TECNOLOGIA
As redes sociais estão na moda política desde a eleição de Barack Obama, nos Estados Unidos. Será que a internet decide eleição?
Uma coisa é certa: os políticos que usam bem o Twitter, a rede social mais badalada do mundo, conseguem ficar em evidência de forma perene. Os demais suam a camisa para encontrar um pouco de luz no mundo da informação. Aliás, cada vez mais o mundo é da informação. E a internet é o grande veículo disso tudo. Quem está fora pena agora e pode passar ainda mais apertado se vai disputar algum cargo eletivo este ano, especialmente aqueles que dependem de maior holofote, como o Senado e o governo do Estado.
Mas, afinal, a internet pode garantir a eleição de alguém? Longe disso. Nem a internet inteira nem o Twitter e as demais redes sociais, como o Orkut, a maior do Brasil em número de usuários, ou o Facebook, que está em franco crescimento por aqui, mas que ostenta o título de maior rede do planeta virtual. Então, se não será fator decisivo, por que se comenta tanto sobre a participação ou não no Twitter e demais redes sociais entre os políticos? Volte ao primeiro parágrafo, onde diz que os políticos que conseguiram usar bem o Twitter se mantêm em evidência permanente. Esse é o ponto inicial de tudo.
Em Goiás, os senadores Marconi Perillo, Demóstenes Torres e Lúcia Vânia, mais os deputados federais Ronaldo Caiado e Rubens Otoni frequentam a mídia rotineiramente. Por outras razões também, é claro, mas não é mera coincidência essa visibilidade nos demais veículos de comunicação o fato de que são exatamente esses políticos os que melhor utilizam o Twitter, a rede preferida dos jornalistas de todas as áreas, inclusive, claro, da política.
Mas, então, as redes sociais só servem para isso, para encontrar o dispositivo que aciona o holofote? Bingo, esse é o principal aspecto, mas existem muitos outros acessórios vantajosos. A interatividade é um deles. As redes sociais permitem que os políticos ampliem de maneira impressionante, em mão dupla, esse contato com as pessoas comuns. Gente que jamais teria condições de falar alguma coisa e ser escutado pelos políticos podem fazer isso naturalmente. Como se fossem todos muito íntimos.
Isso é bom para o cidadão e melhor ainda para os políticos. Essa interatividade toda acaba gerando um feedback (retorno de informação) de poder extraordinário. Pode-se, então, perceber como a proposta é recebida, entendida e, se for o caso, em que ponto deve ser modificada para ficar melhor.
Existem outros aspectos que surgem com boa participação dos políticos nas redes sociais. É possível, por exemplo, avisar a alguns seguidores — no caso do Twitter — cidades que vão ser visitadas ou locais de futuros encontros políticos. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é sempre citado como exemplo do poder de atração que existe nessas redes sociais da internet.
Alguns dizem, de forma exagerada, que Obama só venceu as eleições por causa do Twitter, rede que ele mais utilizou. Foi realmente importante, mas muito menos decisiva do que se fala. Obama começou interagindo bem, conquistou seguidores aos milhares e só então passou a ter um retorno pra lá de importante: doações em dinheiro para a sempre caríssima campanha eleitoral norte-americana. Por aqui isso não vai funcionar, até pela legislação muito mais complicada nesse caso.
No Brasil, o que conta mesmo é a visibilidade obtida nas redes sociais. Em todas elas. No Twitter está o público mais bem colocado na pirâmide da opinião. Até por ser essa uma das suas fortes características. O Orkut, ainda a maior rede em número de usuários, caiu muito junto a esse tipo de público. Muita gente ainda permanece, mas há indicativos de que a média de idade dos usuários baixou muito. O Facebook está crescendo muito na sombra do Twitter. E tem conseguido aumentar seu poder de influência, mas não será tão forte assim nesta eleição. Talvez na próxima.
Outro grande barato das redes sociais, especialmente o Twitter, é a agilidade com que as notícias correm e repercutem. Os cinco políticos mais bem colocados nessa rede sempre fazem isso, cada um com seu estilo e objetivo. O petista Rubens Otoni costuma falar sobre suas viagens pelo interior e pelas verbas que diz ter conseguido em Brasília. Ele não tem o hábito de se posicionar em relação aos temas políticos polêmicos, mas também não foge das inevitáveis “brigas” com simpatizantes de outras candidaturas. Aliás, essa é uma forte característica de todos. Lúcia Vânia também é bastante amena. Procura usar a rede para mostrar o que faz, as reuniões das quais participa e por aí afora. Os outros três são pauleira. Atacam politicamente, respondem duramente quando se sentem agredidos e divulgam suas opiniões e pontos de vista. Marconi e Caiado, vez ou outra, usam o Twitter com postagens importantes o suficiente para se tornarem manchetes dos jornais no dia seguinte.
Pra terminar, todos eles usam as redes sociais para ampliar a audiência de seus próprios blogs. Neles, os assuntos são detalhados e apresentados por inteiro. E é aí que talvez se consiga o voto de milhares de eleitores que se interessam realmente pelo processo de escolha. E esses eleitores são da camada principal dos considerados formadores de opinião. Isso significa que o alcance das redes sociais na eleição não se encerra no Twitter, Orkut, Facebook ou nos blogs pessoais. Ou seja, se for para usar bem, é muito melhor estar dentro do que fora. Não é decisivo, mas pode ajudar muito.
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