terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Popular - 30 de janeiro de 2010

O Popular

Articulação da campanha teria contribuído para crise de Lula
Assessores dizem que presidente estava ansioso com definição de aliança em torno de Dilma

Brasília - Fatores de risco político na montagem da campanha e crises internas no governo criadas por assessores de confiança no fim do ano podem ter contribuído para provocar a crise hipertensiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Auxiliares do presidente identificam em Lula sinais de que ele está ansioso para resolver logo a aliança que vai compor a chapa da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), candidata à sua sucessão.

Tanto é que, embora tenha combinado que só trataria da retirada da candidatura de Ciro Gomes em março, um pouco antes de ser levado às presas para o Real Hospital Português, em Recife, com uma crise de hipertensão, Lula tentava dar uma solução para o tema com o presidente do PSB, Eduardo Campos, também governador de Pernambuco.

Quanto aos problemas internos, o presidente ainda não se esqueceu de que teve de administrar uma crise com os militares logo depois das férias, por causa da insistência do secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, em criar a Comissão da Verdade, prevista no Programa Nacional dos Direitos Humanos. Lula teria comentado que não dá para descansar quando sua própria equipe inventa encrencas, informou um auxiliar.

Lula está muito preocupado com a manutenção da candidatura de Ciro Gomes por avaliar que Ciro e Dilma subtraem votos um do outro. Assim, ao mesmo tempo em que tenta encontrar um jeito de fazer do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o vice de Dilma Rousseff sem poder expor a ideia, para não magoar o presidente do PMDB, Michel Temer, que luta pela vaga, Lula tem de administrar a questão Ciro.

O presidente tem carregado Dilma Rousseff a tiracolo por onde vai, para dar-lhe o máximo de visibilidade possível, tornando-a conhecida dos eleitores. Mas exatamente por fazer isso ele tem visto também que sua candidata favorita não tem conseguido empolgar as massas. Enquanto os discursos de Lula deixam a plateia vidrada, os de Dilma são bastante insossos, com muitos erros e gafes e não arrancam aplausos.

No último, na quarta-feira, feito exatamente no dia em que Lula passou mal, durante uma solenidade de inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Paulista, a 20 quilômetros do Recife, Dilma afirmou que gostaria de homenagear um pernambucano ilustre, o erudito Ariano Suassuna que, segundo ela, é autor da frase somos madeira que cupim não rói . Acontece que Suassuna é paraibano e a frase atribuída a ele na verdade é uma espécie de símbolo de Pernambuco, assim como o Rio de Janeiro é sempre associado a uma cidade maravilhosa .

O fato de ter chamado o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), de babaca , durante a reunião ministerial da semana passada, é analisado como uma revelação de nervosismo por parte do presidente, que não costuma se referir assim a seus adversários.

Lula tem ainda problemas sérios com o PT de Minas Gerais, hoje envolvido numa disputa interna violenta. O ex-prefeito Fernando Pimentel admite abrir mão da candidatura a governador para o ministro das Comunicações, Hélio Costa, para mostrar boa vontade com a manutenção da aliança com o PMDB, mas não aceita dar a vaga para seu correligionário Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social.

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