quinta-feira, 15 de abril de 2010






Dossiê: Gilberto Carvalho é convidado a depor

O chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, foi convidado ontem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para dar explicações sobre o conhecimento que o Palácio do Planalto teve da existência de um dossiê contra o senador Marconi Perillo (PSDB). Depois de passar pelo gabinete de Carvalho, a informação se materializou em um procedimento do Ministério Público Federal em Goiás e numa ação do governo brasileiro, através do Ministério da Justiça, que abriu investigação oficial para apurar as supostas movimentações bancárias do tucano.

Além de Carvalho, também foram convidados a prestar esclarecimentos o líder do PR na Câmara, deputado Sandro Mabel (GO), o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Junior, e o promotor do Ministério Público de Goiás, que investiga o caso, Fernando Krebs. Mabel teria sido o responsável por levar ao Planalto o suposto dossiê que deu base à abertura de investigação sobre Marconi.

O requerimento com o pedido de convite na CCJ foi apresentado pelo próprio Marconi, que nega ter contas no exterior.

Como o requerimento fala em convite, e não em convocação, nenhum dos chamados é obrigado a comparecer. A líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), no entanto, frisou que Gilberto Carvalho manifestou o interesse em esclarecer o caso. O requerimento original apresentado por Marconi falava em convite apenas de Carvalho e de Tuma Júnior. A inclusão dos nomes de Mabel e promotor Krebs foi proposta pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo revelou, o governo abriu investigação formalmente no dia 12 de março. Na data, começou a tramitar no Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI) do Ministério da Justiça um processo destinado a mapear a existência das contas, que de acordo com os papéis em poder do governo seriam mantidas em bancos da Suíça, Estados Unidos e em paraísos fiscais do Caribe.

Vice-presidente do Senado, Marconi tornou-se desafeto preferencial do Planalto após o escândalo do mensalão, quando afirmou ter alertado pessoalmente o presidente sobre os pagamentos a parlamentares da base aliada no Congresso em troca de apoio ao governo.

Também ontem o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), avisou que seu partido vai levar o caso envolvendo Mabel ao Conselho de Ética da Câmara. "Não é a primeira vez que o deputado Mabel frequenta essa comissão", disse.

À época do escândalo do mensalão, como líder do PL, ele foi acusado pela deputada Raquel Teixeira (PSDB) de ter lhe oferecido R$ 30 mil por mês e ainda R$ 1 milhão no final do ano se trocasse o PSDB pelo PL. Mabel, no entanto, não foi alvo de pedido de cassação e nem chegou a ser investigado pelo Conselho. Mabel negou ontem ter conversado com Gilberto Carvalho sobre o dossiê. E disse que falará na CCJ do Senado com tranquilidade. 

VINGANÇA

O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) comentou, em seu blog (www.blogdojefferson.com), o dossiê contra o senador Marconi. Ele disse que a história “tem cheiro, cor e gosto de aloprados, que já estão chegando as eleições deste ano”, numa referência à tentativa de petistas de comprar um dossiê para prejudicar políticos tucanos na campanha de 2006.

Jefferson lembrou que um documento desta importância, com investigação de contas no exterior, se realmente existisse, teria de ter passado pelo crivo da Polícia Federal. "Mas por que uma investigação sobre movimentações bancárias no exterior, que podem significar uma boa meia dúzia de crimes, ainda não colocou a Polícia Federal na história?"

E o ex-deputado também comentou sobre uma história recorrente em Brasília. A de que Lula vai tentar vingar de todos os seus desafetos na campanha deste ano. "O ressentimento de Lula também deve estar por trás da investigação movida pela máquina de governo contra o senador Marconi Perillo. Assim como não perdoa Ayres Britto pela multa aplicada por conta de propaganda eleitoral fora de época, Lula não esquece do fato de o senador goiano ter revelado à imprensa (e depois confirmado na Justiça) o alerta pessoal que lhe fez sobre pagamentos a parlamentares da base aliada em troca de apoio em votações, o mensalão."

E emendou: "Nesta campanha, Lula está mais interessado em ‘acertar contas’, compondo alianças nos estados que possam derrotar adversários históricos (além de Perillo, Arthur Virgílio, Jarbas Vasconcelos, José Agripino, Demóstenes Torres, Heráclito Fortes, Mão Santa, Tasso Jereissati, Ronaldo Caiado, entre outros ‘opositores do regime’) do que propriamente levar os petistas à vitória. Lula irá aos palanques com gosto de sangue na boca."

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