terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Popular - 27 de janeiro de 2010

O Popular

Medo muda hábitos em Luziânia
Temendo novos desaparecimentos, mães evitam mandar filhos à escola. Secretário de Segurança anunciou medidas para investigar

Carla Borges

O desaparecimento de seis jovens com idades entre 13 e 19 anos em 23 dias encheram de medo a população de Luziânia, a 187 quilômetros de Goiânia, no Entorno do Distrito Federal. Mães estão evitando mandar os filhos para a escola e outras recorrem a parentes em outras cidades e Estados para mantê-los a salvo. “A cidade está triste, ninguém está deixando as crianças saírem às ruas”, conta a atendente de telemarketing Analice Meireles Roriz, de 19 anos.

“A cada hora surgem boatos de que estão arrancando bebês do colo das mães, e muitas estão mandando os filhos para longe”, relata a dona de casa Lúcia Maria Souza Lopes, de 25, irmã de Márcio Luiz Souza Lopes, de 19, o último desaparecido. Ele saiu de casa na tarde de sexta-feira passada de bicicleta, depois de chegar do trabalho em uma serralheria. “Qualquer desconhecido que aparece pelo bairro (todos os desaparecidos moram no Setor Estrela Dalva) ou em algum carro diferente já assusta”, conta.

Foram esses relatos permeados pelo medo de novos desaparecimentos que o secretário de Segurança Pública, Ernesto Roller, ouviu ontem à tarde, em uma reunião no auditório da secretaria, com a participação de cerca de 40 pessoas, entre parentes e amigos dos jovens sumidos. Eles vieram de Luziânia em um ônibus fretado para participar da reunião. Depois, as mães foram ouvidas por um delegado do setor de inteligência da Polícia Civil.

Roller anunciou que a partir de hoje cada desaparecimento será transformado em um inquérito individual. “Será designado um delegado para cada caso, com uma equipe, além de todo o serviço de inteligência da secretaria, que estará integrado nessa investigação”, afirmou o secretário, depois da reunião, a portas fechadas, com os parentes dos jovens. Roller garantiu ainda que haverá reforço no policiamento, com pagamento para o efetivo empregado por meio de banco de horas, no Setor Estrela Dalva e que os policiais contarão com dez veículos para as investigações.

O secretário não falou sobre as linhas de investigação sobre os desaparecimentos, registrados na cidade desde o dia 30 de dezembro do ano passado. “Não trabalho com especulação. A polícia não descarta nenhuma hipótese. Todas as linhas serão consideradas para que cheguemos logo à solução desses casos”. Questionado sobre a possível confecção de um retrato-falado de suspeitos, o secretário disse que “detalhes (da investigação) não podem, não devem e não serão divulgados.”

Manifestação

As medidas anunciadas pelo secretário de Segurança Pública para resolver os casos de desaparecimento dividiram as opiniões de parentes que participaram da reunião. Sônia Vieira de Azevedo Lima, de 45 anos, mãe de Paulo Victor, de 16, desaparecido no dia 4, disse estar esperançosa de que o mistério seja elucidado e de ter o filho de volta. “Estou vivendo um pesadelo, até hoje sem nenhuma notícia de meu filho”, relatou. “Agora estou mais tranquila, tenho certeza de que, com essa operação policial, vão encontrar meu filho e os outros”, disse.

Fátima Gomes de Jesus, de 40, não viu efeito prático no que foi anunciado. Ela é tia de George Rabelo, de 17, que desapareceu no dia 10. “Ouvimos aqui o que estamos ouvindo todos os dias em Luziânia. Dizem que vão correr atrás, mas não vemos ninguém fazendo nada concreto. Enquanto isso, nossas crianças e nossos jovens vão continuar sumindo”, afirmou.

Os parentes estão organizando uma manifestação em Brasília, em frente ao Ministério da Justiça. “Não vamos parar por aqui”, disse o corretor de imóveis Vandeval Ferreira, de 44 anos, tio de Paulo Victor, de 16, que sumiu no dia 4.

Divergência sobre retornos

Carla Borges

Parentes dos seis jovens desaparecidos no Setor Estrela Dalva, na cidade de Luziânia, e a cúpula da Segurança Pública divergiram sobre uma informação anunciada pela polícia pouco antes da reunião: a de que, em vez de seis, seriam nove os desaparecidos, e de que três deles teriam sido localizados. “Três reapareceram”, garantiu o secretário Ernesto Roller.

Segundo a polícia, um dos jovens localizado estaria em uma fazenda, outro em um festival de música na cidade de Salvador (BA) e outro teria um histórico de fugas de casa anteriores.

Para o auxiliar administrativo Jonas Fernandes, de 27 anos, tio de Flávio Augusto, de 14, desaparecido no dia 18, os fatos não têm ligação entre si. “Tenho o contato de todas as famílias, estamos unidos nisso, e nenhum de nós, parentes, tem conhecimento desses três supostos casos”, afirmou, depois da reunião com Ernesto Roller. “Talvez eles quisessem desviar a atenção dos familiares.”


O Popular

Crise aguda levou Celg a buscar recursos, diz André
Auxiliado pelo PSDB, ex-presidente da estatal afirma à CPI que investiga dívida que pequenos bancos foram mais receptivos a pedidos de empréstimos

Erica Lettry

Amparado pelo PSDB, o ex-presidente da Celg André Rocha tentou justificar ontem, em depoimento à CPI que investiga a dívida da estatal, as razões da escolha de bancos pouco conhecidos para a captação de empréstimos para a companhia. Segundo ele, diversas instituições financeiras maiores se recusaram a socorrer a Celg, cuja dívida, segundo o governo atual, é de R$ 5,7 bilhões.

Em postura distinta à das reuniões em que a gestão do PMDB era analisada, o deputado Daniel Goulart (PSDB) fez poucos questionamentos a André e até ajudou o ex-presidente, fornecendo os dados sobre os balanços da empresa que tinha em mãos.

André teve ajuda até do PMDB. O deputado José Nelto (PMDB), que disse ontem ser “amigo” do depoente, deixou os questionamentos para o final da sessão. Acabou limitado pelo horário regimental, já que o primeiro depoimento sofreu atraso de 45 minutos e outros dois depoentes aguardavam para participar da CPI.

A justificativa para o uso dos pequenos bancos foi solicitada pelo relator da CPI, Humberto Aidar (PT), que apresentou levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO). Conforme os dados, em 2005 a Celg contratou R$ 347 milhões em empréstimos a curto prazo, a maioria de bancos pouco conhecidos.

Entre eles estão Daycoval, BBN, BMG, Máximo e Mercantil. Já em 2007 o valor foi de R$ 961 milhões e, em 2007, R$ 617 milhões. Em média cada contratação era entre R$ 5 milhões e R$ 15 milhões.

“Muitas vezes as instituições não são conhecidas do grande público, mas são das empresas que precisam de capital de giro. A Celg precisou destes porque estava em dificuldades”, justificou.

O último depoente, Clóvis de Oliveira (julho de 2000 a abril de 2001) afirmou que trabalha no mercado financeiro e disse desconhecer os bancos citados por Humberto Aidar.

André alegou que procurou várias instituições financeiras maiores para contrair os empréstimos, mas teve dificuldades em fazer as operações. “Em 2004 houve um problema da quebra do Banco Santos, que deixou o mercado refratário. Isso levou a Celg a buscar com quem tinha dinheiro disponível”, disse.

André concordou que a necessidade de buscar empréstimos a curto prazo é um fator importante para o atual endividamento da Celg, mas disse que a conjuntura da época precisa ser analisada.

Nelto questionou a suposta falsa assinatura do ex-diretor da Celg Javahé de Lima. Em depoimento á CPI em outubro, Javahé afirmou que não assinou acordo em 2006 com a prefeitura de Santa Helena, como constava no documento. André disse que bastam duas assinaturas de presidentes ou diretores para que o acordo tenha validade.

Aidar denunciou um suposto esquema de pagamento de propina na Celg. Conforme o deputado, uma empresa que atuava na estatal teria contratado uma ONG supostamente de fechada para prestar serviço de consultoria. Por meio da ONG, cerca de R$ 3 milhões teriam sido rateados entre o presidente, diretores da Celg e a direção da organização. O petista disse não poder mostrar os documentos e prometeu “investigar melhor” a questão.

Para ex-dirigente, faltou adequar empresa

Erica Lettry

Ex-presidente da Celg entre 2000 e 2001, Clóvis de Oliveira afirmou à CPI que a Celg não se adequou à nova condição de compradora de energia após a venda da Usina de Cachoeira Dourada, o que teria colaborado para a situação financeira da empresa.

Segundo ele, quando assumiu a gestão da estatal ela sofria perdas diárias de cerca de R$ 1 milhão. “A Celg amanhecia R$ 1 milhão mais pobre por dia. Faltou equacionar e adaptar à nova realidade. Para se ter uma ideia, o pessoal que havia em Cachoeira Dourada foi absorvido pela Celg. Deveria ter cortado gastos ao máximo.”

Clóvis de Oliveira disse que durante sua gestão fez diversos cortes na empresa. Ele citou como exemplos os cortes em publicidade e aluguel de carros. “Fechei o posto de combustível que a Celg mantinha no pátio para abastecer a frota. Dispensei centenas de carros alugados. Devolvi às prefeituras 226 funcionários que estavam à disposição, com ônus para a companhia, que tinha ainda 178 veículos em outros órgãos do Estado”, disse.

Apesar da situação financeira da empresa, Clóvis disse considerá-la viável e afirmou que se a União e o Estado pagassem o que devem à Celg – segundo ele cerca de R$ 3,5 bilhões – o governo não precisaria vender ações.

Hoje vão depor o ex-presidente Marco Antônio Machado e dois ex-membros da comissão responsável pela transferência de Corumbá 1 para Furnas, em 1984: Adalberto Evangelista Sampaio e Luis Fernando Torres.


O Popular

Meirelles diz que está no páreo, mas resiste às pressões do PMDB
Presidente do BC evidenciou a peemedebistas que disputa pelo governo do Estado ainda está nos planos

Bruno Rocha Lima

Tido como carta praticamente fora do baralho na sucessão estadual por alguns peemedebistas, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB), voltou a manifestar ontem desejo de disputar o governo de Goiás. Em reunião com aliados da sigla em sua residência em Brasília, o presidente do BC garantiu que ainda está no páreo, mas que não pretende ceder às pressões internas para antecipar sua pré-candidatura.

Foram a Brasília a convite de Meirelles os deputados estaduais Thiago Peixoto e Paulo Cézar Martins, o prefeito de Quirinópolis, Gilmar Alves, seu vice, Antônio José Pereira, e o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Frederico Jayme, que pretende disputar mandato de deputado estadual este ano.

O presidente do BC, segundo os participantes do encontro, deixou evidente sua vontade de concorrer ao Palácio das Esmeraldas – embora tenha também grande interesse em ocupar a vice da chapa presidencial da ministra Dilma Rousseff (leia mais ao lado). Afirmou que ainda não trabalha a candidatura de forma mais incisiva a pedido do presidente Lula, receoso que sua atuação política traga prejuízos à economia nacional.

Transparecendo desconforto com a pressão do partido e do prefeito de Goiânia, Iris Rezende, para que defina seu projeto até início de fevereiro, Meirelles lembrou que no ato de filiação ao PMDB deixou clara sua impossibilidade de atuar politicamente antes do final de março. Afirmou que na época nenhuma liderança do partido colocou objeção.

Meirelles contou que pretende marcar uma reunião com Iris e o presidente Lula para discutirem a questão dos prazos. Ele e Lula embarcam amanhã para a Suíça, onde ficam até o final da semana. Disse que se o presidente o liberar para ficar um pouco mais distante do BC, pode passar a atuar mais politicamente em Goiás, embora tenha ressaltado que não vê necessidade disto. Quer, por ora, manter apenas as reuniões reservadas nos finais de semana com entidades sociais e lideranças políticas mais próximas.

“O PMDB vive um falso dilema. Não há necessidade de antecipar a decisão da candidatura. Queremos evitar que essa discussão atrapalhe a unidade interna do partido”, afirma Thiago Peixoto. “Meirelles está disposto a se aproximar mais da política local e temos de dar esse espaço a ele como membro do partido. Ele tem muito a somar”, defende.

“Percebi uma grande disposição no Meirelles em ser candidato a governador. Mas é temerário e desnecessário antecipar essa decisão”, avalia Frederico Jayme. “Iris pode visitar as bases, continuar esse trabalho político de preparar o PMDB, e se Meirelles for o candidato, pode transferir sua força política para ele. Caso desista, Iris já estaria pronto para disputar”, afirma Frederico.

O presidente do BC percebe que quanto mais distância mantém do processo eleitoral, mais o prefeito adianta sua candidatura. Após ser criticado por membros do partido por cobrar uma posição do aliado até meados de janeiro, Iris havia recuado, passando a condução do processo às bancadas estadual e federal.

Dias depois, os deputados estaduais – incluindo Thiago e Paulo Cézar – foram ao Paço Municipal manifestar apoio às decisões do prefeito quanto ao embate eleitoral e o estimularam a disputar o governo do Estado. Mostravam desconfiança com a distância do presidente do BC do cenário político local. Com isso, Iris retomou o trabalho para viabilizar sua candidatura.

Além de não articular internamente, a cúpula do PMDB goiano reclama também da distância do presidente do BC dos possíveis aliados. Citam, por exemplo, a falta de atuação dele junto aos partidos que compõem a base do governador Alcides Rodrigues (PP), que poderiam se aliar ao PMDB no primeiro turno se Meirelles for o candidato.

Mas no partido é dada como certa a preferência do presidente do BC pelo projeto nacional, o que o afasta da política goiana. Ao voltar a se movimentar no cenário local, Meirelles pode estar apenas se esquivando do fogo amigo da cúpula nacional do PMDB, que prefere o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), na vice de Dilma, e ameaça até romper com Lula caso ele banque Meirelles.


Iris: “Sou manobrado pelo povo”

Bruno Rocha Lima

Em ritmo acelerado de inaugurações frente à Prefeitura de Goiânia antes do prazo de desincompatibilização do cargo, em abril, o prefeito Iris Rezende (PMDB) afirmou ontem que sente um desejo da população por sua candidatura ao governo do Estado. “Hoje sou manobrado pelo povo”, afirmou.

Iris participou da inauguração da pavimentação da Avenida América, que liga a sede do Ceasa ao bairro Recanto das Minas Gerais. Na ocasião, voltou a dizer que “tem certeza” que o presidente do BC, Henrique Meirelles, vai anunciar nos próximos dias sua decisão sobre uma candidatura em Goiás.

“Não é simplesmente definir uma candidatura a governador. É dessa decisão que vêm as alianças partidárias. Partido nenhum vai se aliar ao PMDB sem saber quem é o candidato, sem conversar com o candidato”, afirmou o peemedebista. “A partir do conhecimento do nome do pré-candidato é que as pessoas vão se decidindo candidatar a deputado estadual, federal. É um projeto complexo. Ele (Meirelles) naturalmente está entendendo isso e vai antecipar (sua decisão)”, frisou.

Desde o início do ano, após avaliar que o presidente do BC não mostra convicção de concorrer ao Palácio das Esmeraldas, Iris intensificou o trabalho para viabilizar sua candidatura. Aproveita a visibilidade que as inaugurações da administração municipal lhe conferem e já prepara seu vice, Paulo Garcia (PT), para sucedê-lo em abril.

Ontem ele garantiu que vai começar a percorrer o interior nos finais de semana que não tiver atividades da Prefeitura. “Vou realizar o trabalho político que me compete em Goiânia, mas também vou fazer o que for possível pelo Estado. Não tenho o direito de ficar omisso quanto ao destino de Goiás, que está em jogo.”

Sobre o debate entre PSDB e PP acerca da dívida do Estado, Iris disse que era a chance da população conhecer os governantes que teve. “Não temos que condenar o governador pelo fato de mostrar publicamente o Estado que recebeu. Isso é obrigação dele.”


Roller compara gestões e destaca administração de Alcides no Estado

Fabiana Pulcineli

Em evento de assinatura de pacote de benefícios para servidores da Segurança Pública, o secretário Ernesto Roller (PP), cotado para disputar o governo estadual, fez comparações de investimentos da atual gestão com a anterior e disse que o setor vive momento histórico na administração de Alcides Rodrigues (PP).

A estratégia de comparar gestões será intensificada este ano pelo governo, como determinou o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga, em reuniões com auxiliares da equipe de comunicação. Em entrevista na semana passada, Braga afirmou ser inegável que a atual gestão tenha feito, em 3 anos e 9 meses mais do que o governo Marconi Perillo (PSDB) fez em 7 anos e 3 meses.

Em discurso para um salão lotado de servidores da segurança no Palácio das Esmeraldas, Roller disse que em 2005 o governo gastou na área R$ 503 milhões. Segundo ele, em 2009, a atual administração investiu mais de R$ 1 bilhão. No cálculo, diz, estão incluídas despesas com investimentos, custeio, manutenção e folha do funcionalismo.

“Vivemos momento ímpar e rico na segurança pública do Estado. Podemos dizer que há duas fases na história do setor: antes e depois do governo Alcides. Os números dizem isso. Tivemos conquistas históricas”, afirmou o secretário.

Roller destacou ainda a valorização do servidor, com correção de “distorções históricas” por meio de planos de cargos e salários. “Segurança é uma área que não foi prioritária em outros governos e tivemos de lidar com uma demanda acumulada. Mas vamos entregar uma segurança pública muito melhor do que aquela que recebemos”, disse.

Ao final do discurso, Roller falou da gestão com responsabilidade, mote utilizado pelo governo para atacar o governo anterior, que deixou, segundo governistas, déficit de R$ 100 milhões mensais. “Nosso governo constrói resultados sempre pautado pela responsabilidade”, disse.

Em discurso, Alcides elogiou o auxiliar: “Ele trabalha com dedicação, zelo, eficiência, seriedade e alto espírito público”. Disse que a segurança é prioridade de sua gestão.

Candidatura

Ao ser questionado em entrevista sobre os recentes eventos na área de segurança, que reforçam a pré-candidatura ao governo, Roller desconversou. “Essa é uma estratégia do governo para garantir a segurança ao cidadão goiano. Este é o nosso objetivo e é o norte. Os resultados políticos que esperamos é a tranquilidade, a paz e a segurança da população.”

Sobre a cotação de seu nome para ser candidato da frente governista, articulada pelo governador junto ao PP, DEM, PR e PSB, Roller disse apenas que sente-se “muito honrado”. Ao falar do retorno à Assembleia Legislativa no início de abril, ele afirmou que sai “sempre com o ideal de que muito ainda tenho a fazer pela população de Goiás”.

Pré-candidato a deputado federal, o secretário integra a listas de nomes cotados para disputar o governo do Estado com as articulações da nova frente palaciana.


Pepista sanciona leis que beneficiam servidores

Fabiana Pulcineli

O governador Alcides Rodrigues (PP) sancionou ontem um total de nove autógrafos de lei relacionados à área de segurança pública. A maioria beneficia servidores das polícias Militar, Civil e Técnico-Científica e do Corpo de Bombeiros.

A Polícia Civil foi beneficiada com a Lei Orgânica e mudanças de classes e níveis de subsídios de várias funções. Na PM e nos Bombeiros, houve aumento do efetivo e planos de cargos. O governo regulamentou ainda o fornecimento de alimentação a presos provisórios e condenados sob custódia do Sistema de Execução Penal de Goiás. Alcides sancionou ainda leis que tratam de consignações em folha de pagamento dos servidores e militares, do plano de cargos do Detran e do regime próprio de previdência de militares.

Na manhã de hoje, o governador estará em Anápolis para lançar obras e entregar benefícios. Na ocasião haverá a assinatura de um convênio de R$ 100 milhões entre Saneago e a prefeitura e entrega da Estação de Tratamento de Água do município.

Por Temer, PMDB ameaça apoiar tucanos

Agência Estado

Brasília – A articulação do comando da campanha presidencial do PT para barrar a indicação do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para vice na chapa da candidata petista Dilma Rousseff, como revelou ontem o jornal O Estado de S.Paulo, provocou protestos e até ameaças nos bastidores do PMDB. Mais do que fincar pé no nome do presidente do partido, afirmando que “o vice da Dilma será o Michel”, um dirigente peemedebista avisa que, “se tiver de ser outro vice, talvez não seja da Dilma, e sim do PSDB”.

Desconfortável com a movimentação petista, Temer diz que é candidato a deputado federal. “Essa coisa de vice tem me prejudicado”, queixou-se ontem, lembrando que sua candidatura à reeleição está mantida, até para que os aliados não ocupem seu espaço político no interior paulista. Ele considera “deselegante” a campanha petista contra sua indicação, sobretudo por conta dos “recados” pelos jornais. “Quem vai resolver isto (a vice) é o PMDB, não há a menor dúvida”.


Lula quer outro‘Alencar’ na vice de Dilma

Agência Estado

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a auxiliares e dirigentes do PT que, se depender dele, a cara-metade da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na chapa ao Palácio do Planalto será um nome com perfil semelhante ao do vice-presidente José Alencar (PRB). Lula defende para a dobradinha o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, cristão novo no PMDB, mas sabe que a cúpula peemedebista não apenas criará problemas a essa indicação como tentará emplacar o presidente da Câmara, Michel Temer (SP).

Ao tomar café da manhã, ontem, com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Lula combinou que, antes de definir o vice, a prioridade será superar as divergências entre o PT e o PMDB nos Estados, para construir palanques conjuntos para Dilma. Sarney pediu a Lula que cobre do PT apoio à sua filha, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Lula garantiu, apesar da divisão do PT no Estado, os petistas darão aval a Roseana.


Oposição recorre contra presidente

Agência O Globo

Brasília – Em mais uma representação protolocada ontem no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os três principais partidos de oposição – DEM, PSDB e PPS – acusam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer campanha eleitoral antecipada em favor da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, em evento realizado dia 22. Os partidos destacaram declarações antigas do próprio Lula sobre Dilma, como “minha candidata” e “Mãe do PAC” e incluíram trechos de seu discurso de sexta-feira, em São Paulo.

Depois de várias negativas da Justiça Eleitoral a ações do mesmo tipo, a oposição citou também caso de um governador que perdeu o mandato por práticas semelhantes. Na representação, os advogados lembram o voto favorável do ministro Felix Fischer no julgamento em que o TSE cassou o mandato do ex-governador do Maranhão Jackson Lago, por ter participado de evento público.


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DIREITOS HUMANOS

Erenice vai elaborar proposta de comissão

Agência Estado

Brasília – Pivô do escândalo dos cartões corporativos, suspeita de ter coordenado a confecção de um dossiê para incriminar o governo Fernando Henrique Cardoso (1995- 2002), a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, braço direito da Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, presidirá o Grupo de Trabalho (GT) encarregado de propor ao Congresso a criação da Comissão Nacional da Verdade.

Proposta em decreto presidencial, a comissão provocou uma crise entre o ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) e a área militar. Erenice encabeça a lista de seis membros do GT. Ontem, a Comissão de Mortos e Desaparecidos do governo federal fechou a lista ao eleger, por unanimidade, o representante da sociedade civil que vai integrar o grupo. O escolhido foi o professor Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador-geral do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), consultor das Nações Unidas e último secretário nacional de Direitos Humanos do governo FHC. Pinheiro é autor das versões 1 e 2 do Plano Nacional de Direitos Humanos. A Comissão da Verdade vai investigar os casos de tortura, sequestros, desaparecimentos e violações de direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985).


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Giro

Jarbas Rodrigues

Bancada tucana se reúne com Marconi para avaliar cenário

As bancadas estadual e federal do PSDB se reuniram em jantar na segunda-feira com o senador Marconi Perillo para tratar das eleições proporcionais. Ou seja, deles próprios. Segundo o presidente do partido, Leonardo Vilela, a previsão do PSDB é otimista: eleger 6 deputados federais (hoje tem 4) e de 12 a 14 estaduais (são 10 tucanos hoje), além dos 2 candidatos ao Senado. Alguns deputados estaduais defenderam rompimento em fevereiro com o governador Alcides Rodrigues (PP), adotando discurso de oposição na Assembleia. Afirmam que já são pouco atendidos pelo governo e, em alguns casos, alcidistas têm entrado em suas bases para “cooptar” prefeitos aliados. Marconi avaliou que não é a hora para rompimento, pois trabalha para ter apoio dos partidos cujas cúpulas ainda negociam uma frente alcidista. Os tucanos avaliaram também que o atrito da semana passada com Jorcelino Braga (Sefaz) foi até positivo ao “vitimizar” Marconi. Por ora, os tucanos acreditam que levaram a melhor.

Por último

Carlos Silva, presidente da Celg, pediu para ser o último a falar à CPI na Assembleia. Antes, quer saber o que os ex-presidentes têm a falar.

Troca de guarda

Empresas de vigilância questionam a decisão da Sefaz de substituir vigias por PMs em prédios públicos. Argumentam que são menos policiais nas ruas. É, pode ser.

Foco regional

O grupo do PMDB que esteve ontem com Henrique Meirelles (BC), em Brasília, disse que 90% da conversa foi sobre a política em Goiás e 10% sobre o cenário nacional.

Entre dois

Frederico Jayme disse que Meirelles mantém projeto de ser candidato a governador. “Mas vai respeitar a decisão do prefeito Iris”, frisou.

Renovação

Do deputado Paulo Cesar Martins (PMDB), após reunião de manhã em Brasília: “Nosso partido precisa de renovação e Meirelles é candidato para ganhar”. À tarde estava com o prefeito Iris no Paço.

ARREMATE

Anicuns – Presidente do PP municipal, Sérgio Miguel defende aliança com o PSDB neste ano: “80% do partido vai acompanhar o senador Marconi de qualquer jeito”, diz.

Turbinado – O deputado Nilo Resende, do DEM marconista, está no Twitter como “Nilo turbinado”.


PERGUNTA PARA: José Nelto, deputado do PMDB

A bancada do PMDB na Assembleia vai apoiar criação da CPI do Déficit?

Não é necessário. A Comissão de Finanças da Assembleia tem os relatórios quadrimestrais apresentados pela Sefaz desde 2007 que apontam déficit mensal de R$ 100 milhões nas contas do governo. Por que os tucanos, que integram a comissão, tentam agora negar sua existência? Para confundir e ocultar a verdade do ocorrido na gestão tucana.


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Cileide Alves

O tenso jogo do momento

O eleitorado encontra-se longe do debate político, distância que pode ser medida pelos altos índices de quem não sabe em quem votar (72,9% na pesquisa espontânea do Serpes de outubro), mas a disputa já é bastante real entre as forças que se preparam para entrar na arena e disputar o eleitor.

Para chegar eleitoralmente competitivo à última etapa da eleição, no dia do voto, os partidos trabalham agora para reunir forças e afastar barreiras que poderão se tornar intransponíveis. A fase atual é de intensas conversações visando dois objetivos: fortalecer a si próprio e esvaziar o adversário. Para isso cada um joga com as armas de que dispõe.

O PSDB tenta tirar o melhor proveito de sua principal qualidade, a popularidade do senador Marconi Perillo. O partido foi isolado politicamente pelas forças adversárias e, para recuperar espaço, isto é, atrair partidos e lideranças que fazem diferença numa coligação majoritária, optou pelo discurso da negação. Os tucanos têm o hábito de combinar o discurso. É fácil perceber o que o partido quer dizer, bastando para isso observar a fala repetitiva na voz de cada uma de suas principais lideranças.

O discurso tucano do momento é o seguinte: Marconi Perillo tem apoio das lideranças políticas mais importantes e da população goiana, porque fez dois excelentes governos; seus adversários estão enfraquecidos, pois o governo não conseguirá lançar candidato próprio e o PMDB não disporá nem do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, nem do prefeito Iris Rezende. Em outras palavras, o caminho estaria livre e desimpedido para a vitória marconista.

Qual o significado desse discurso? Mais do que dar a ideia de que o PSDB subiu no salto alto, um risco que o partido está correndo, ele indica a tentativa tucana de convencer o campo político de que Marconi é eleitoral e politicamente imbatível, negando a mensagem de desconstrução de sua imagem e de seu isolamento político produzida por seus adversários. O PSDB usa a negação para se firmar positivamente no cenário político, senha para atrair aliados acostumados a só aderir ao projeto vencedor.

O PSDB está na realidade lutando com as armas de que dispõe contra o isolamento político e para atrair partidos fortes – hoje conta apenas com o PTB entre os partidos com densidade eleitoral – e formar uma aliança competitiva, o que significa, principalmente, ter muito tempo no horário eleitoral gratuito.

Já a arma do governo, principal adversário tucano, é a possibilidade de formar chapas fortes para a disputa proporcional. Na luta para filiação de pré-candidatos, que terminou em 3 de outubro, fim do prazo de filiação dos candidatos às eleições de 2010, os partidos do campo governista conseguiram a adesão de nomes competitivos para as chapas de deputado federal e estadual, diferentemente do PSDB, que não montou uma chapa forte, especialmente para a disputa à Câmara Federal.

O governo acena para seus aliados com a possibilidade de formação de uma coligação com chances de eleger o maior número possível de deputados, senha também atraente nesta fase de pré-campanha eleitoral.

Entretanto, a fragilidade governista pode surgir na formação da chapa majoritária e tornar-se um complicador para a construção do projeto eleitoral do grupo. O Palácio das Esmeraldas tem clareza de que o sucesso desse projeto depende da reunião de todos as partidos com os quais já articula o lançamento de um candidato a governador, o DEM, o PR, o PSB e o PP. Só que o DEM está com um pé dentro e outro fora desse projeto. Em outras eleições, o presidente regional, deputado federal Ronaldo Caiado, teve respaldo da direção nacional para dar ao partido a direção que considerou mais adequada. Neste ano, pode faltar a ele esse apoio nacional que foi fundamental no passado.

Presidente nacional do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ) perdeu força política com a derrocada de seu principal aliado na luta interna, o governador do DF, José Roberto Arruda. Agora, o DEM paulista liderado pelo prefeito de São Paulo Gilberto Kassab avançou no enfrentamento interno e isso poderá trazer reflexos nacionalmente. Interessa ao DEM paulista fortalecer a candidatura de José Serra a presidente da República, daí que o partido poderá exigir dos diretórios regionais a repetição da aliança nacional dos democratas com os tucanos.

Essa possibilidade forma uma sombra sobre negociação da aliança do DEM com o governo. O Palácio das Esmeraldas corre o risco de perder esse importante aliado, que soma tempo no horário eleitoral gratuito, para os tucanos. Para quem tem clareza da importância da união de vários partidos em torno do projeto palaciano, está aí uma gigante.

Daí o tenso jogo político que ocorre nos bastidores nesse momento. O sucesso de tucanos depende, pelo menos agora, do fracasso de governistas e vice-versa, já que ambos disputam apoios no mesmo segmento político. Envolto em seus próprios problemas para definir quem será seu candidato a governador, o PMDB observa a jogada entre governistas e tucanos, torcendo para os segundos perderem esta batalha, já que são grandes interessados no enfraquecimento tucano.

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