terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Diário da Manhã - 28 de janeiro de 2010

Diário da Manhã

PSDB quer CPI para apurar endividamento do Estado
Parlamentares vão propor na Assembleia investigação entre 1982 e 2009

O PSDB decidiu reagir contra a postura do PMDB de alimentar o debate sobre o suposto deficit de R$ 100 milhões nas contas do Estado, que a princípio interessava só aos tucanos e ao governo. O presidente regional do partido, deputado federal Leonardo Vilela, defendeu ontem que, em vez de brigar pela instalação de uma CPI sobre o deficit na Assembleia Legislativa, a bancada de parlamentares do partido deve propor a instalação de uma CPI sobre a evolução da dívida do Estado desde 1982. De acordo com dados recém-divulgados pela Secretaria da Fazenda, a dívida gira em torno de R$ 12,5 bilhões.

Os tucanos explicam que a nova proposta não exclui a anterior, apenas a torna mais abrangente. “Já que abrimos a discussão sobre quem endividou o Estado, vamos torná-la mais ampla. Vamos colher documentos relativos às contas do governo desde 1982 e descobrir quem foi que faltou com a responsabilidade com o dinheiro público”, afirma Leonardo. “O PMDB tomou empréstimos de bilhões e a juros altíssimos, para fazer estradas e outras obras. A administração do senador Marconi Perillo (PSDB, de 1999 a abril de 2006), por sua vez, não contraiu débitos, apenas pagou dívidas dos outros.” Em referência ao prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), o senador reclamou de políticos que “sentam no próprio rabo para falar do rabo dos vizinhos”.

Na terça-feira, durante inauguração de um trecho de pavimentação asfáltica da Avenida América, no Recanto das Minas Gerais, Iris incentivou o debate acerca da existência do suposto deficit, que teria sido deixado como herança pelo governo do PSDB e que tem acirrado os ânimos entre aliados de Marconi e do governador Alcides Rodrigues (PP). “Se nós ficarmos aqui todos bonzinhos uns com os outros, como é que o povo vai saber (a verdade)?”, disse Iris na ocasião. “O povo, no dia-a-dia, no trabalho, não tem como acompanhar todos os lances políticos e administrativos de um Estado. É muito natural que as discussões continuem, porque é em época de eleições que temos que discutir essas questões”, emendou Iris.

A ideia de ampliar a proposta de instalação de CPI para além do suposto deficit, e desta forma obrigar o PMDB a responder a ataques dos adversários, surgiu assim que o debate entre PSDB e Jorcelino Braga, tomou corpo, no dia 20 de janeiro, com acusações mútuas.

Fazia parte da estratégia peemedebista, inclusive com apoio do prefeito Iris Rezende, que cobrou a abertura da investigação, garantir apoio dos deputados estaduais de sua bancada à abertura da Comissão, com o objetivo de aprofundar as consequências negativas que o assunto pode trazer aos tucanos. Só ontem, pela primeira vez, um parlamentar do partido, José Nelto (PMDB), manifestou contrariedade à proposta, em entrevista ao O Popular. Nelto disse que a CPI ajudaria os tucanos a confundir a opinião pública e que não há necessidade de levar a proposta adiante.

Leonardo afirma que o pagamento de juros da dívida do Estado limitou a capacidade de investimento nos dois mandatos de Marconi (1999 a 2002 e 2003 a abril de 2006) e – por incrível que possa parecer a conclusão do deputado – na administração atual. “Marconi e Alcides pagaram e pagam milhões em juros. Se não fossem obrigados a honrar estes compromissos, poderiam fazer muito mais por Goiás”, pondera o deputado. O tucano recorda a postura branda que o então candidato do PMDB ao governo, Maguito Vilela, adotou em relação à administração do PSDB, e cobra coerência dos adversários. “Engraçado é que, na época da campanha, ninguém falou em deficit. O governo estava tão bem avaliado que Maguito tentou se apoderar de nossas bandeiras. Por que agora vem todo mundo batendo desse jeito? Só por que nosso pré-candidato é o mais forte?”, questiona o deputado.

Leonardo acusa as gestões do PMDB de “quebrarem” o Banco do Estado de Goiás (BEG), o Banco de Desenvolvimento (BD) e a Caixego, além de condenar Maguito por ter vendido a Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada, em 1997. São fatos que, na sua opinião, foram determinantes do processo de endividamento do Estado. E diz que as administrações do PSDB foram responsáveis com o dinheiro público. “Entregamos o Estado com a folha salarial em dia, programas sociais em andamento, tudo funcionando nos conformes.” De acordo com o presidente do partido, é cedo para falar em convocação de ex-governadores, e que a discussão do assunto caberá aos deputados estaduais.

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