutar, tem até nas menores cidades, não apenas em Goiânia.

Como os presidentes, o secretário de Segurança e o governador nem sempre tinham ligações com os mafiosos do Detran, foram tentadas medidas moralizadoras. Alguns tiveram a coragem de instalar delegados honestos dentro do departamento, para o investigar. Outros fizeram o limpa nos ladrões e admitiram outra turma... de ladrões. Enfim, as pessoas honestas reagiam, mas as máfias eram muito mais poderosas. Suas ramificações armadas, sob comando de policiais, diziam às claras: “Faça o seu serviço, diretor, e deixe que do meu eu cuido.” E cuidavam.

E os honestos, inclusive servidores do próprio Detran, tentaram, tentaram, tentaram, fizeram alguns procedimentos eficientes, até alguém ter a clarividência de levar a academia para a história. Professor costuma ser honesto, seu papel no crime é o de vítima. Começaram pelos professores da Universidade Federal e, depois, da Universidade Estadual. Estava moralizada a parte mais podre do Detran, a dos exames. A bandalheira era tamanha que se o cliente de tal autoescola ameaçasse denunciar, todos os demais fregueses da empresa eram reprovados nos exames. Houve dia em que eles não passavam ninguém enquanto não cessassem os rumores de que seus crimes seriam levados à luz.

Os servidores honestos eram discriminados. Os instrutores de autoescolas que, por pudor, não entrassem no esquema, tinham menos alunos e não interessavam aos hoje Centros de Formação de Condutores, pois o desejo do aprendiz não deveria ser o de aprender, mas o de passar no teste – e para passar no teste não precisava saber dirigir, bastava pagar. Os donos de autoescolas honestos tinham de preparar o estômago ou mudar de ramo. O mesmo valia para despachantes, guinchos, clínicas, chaveiros etc. Após seguidas gerações dominadas pela corrupção, cristalizou-se que o Detran não tinha jeito.

Ao longo do século XX, a corrupção no Detran elegeu vereadores e prefeitos em dezenas de cidades, colaborou na vitória de deputados, enriqueceu bandidos que ainda ostentam patrimônio muito superior à renda – e, como seus bens continuam aí, eles esfregam a fortuna na cara dos honestos sem que ninguém tome providência. A sociedade aceitava bovinamente como, repito, ocorre agora com as Robautos.

Mas aí chegaram os professores. E aí chegou Bráulio Morais, com respaldo para agir. Se, antes, 95% das carteiras de habilitação eram compradas, o índice de malandragem sumiu. Não se tem notícia de venda de CNH. Continua havendo irregularidades, como comprovam ex-diretores que saíram do Detran nos últimos 12 anos muito mais ricos do que entraram. Um deles saiu de perto de Guaraíta paupérrimo, ficou durante pouco tempo em cargo subalterno, e no Natal de 2009 ouvi seu discurso numa churrascaria para os centitantos funcionários: “Deus me abençoou e prosperamos”. O deus que o protegeu saiu do Detran: é o deus da patifaria.

Então, mesmo com alguns bandidos sobrevivendo, demitindo outros, desconfiando até da sombra das colunas, Bráulio moralizou o que é possível a um presidente moralizar no Detran. É impossível mudar 100% porque os subalternos não são nomeados por ele. Provavelmente, Bráulio não participou da indicou de um diretor sequer. Os chefes de Ciretrans, as centrais que funcionam como mini-Detrans no interior, também são colocados sem anuência de Bráulio. Enfim, ele só manda no macro e no macro não há bandido.

O governador Alcides Rodrigues e os secretários Ernesto Roller (Segurança Pública) e Jorcelino Braga (Fazenda) devem estar sendo pressionados para romper o contrato entre o Detran e a UEG. Certamente, não cometerão esse erro. Tirar a UEG do Detran é o mesmo que emitir salvo-conduto para bandidos. Não se diz aqui que todo examinador fora da universidade seja corrupto, mas os honestos que porventura aparecerem por lá serão colocados contra a parede, com dois fins: caem na vala ou caem fora, como fez Irondes. Alcides, Roller e Braga chegaram ao poder sem a influência das máfias, portanto, não tem compromisso com nenhuma delas. Então, não têm de lhes dar ouvidos.

O Detran é um local de servidores sérios, parte de uma geração que entrou via concurso. Os antigos ladrões saíram de lá, estão curtindo a dinheirama amealhada com propinas, sem sequer interesse em voltar ao local do crime. Então, gente, para que mexer numa medida acertada? Em vez de tirar os professores dos exames, o governo deveria radicalizar: levar a UEG também para a vistoria, para a comissão de licitações, para as liberações (CFC, guinchos, despachantes, chaveiros). Quanto mais professores, menos ladrões. Se tirar os professores, recomeçarão as aulas de crime.

Nilson Gomes é jornalista


Diário da Manhã

Goiânia está em decadência

A decadência de uma cidade manifesta-se em alguns sinais, todos de aspecto negativo. Os principais são: aumento da violência, caos no trânsito, abandono do patrimônio público e incivilidade de seus habitantes. Goiânia apresenta claramente tais sinais, basta que atentemos ao nosso redor, que leiamos algum jornal, ou mesmo quando vemos algum telejornal.

É verdade que alguns movimentos têm sido feitos para combater tal decadência, mas eles têm se revelado insuficientes, inúteis ou equivocados. Vejamos alguns deles.

O trânsito em Goiânia está cada vez mais complicado. As medidas que procuram dar fluidez ao trânsito em algumas áreas da cidade têm resolvido alguns problemas pontuais. É sabido, no entanto, que algumas delas só funcionarão a curto prazo, pois em breve, com o constante aumento do número de veículos nas ruas, estarão esgotadas.

O transporte coletivo é um problema crônico, e o que se tem feito para resolvê-lo também tem surtido pouco efeito. É sabido que a solução final para tal problema em grandes centros é o metrô. Daí resta uma pergunta: quem o fará? Tão cedo ninguém, pois o Estado está falido – resultado de equívocos e populismo dos últimos anos –, e o município sozinho não tem condições de se meter em tal empreitada. O tal do transporte seletivo se revelou uma jogada de marketing, e só. Qualquer pessoa de bom senso sabe que não se resolve problemas gerais, como o do transporte coletivo de Goiânia, com soluções particulares. Estas, quando não agravam o problema – como ocorreu na época das vans – desperdiçam dinheiro público.

O descuido com patrimônio público e histórico é outro índice da decadência de uma cidade. Prédios pichados e abandonados, assim como abandonadas estão as instituições que neles funcionam. Vejam as bibliotecas públicas. O descuido e descaso que assola alguns bens públicos é realmente desolador. Reformas pontuais são feitas, e só, depois tudo é esquecido. Manter prédios em bom estado de conservação e instituições em funcionamento pleno é que lhes garante a existência e a utilidade. Doutra forma é melhor extingui-los ou mesmo destruí-los, pois abandono é igual a decadência.

É verdade que atualmente o município tem procurado restaurar parte desse patrimônio público. Alguns prédios, como os mercados municipais, têm sido restaurados e revitalizados, o que é extremamente válido. Mas há também que se procurar preservá-los e torná-los seguros e acessíveis. Estacionamentos são indispensáveis para tal, assim como a presença policial constante.

Outro fator que aponta a decadência de uma cidade é o índice de criminalidade, e em Goiânia este índice tem crescido de maneira assustadora, como assustadora tem sido também a crueldade de alguns assassinatos. E já neste ano os assassinatos têm sido tantos que a cada dia se fala em novo recorde. É um número assustador a cada novo dia, e aumentam também os casos de chacinas e execuções, modalidades de crime típicas de nossas metrópoles violentas onde há a presença do crime organizado. A segurança da população parece ter sido esquecida.

Mas criminalidade também envolve todo tipo de crime, e o roubo de veículos é outra modalidade que tem se destacado. Aumentou enormemente no último ano, segundo jornal de grande circulação. As autoridades afirmaram que tal fato se deve ao aumento da frota. Ora, então para elas a maneira prática de resolver o problema seria reduzir a frota de veículos, e não, combater o crime, investigando-o e prendendo os criminosos.

E, por fim, o maior indicador de que uma cidade está em decadência é quando seus habitantes também o estão. E isso se verifica na falta de civilidade desses habitantes e na inépcia dos governantes e de seus representantes: pelos primeiros tem-se o desrespeito às normas e condutas do viver em sociedade, o desrespeito às leis e instituições que constituem a sociedade; por estes últimos, a inabilidade, o despreparo, ou mesmo a má-fé, que faz com que a coisa pública seja mero instrumento para ganho pessoal.

Numa cidade onde há o predomínio de tais comportamentos, seus habitantes precisam repensar em que tipo de cidade querem morar. E numa cidade onde os sinais de decadência começam a aparecer, alguma coisa tem de ser feita, sua população tem de reagir, e este é um ano bom para se começar.

Wennedy Brito dos Santos Assis é mestre em Literatura


Diário da Manhã

Para Lula ler na cama

A vida é um sonho. E não raras vezes, “o leito é próprio à meditação”, no dizer de famoso repórter internacional que mais adiante revelarei.

Certa noite, assisti pela TV Globo Dalva e Herivelto, sobre as vidas de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. Conheci os dois quando trabalhava na Rádio Nacional. E surpreso fiquei ao ver na tela outro personagem incluído pelos novelistas: David Nasser, que se tornara referência na revista O Cruzeiro, a de maior circulação do País. A audácia do repórter até lhe custou atentados de morte, mas não conseguiram matá-lo. David Nasser formava dupla com o repórter-fotográfico francês Jean Manzon. Juntos, ganharam fama; Nasser escrevendo e Manzon fotografando. O primeiro, além de jornalista (muitas de suas reportagens eram notícia em vários países), virou também escritor. Seu primeiro livro, Só meu sangue é alemão, foi o de maior vendagem entre as obras não-ficcionistas. Tempos depois o quinto livro, onde incluiu um pracinha da FEB (Força Expedicionária Brasileira), Manoel Ribeiro, à espera da morte: “Estava sentado em uma cadeira de lona (...). rosto magro, os olhos cansados, as mãos verdes e esqueléticas (...). O cortiço em que vive é imundo. As crianças evitam de passar pela porta daquele quarto, porque lá mora um tuberculoso”. O pracinha esteve na 2ª Guerra e narrou a alegria do retorno ao Rio em 20 de julho de 1945: “Desciam nuvens de papéis das sacadas, as garotas nos beijavam à toa, a gente chorava e ria”. Só que ele, filho único e doente, nada recebia do Exército. Cuidava dele a velha mãe, que evitava de chorar no quarto. Explica Nasser: “O enterro de Manoel Ribeiro, a expensas do Hospital Santa Maria, teve o acompanhamento de sua mãe e três amigos. Não havia flores.”

Voltando aos episódios de Dalva e Herivelto na televisão, na parte em que surgiu o David Nasser, veio à minha memória um presente que ele me mandou pelo Correio. Localizei na minha estante o livro Para Dutra ler na cama, e lá está, na primeira página, autografado (pelo próprio!) com caneta em tinta preta: “Para o R. de Menezes a homenagem do David Nasser.” Foi ele que argumentou que o leito é próprio à meditação.

Eurico Gaspar Dutra, presidente da República, foi cutucado na quinta obra de David Nasser: “A vida que era dura se tornou infame”, mesmo quando “a honestidade ajuda a governar” (a honestidade era a bandeira do presidente).

Como a vida é um sonho, não custa atualizar este sonho, colocando Lula no lugar de Dutra.

Valdemes Ribeiro é escritor, procurador de Justiça aposentado, diretor regional da União Brasileira de Escritores, seção Goiás, e escreve quinzenalmente neste espaço (valdemesribeiro@gmail.com)



Diário da Manhã

Café da Manhã

Ulisses Aesse

PT Goiás está sendo omisso com Delúbio

Antes de ganhar as eleições, em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva teve apoio de dois grandes grupos em sua campanha. Um deles era integrado pelo próprio presidente, o vice José Alencar, Gillberto Carvalho, José Graziano, Antônio Palocci, Guido Mantega e Duda Mendonça. Esse grupo percorria o País como se estivesse em um circo, propagando os sonhos do Partido dos Trabalhadores. O outro grupo era integrado apenas por José Dirceu e Delúbio Soares (foto). O primeiro organizou a estrutura de campanha, as negociações políticas e a estratégia. Delúbio Soares, o goiano, ex-integrante e um dos fundadores do antigo Centro dos Professores de Goiás (CPG), que mais na frente se transformou no poderoso Sintego, foi o responsável por arregimentar os recursos financeiros para sustentar toda essa estrutura que venceu as eleições e elegeu Lula. O grupo saiu vitorioso graças a esses dois. O engraçado é que hoje cresce a campanha pela volta de José Dirceu às fileiras do partido (o que não é errado, afinal, Dirceu foi uma das vítimas das armadilhas políticas do poder contra Lula), mas nenhum movimento é visto pela defesa de Delúbio Soares. Nesse caso, logicamente, falta maior empenho das lideranças políticas de Goiás (do próprio PT), que poderiam impor a volta de Delúbio, já que São Paulo está impondo a volta de Dirceu. Goiás se mostra muito “frouxo” quando o assunto é a mediação da força política. Dirceu, por ser de São Paulo, tem mais força. Delúbio, por ser de Goiás, não tem força alguma. É correto deixar isso acontecer?!

Um comentário:

  1. Passei pelo seu blog. Dê uma passada pelo meu e leia matéria sobre IPM/PREVIFOR, regime próprio dos servidores municipais de Fortaleza, Ceará. Com um déficit de mais de 4 bilhões. Como os demais fundos municipais de previdência do Ceará, QUEBRADO! Conhece algum com superavitário, viável, transparente e bem administrado??? Diga-me qual, por favor! Leia e comente em: www.valdecyalves.blogspot.com

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