segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sacolinhas: o mínimo ou nenhuma!!







CIDADES

Goiano usa 360 mi de sacolinhas
Descarte do produto provoca danos ao meio ambiente. campanhas tentam levar à substituição

Camila Blumenschein e Adriano Marquez Le

Mais de 360 milhões de sacolas plásticas são utilizadas mensalmente pela população de Goiás. Em consequência do consumo absurdamente alto, o descarte do produto provoca danos irreversíveis ao meio ambiente e deixa um alerta para os goianos: é preciso encontrar alternativas ecologicamente mais eficientes para carregar as compras.

Os dados sobre produção e uso das sacolas plásticas no País não são precisos, mas revelam que o plástico é o item mais utilizado para transportar objetos, alimentos e roupas. Informações de 2009 do Ministério do Meio Ambiente (MMA) indicam que o consumo médio de sacolas por brasileiro é nada menos que 66 por mês. Considerando que a população de Goiás tem mais de 5,5 milhões de habitantes, o consumo no Estado totalizaria 363 milhões de sacolinhas todos os meses.

Uma boa notícia foi apontada por pesquisa realizada por uma organização que representa os consumidores de sacolas de plástico no atacado, como redes de supermercado, drogarias e panificadoras, a Plastivida Instituito Socioambiental dos Plásticos. Segundo o levantamento, em 2007 o consumo das sacolas foi de 17,9 bilhões, em 2008 passou para 16,2 bilhões e fechou 2009 com 15 bilhões – ou seja, houve uma redução de 16,2% do uso de sacolinhas nos últimos três anos.

Ao longo dos últimos três anos, foram apresentadas à população alternativas para evitar o consumo de sacolas plásticas, afirmou uma das coordenadoras de uma campanha nacional dirigida pelo MMA em prol da redução do consumo de sacolinhas, Paula Galvani. (veja reportagem nesta página) Até as redes varejistas já se conscientizaram sobre a redução do uso do plástico e oferecem descontos aos clientes que deixarem de usar sacos, lembrou Paula, que é da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, do MMA.

Ainda assim, o meio ambiente agoniza diante do uso de tanto plástico, desde a produção até o descarte. Há impactos diretos nas fauna e flora dos locais próximos onde há extração de petróleo, que é matéria-prima dos plásticos. Além disso, ao jogar fora as sacolas, mesmo em locais apropriados, prejuízos certamente serão contabilizados.

Entre esses danos provocados se destacam, nos lixões e aterros sanitários, por exemplo: a impermeabilização do solo, retenção de resíduos orgânicos e colaboração para a produção de gás metano, que é cerca de 21 vezes mais poluente que o gás carbônico, emitido em larga escala por indústrias e automóveis. Caso não sejam jogados fora em local apropriado, a devastação é ainda maior. Florestas, rios e mares poluídos com o plástico restringem o desenvolvimento de flora e fauna. Por sua vez, animais comem essas sacolinhas e morrem asfixiados ou por não conseguirem realizar a digestão.

Nos centros urbanos, é possível também perceber o reflexo do uso em massa das sacolas de plástico. Presas a fios de alta tensão, essas vilãs do meio ambiente interferem na distribuição de eletricidade à população. Já com as chuvas, as sacolas provocam o entupimento de bueiros e valas causando enchentes. Não há levantamentos que apontem o reflexo do uso das sacolas em Goiás ou Goiânia, especificamente. Contudo, autoridades ligadas à administração pública municipal reconhecem que as sacolas representam um grave problema ao desenvolvimento sócioambiental da cidade.

Segundo o ambientalista e especialista em planejamento urbano, Everelado Pastore, as sacolinhas, que são leves, estão soltas por aí e ao serem jogadas nas ruas vão parar nos bueiros, entupindo-os e causando alagamentos, sem contar no alto número de mortes de animais em rios e mares. “A degradação nesse sentido é muito grande. As sacolas de plástico chegam aos mares e rios e os animais acabam se alimentando delas e se envenenando. Já foram encontradas ilhas inteiras no mar desse tipo de lixo, com quase 60 quilômetros de extensão”, revelou o ambientalista.


Campanha tenta combater exagero

Camila Blumenschein e Adriano Marquez Le

Desperdício e graves danos ao meio ambiente. Estes são os principais problemas causados pelo uso exagerado das sacolas plásticas. Com o intuito de combater esse problema, entidades como a Plastivida Instituito Socioambiental dos Plásticos, o Instituto Nacional do Plástico (INP), a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Fléxíves (Abief), e o Ministério do Meio Ambiente, criaram programas de consumo responsável das sacolas, aos quais alguns supermercados da capital já aderiram.

O Programa Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas, que foi lançado em Goiânia em outubro do ano passado, foi elaborado dentro da norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 14.937, que exige que as sacolas distribuídas nos supermercados sejam mais resistentes e suportem até seis quilos de mercadorias. O objetivo do programa, segundo o presidente da Plastivida, Francisco de Assis Esmeraldo, é melhorar a qualidade das sacolas plásticas e incentivar a redução do consumo, a reutilização e o descarte correto.

Franscico afirma que os dados demonstram que, com as sacolas dentro da norma, o consumidor não precisa colocar uma sacola dentro da outra para carregar as compras e também não precisa mais utilizá-las só pela metade, gastando assim mais sacolas. Os supermercados Pró-Brazilian, Pão de Açúcar, Leve, Tatico e Super Store já aderiram ao programa em Goiânia.

Segundo o superintendente da Associação Goiana dos Supermercados (Agos), João Bosco de Oliveira, os empacotadores dos supermercados que participam do programa passam por um treinamento para evitar o desperdício de sacolinhas. “Eles são orientados a colocar mais produtos nas sacolas, que passam a ser mais resistentes”, destaca.

Uma pesquisa feita pelo Ibope com mulheres das classes B, C e D responsáveis pelas compras em seus domicílios, revelou que 100% delas reutilizam as sacolas plásticas para acondicionar o lixo doméstico e 71% consideram as sacolinhas como a embalagem ideal para carregar as compras.

Ministério trabalha para reduzir uso do produto

Camila Blumenschein

O Ministério do Meio Ambiente lançou uma campanha que leva o nome Saco é um Saco e incentiva as pessoas a recusarem as sacolas plásticas nos supermercados por causa do impacto ambiental que elas causam no meio ambiente. De acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente, os sacos e sacolas plásticas são produzidos a partir do petróleo ou gás-natural, dois tipos de recursos não renováveis. Como as sacolas plásticas são consumidas aos bilhões em todo o mundo e sendo elas descartáveis, a pressão por esses recursos naturais só aumenta.

Outro problema é que depois de extraído, o petróleo passa pelo refino que consome água e energia e, ainda emite gases de efeito estufa e efluentes. Além disso, o plástico é um material altamente resistente – as sacolas podem durar até 400 anos sem se degradarem na natureza.

A campanha que está sendo realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) incentiva a população a mudar de hábitos e adotar as ecobags - sacolas retornáveis feitas de tecido - ou a usar caixas de papelão para carregar as compras. Para quem não encontra outra alternativa para colocar o lixo em casa, a campanha incentiva os consumidores a usarem esse material na menor quantidade possível e evitar levar para casa sacolas em grande quantidade. (C.B.)


Dona de casa aprova o uso das ecobags

Camila Blumenschein

A dona de casa Maria das Graças Santos, de 55 anos, é uma grande adepta das sacolas retornáveis. “Uso constantemente, quando vou ao supermercado ou ao açougue”, fala. Maria das Graças declara que a ecobag é uma forma prática de se fazer as compras e a maneira mais certa, já que seu uso é ecologicamente correto. “A posição de carregar essas sacolas é muito melhor, pois você carrega no ombro e não tem de levar na mão como as sacolinhas de plástico, que acabam machucando dos dedos quando há muito peso, sem contar que nas de pano cabe muita coisa”, declara.

A dona de casa ouviu falar sobre as ecobags em uma palestra e desde então não deixa mais a sua em casa. “Depois que entendi os problemas causados pelas sacolas plásticas ao meio ambiente resolvi aderir definitivamente às ecobags. Talvez as pessoas que insistem no hábito de levar um monte de sacolinhas de plástico para casa não tenham essa consciência”, ressalta.

Mesmo quando a compra é maior Maria das Graças diz que não é problema usar as sacolas retornáveis. “Levo duas e meu marido duas e sempre dá certo”. Quando vai a supermercados conhecidos como atacadões, que geralmente não oferecem sacolas plásticas, a dona de casa diz que as pessoas podem usar caixas de papelão, ou mesmo colocar as mercadorias diretamente no carro e se pergunta por que essa atitude não pode ser feita em todos os supermercados. “Nos atacadões todo mundo consegue carregar as compras e ninguém reclama. Esse é um exemplo para os outros supermercados”, aponta.

Conforme o superintendente da Associação Goiana dos Supermercados (Agos), João Bosco de Oliveira, todos os grandes supermercados de Goiânia possuem ecobags à venda e os preços variam de R$ 2 a R$ 4. Ele destaca ainda que uma solução apontada para o problema das sacolas de plástico seria a produção de outros tipos, como as que já foram desenvolvidas com material biodegradável, como o bioplástico. “Já foram desenvolvidas sacolas feitas a partir de resinas de produtos como a cana-de-açúcar, que se degradam em apenas seis meses, mas que são muito caras e consideradas inviáveis pelos donos de supermercados”, conclui. (C.B.)

Um comentário:

  1. Parabéns pelas matérias!

    A conscientização é o caminho mais direto para nossa vitória frente ao uso e descarte indiscriminado de plástico.

    Em Minas, vi uma empresa com uma proposta bem atraente para combater este problema.

    Fica aí a dica.

    www.tiracolo.com.br

    ResponderExcluir