quinta-feira, 13 de maio de 2010

Lutar sempre!






ARTIGO





Zumbi dos Palmares

 
Para os negros brasileiros

Hoje, 13 de maio, comemora-se a Lei Áurea que a princesa Isabel assinou para acabar com o regime escravocrata no País, mas que não acabou de fato com a escravidão negra, tendo em vista que não proporcionou condições de subsistência aos negros – trabalho remunerado, educação, saúde, etc.). Precisamos continuar a luta pelas políticas em prol da população negra.

O 13 de maio deve ser um momento de reflexão para toda a sociedade. É uma data-símbolo da continuidade da luta do povo negro.

Conseguimos avanços na implementação de políticas públicas de igualdade racial, como a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Mas temos de superar a cultura do mero assistencialismo, visando promover o protagonismo de negros para que sejam incluídos socialmente e tenham seus direitos garantidos, apesar do imaginário social construído pelas elites desde 1888 e reafirmado na década de 1930 com a criação do mito da democracia racial, respaldado por intelectuais como o antropólogo Gilberto Freire. Foi só a partir da Conferência de Durban, em 2001, à qual estive presente, que nós negros passamos a vislumbrar a verdadeira liberdade.

A existência de uma Superintendência de Promoção da Igualdade Racial na estrutura administrativa do governo do Estado significa uma das ações de reparação de todo o sofrimento do povo negro. A existência de secretarias e superintendências como essa é a confirmação de que a Declaração e o Programa de Ação de Durban, na Conferência Mundial Contra o Racismo e Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, na África do Sul, colocou a questão racial na agenda dos governos do mundo inteiro. Iniciaram-se mudanças nas condições de vida da população negra no que diz respeito à integração dos descendentes de escravos na sociedade atual.

A Abolição já foi data magna, relembrada e festejada. Nos últimos anos, tem sido objeto de críticas. O Estado brasileiro, que não reconhecia a existência de racismo no Brasil, passou a investir nas políticas públicas voltadas para a imensa população negra como uma forma de reconhecimento e reparação dos danos sofridos ao longo de mais de um século de marginalização social. Tais iniciativas recebem o apoio do movimento negro, pois contribuem para o autorreconhecimento e elevam a autoestima. Isso tem se refletido de forma positiva em toda a sociedade.

Neste 13 de maio de 2010, ainda temos de lembrar que t odo dia é dia de persistir na luta.

Axé.

Sonia Cleide Ferreira da Silva é superintendente da Igualdade Racial; coordenadora do Fórum Intergovernamental Regional Centro-Oeste de Promoção da Igualdade Racial (Fipir)

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